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Economia

Desemprego começa a preocupar e muda perfil de contratações das empresas

Com perspectivas pessimistas, governo tem o desafio de promover ajuste fiscal com impacto mínimo sobre a atividade econômica

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Desemprego começa a preocupar e muda perfil de contratações das empresas

Por Fabíola Perez            

Um dos últimos indicadores de que a economia brasileira caminhava bem – o pleno emprego – começa a dar sinais de esgotamento. Paralisação de obras, baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), aumento da inflação e crises hídrica e energética ameaçam a geração de vagas em todos os setores. Os dados não são otimistas, a começar pelos números divulgados em fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Ministério do Trabalho, que apontam aumento da população desocupada, queda no contingente de pessoas com carteira assinada e desaceleração no ritmo de criação de vagas.

“Todas as atividades econômicas estão fechando mais vagas do que abrindo”, constata Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio. Não há sinais de recuperação no curto prazo. As medidas de ajuste fiscal já anunciadas pelo governo, que resultaram em aumento da carga tributária sobre o setor produtivo, tendem a agravar a situação. A alta do desemprego vem na esteira de outros indicadores, como a alta da inflação, a disparada do dólar e, sobretudo, a estimativa de retração de 0,5% do PIB este ano. “Há uma dificuldade estrutural da economia – de sustentar o crescimento e, consequentemente, manter o mesmo número de vagas no mercado”, afirma Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Segundo ele, a política de desenvolvimento focada no mercado interno precisa ser acompanhada do investimento produtivo e do desenvolvimento industrial.

Para tentar afastar o pessimismo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou um conjunto de medidas que inclui o aumento de impostos sobre combustíveis, produtos importados e operações de crédito. O objetivo, segundo a equipe econômica, é ajustar as contas públicas, aumentar a confiança dos empresários e investidores e arrecadar R$ 20,6 bilhões com as alterações. Além do pacote, o governo lançou ainda medidas provisórias para alterar as regras do seguro-desemprego. Criadas, em tese, para combater fraudes e cortar R$ 18 bilhões nas despesas da União, as propostas causaram polêmica em diversos setores. Especialistas defendem que o pacote dificulta o acesso aos benefícios por parte dos mais jovens e menos especializados.

Perdas por setor
É quase unânime a impressão de que 2015 será um ano em que os carros-chefes da economia perderão forças. A indústria registrou no ano passado o seu pior desempenho desde 2002. De acordo com um estudo divulgado em janeiro pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a indústria de transformação brasileira perdeu 164 mil empregos em 2014 e registrou mais demissões do que contratações. A redução do estoque do emprego formal no setor foi de 2%, segundo o documento. Quando o setor que paga os melhores salários e eleva a produtividade da economia começa a dar sinais de estagnação, todos os demais são afetados.

No comércio, a percepção de que a demanda está fraca e de que as vendas não devem se recuperar nos próximos meses elevou as chances de cortes em uma das atividades que mais gera empregos no País. Em 2014, o saldo de empregos no comércio paulistano foi o menor dos últimos seis anos, segundo pesquisa da FecomercioSP. Pela primeira vez há mais empresas prevendo a diminuição no quadro de pessoal do que o aumento da equipe. A luz amarela acendeu também para o setor de serviços. O Índice de Confiança do Setor de Serviços da FGV registrou uma queda para a atividade de 5,4%, de janeiro para fevereiro. Na medição, isso representa um total de 93,7 pontos – a pior queda desde novembro de 2009. Nesse setor, segundo a sondagem, também há mais empresas projetando demissões do que admissões.

Contratações e perspectivas
Uma pesquisa divulgada pela agência de empregos e negócios ManpowerGroup mostra que as contratações no primeiro trimestre de 2015 ocorreram em um ritmo modesto. Os números indicaram que 16% das empresas mantiveram suas contratações, 10% anteciparam uma queda em seus quadros e 71% mantiveram suas equipes. De 2006 a 2013, havia uma demanda por profissionais em áreas técnicas e nesse período muitos aposentados voltaram à ativa para suprir a demanda. Hoje, o desemprego aumentou, mas ainda não há margem para a substituição de pessoas com mais experiência em determinados postos. Atualmente, estão sendo contratados profissionais que conseguem antever as deficiências e necessidades do mercado.

O perfil das contratações definitivamente mudou e continuará mudando em 2015. Segundo o gerente executivo da Michael Page, Ricardo Rocha, a tendência para a redução de custos e o aumento da eficiência está cada vez mais forte. “O cenário afetou as decisões estratégicas das companhias”, diz ele. “Sinto que as empresas têm segurado um pouco mais as contratações para analisar quais rumos o mercado tomará.” O provável é que as empresas priorizem a eficiência e a redução de custos até que o cenário de recuperação esperado pelo governo para 2016 seja realidade.

A matéria completa está disponível aqui.

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