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Economia

Estado brasileiro gasta muito porque a sociedade quer que ele gaste, diz professor de Harvard

Filipe Campante é professor de Políticas Públicas da Universidade de Harvard e um dos entrevistados de uma série especial da FecomercioSP sobre o ambiente político e econômico do País

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Estado brasileiro gasta muito porque a sociedade quer que ele gaste, diz professor de Harvard

Por Alessandra Jarussi

“Por que o Estado brasileiro gasta enormemente? Em larga medida, porque a sociedade quer que ele gaste”. A análise é de Filipe Campante, professor de Políticas Públicas da Universidade de Harvard e um dos entrevistados de uma série especial da FecomercioSP sobre o ambiente político e econômico do País. As entrevistas, conduzidas pelo jornalista Adalberto Piotto, foram gravadas no início do ano nos Estados Unidos.

“Por exemplo, o Brasil gasta uma porcentagem do PIB com pensões da mesma ordem do que a França, sendo que a população do Brasil é muito mais jovem e a França é um dos maiores exemplos de Estado de bem-estar social. Ou seja, o Brasil gasta muito com pensões. É óbvio que esses gastos deveriam ser reduzidos um pouco e deveria se gastar mais com as crianças e melhorar a educação básica. Mas o que vamos fazer? Vamos cortar as pensões? Na teoria, ninguém é contra investir nas crianças, mas, na hora de tirar dinheiro de algum lugar, percebe-se que isso não é justo, que alguém sai perdendo. As escolhas sociais são inerentemente complicadas porque há perdedores e ganhadores. E, muitas vezes, existe uma decisão que poderia ser melhor do ponto de vista social no sentido de que se conseguiria gerar tão mais riqueza que as pessoas que saem perdendo poderiam ser compensadas, mas, na prática, compensar essas pessoas é bem complicado”, analisa Filipe Campante.

Segundo ele, a sociedade brasileira tem uma relação esquizofrênica com o Estado. “Espera-se uma enormidade dele. Há uma visão do Estado como um deus, uma entidade que deveria ser capaz de prover tudo. O grande problema do Estado brasileiro é o descompasso entre o que se espera dele e o que ele é capaz de atingir. No entanto, há nichos em que o Estado brasileiro é extremamente eficiente e capaz, como a Receita Federal. O Brasil consegue arrecadar impostos de uma forma que países do mesmo patamar de desenvolvimento não conseguem. Isso mostra que não é uma questão de ineficiência e incompetência. Na verdade, o problema seria mais fácil de resolver se fosse apenas uma questão de ineficiência, incompetência ou corrupção. O problema é mais complicado porque o Estado brasileiro é o que a sociedade quer que ele seja. E ele não funciona tão bem porque tem que fazer muita coisa”, conclui.

A TV Folha exibe até junho uma série com 13 entrevistas, que constam do documentário produzido pela FecomercioSP. Veja aqui a entrevista com Filipe Campante, divulgada pela TV Folha.

Assista abaixo à entrevista no canal da FecomercioSP no YouTube.

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