Notamos que você possui
um ad-blocker ativo!

Para acessar todo o conteúdo dessa página (imagens, infográficos, tabelas), por favor, sugerimos que desabilite o recurso.

Negócios

Mais transparência estimula as vendas de lojas do comércio eletrônico

Medidas adotadas pelo governo no ano passado e certificações colaboram para que a população opte por empresas mais éticas

Ajustar texto A+A-

Mais transparência estimula as vendas de lojas do comércio eletrônico

Um cartão de crédito ou débito que envie aos clientes, todos os meses, além de um extrato financeiro mensal, um relatório personalizado de classificação de marcas éticas e de leitura rápida sobre cada companhia, bem como das mercadorias e bens adquiridos por ele, é a proposta da Fundação Ethical Brand. Previsto para ser lançado em novembro, no Reino Unido, a iniciativa tem como meta ajudar os consumidores a fazerem melhores escolhas – quer seja na aquisição de itens de vestuário, alimentação ou viagem. 
 
Ainda não disponível no Brasil, a ideia é aumentar a transparência das marcas evidenciando ao consumidor que elas seguem princípios éticos – entre eles, que se preocupam com os impactos sociais e ambientais que a produção e a venda de suas mercadorias podem causar, seja no varejo tradicional ou mesmo no comércio eletrônico. 
 
Na análise do presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da FecomercioSP e diretor executivo da E-bit, Pedro Guasti, apesar de ser um exemplo muito positivo, a iniciativa será difícil de ser implementada aqui, já que os consumidores brasileiros não se preocupam em saber se as empresas seguem ou não princípios éticos. “Pesquisas apontam que a preocupação maior do consumidor é com o preço e com as vantagens comerciais (condições de parcelamento e entrega rápida, por exemplo). Questões éticas, que envolvam impactos sociais e ambientais, ainda não são fatores que fazem a diferença na hora da compra”, diz. 
 
Segundo Guasti, consumidores de países mais desenvolvidos já se preocupam com essas questões, que vão desde não comprar de empresas que utilizem mão de obra infantil até dar preferência ao consumo de mercadorias produzidas na região, para diminuir os impactos ambientais provocados pelo transporte por longas distâncias. Porém, para ele, em breve haverá mudança no modo de pensar do consumidor. “Acredito que para o consumidor mudar essa mentalidade leve pelo menos uns cinco anos”, observa. No entanto, desde maio do ano passado estão em vigor algumas medidas que visam aumentar a transparência das empresas que operam no comércio eletrônico, estabelecidas pelo Decreto 7.962/13. 
 

Medidas para aumentar a transparência 
 
A ideia é oferecer clareza para a aquisição de produtos e serviços, garantindo, ainda, que seja oferecido um suporte pós-venda. Essas regras definem que as lojas online devem exibir em local facilmente localizável o CNPJ da empresa ou o CPF da pessoa responsável, informar o endereço físico onde possam ser encontrados ou o endereço eletrônico para que possam ser contatados. As empresas passam a ter que responder as dúvidas dos consumidores em, no máximo, cinco dias. Os sites também devem fornecer informações claras e destacadas sobre os produtos e serviços comercializados, prazo de entrega, condições de pagamento etc.
 
Também são exigidos mecanismos para possibilitar o cancelamento do contrato sem cobrança extra de valores, caso o consumidor se arrependa da compra em um prazo de até sete dias após o recebimento do produto.
 
Na opinião de Guasti, as lojas online que não seguem as regras estão tentando enganar o consumidor ou não têm nenhum conhecimento sobre a lei. Porém, ele indica que há cada vez mais fontes disponíveis no mercado para qualificar o empresário que opera no comércio eletrônico, como o treinamento da Universidade Buscapé ou o Sebrae, que oferecem consultores e cursos para informar sobre as novas regras e disseminar as boas práticas do setor. 
 

Certificações e reclamações
 
Existem algumas fontes que ajudam o consumidor a checar se o site em que está comprando é transparente, como páginas onde os consumidores postam reclamações – como o Reclame Aqui, o Reclamão ou o Denuncio – ou mesmo o site do Procon, que libera frequentemente uma lista com as lojas que devem ser evitadas, por não responderem às reclamações dos clientes e não apresentarem melhorias. 
 
O psicólogo Vinicius Lopes é um dos consumidores que sempre confere se a loja online onde irá adquirir algum produto já recebeu alguma reclamação de outros clientes. “Compro apenas em sites de empresas de nome, nunca pelo Mercado Livre ou parecido. E, se nunca comprei nada em determinada loja, procuro buscar por recomendações no Reclame Aqui”, conta. 
 
Há ainda empresas que fornecem um certificado para o e-commerce, como a E-bit, que existe desde 2000. Por meio de um sistema que recolhe dados diretamente com o comprador online, a E-bit gera uma classificação por medalhas (Diamante, Ouro, Prata e Bronze), que atestam a qualidade dos serviços prestados pelo varejista, ajudando o consumidor a decidir se vale a pena ou não comprar naquela determinada loja. Atualmente são mais de 21 mil as lojas virtuais conveniadas à E-bit. 
 
Ao realizar uma compra em um destes negócios, o consumidor é convidado a responder a uma pesquisa em três etapas: uma imediatamente após a compra efetiva, outra, alguns dias depois, para avaliar a entrega e a terceira, sobre a usabilidade do produto. Através destas avaliações, a E-bit calcula a nota para cada loja e as classifica.
 
Para o estudante de Ciências da Computação, Diego Navarenho, apesar de as certificações serem muito úteis para ajudar nas compras online, nem todos sabem que elas existem – e, às vezes, chegam a ficar “escondidas” nas páginas. “Eu sempre olho se há certificação sim, principalmente quando estou usando o Buscapé ou algum outro buscador nesse estilo. As primeiras que procuro são as que atestam a segurança do site, como o protocolo https e a assinatura digital (da Certsign e da Verisign, por exemplo) e, por fim, confiro na E-bit”, relata. 
 
O bom atendimento no comércio eletrônico brasileiro deve estimular ainda mais as compras pela internet. Apenas no primeiro semestre de 2014, o setor ganhou cerca de 5 milhões de novos consumidores, segundo dados da última edição da pesquisa Webshoppers. Novas lojas online foram inauguradas, registrando um crescimento de 27% em relação ao primeiro semestre de 2013.
 
Ainda conforme o levantamento, o movimento crescente do setor de e-commerce no Brasil é resultado do aumento no número de lojas, e por consequência, da quantidade de produtos e ofertas e das facilidades e serviços a que os clientes têm acesso. 

Fechar (X)