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Sustentabilidade

Além dos supermercados, consumidor encontra alimentos orgânicos em feiras e delivery

Com aumento da demanda, ainda que tímida, produtores se reúnem em feiras especializadas, realizam vendas online e entregam produtos em casa

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Além dos supermercados, consumidor encontra alimentos orgânicos em feiras e delivery

Por Jamille Niero

Dados do Ministério da Agricultura mostram que cresceu a adesão dos produtores brasileiros ao mercado de orgânico. Segundo levantamento do órgão, entre janeiro de 2014 e janeiro de 2015 a quantidade de agricultores que optaram pela produção orgânica passou de 6.719 para 10.194, aumento de 51,7%. 

As regiões onde há mais produtores orgânicos são o Nordeste, com pouco mais de 4 mil, seguido do Sul (2.865) e Sudeste (2.333). A área total de produção orgânica no Brasil já chega a quase 750 mil hectares, sendo o Sudeste a região com maior área produtiva, chegando a 333 mil hectares. Em seguida, estão as regiões Norte (158 mil hectares), Nordeste (118,4 mil hectares), Centro-Oeste (101,8 mil hectares) e Sul, com 37,6 mil hectares. 

Apesar do aumento na produção, o acesso aos alimentos orgânicos ainda não é tão fácil. Em muitos casos, o produto orgânico acaba sendo mais caro do que o convencional. Para se ter uma ideia, na loja online de uma grande rede de supermercados, enquanto uma unidade de alface crespa sai por R$ 2,77, a unidade da orgânica sai por R$ 4,27 (preços pesquisados em 25 de maio). Um dos motivos para o valor cobrado nos supermercados ser maior é que eles só podem vender como orgânico o produto que tiver o selo do Ministério da Agricultura e Pecuária, garantindo a procedência e a qualidade. 

Uma alternativa aos supermercados é comprar direto dos produtores. De acordo com a legislação que trata de orgânicos, eles podem vender direto ao consumidor – seja em feiras especializadas ou entregando na casa dos clientes, por exemplo. “Compro onde encontro, seja em supermercados, pequenos hortifrutis, feiras orgânicas, amigos produtores. Atualmente faço compras quinzenais da cooperativa de produtores ‘Consumo Consciente ABC’, onde compramos direto dos produtores, e de assentamentos de reforma agrária”, diz a professora de yoga Larissa Gonçales, consumidora de produtos orgânicos há cerca de três anos. De acordo com ela, que mora no ABC Paulista, não é muito fácil encontrar e às vezes custa caro. “Em supermercado o preço é muito abusivo, mas pelo menos tomate, morango, pimentão e folhas compro orgânico sempre que encontro”, acrescenta. Apesar do preço, Larissa diz que vale a pena investir na compra de orgânicos. 

Feiras e entrega em casa 
Hoje existem por todo o Brasil feiras que reúnem produtores orgânicos. Em São Paulo, a mais antiga é a que funciona no Parque da Água Branca. Ela é administrada pela Associação de Agricultura Orgânica (AAO) e acontece todas as terças-feiras, sábados e domingos, das 7h às 12h. No começo, eram 12 os produtores que participavam. Hoje são cerca de 45 que participam em cada dia, em um universo de 200. 

Márcio Stanziani, secretário executivo da AAO, diz que o perfil do consumidor que frequenta as feiras de produtores orgânicos mudou ao longo do tempo. “Hoje ele está mais consciente do que são os orgânicos, sabe como é produzido e tem uma relação direta com o produtor. Antes buscavam mais informação e saber como funcionava, o bem que fazia para a saúde. Hoje continua focado na saúde, e não estão querendo consumir agrotóxico”, relata. De acordo com ele, passam pela feira, nos três dias de funcionamento, por volta de 3 a 4 mil consumidores por semana. 

Para o consumidor que não tem como ir até a feira, existe a opção de receber em casa. É dessa forma que Ioná Souza Costa atende seus clientes desde 1998. Ela e o marido produzem alimentos orgânicos em um sítio próximo a São Paulo e fazem as entregas de segunda a quinta-feira, um dia em cada região da cidade. Eles enviam aos contatos, por email, uma lista do que estará disponível na semana. Os clientes escolhem o que querem e confirmam, por email ou telefone, até o meio-dia. De acordo com o que foi escolhido, os funcionários do sítio colhem os alimentos e, durante a tarde, montam as cestas. O pedido mínimo é R$ 35,00. As entregas começam a ser feitas a partir das 3h e vão até às 9h, horário limite, pois o trânsito começa a ficar intenso e o calor vai aumentando, o que é perigoso para os alimentos. “No começo fazíamos cerca de 20 entregas por dia. Hoje são 50”, conta Ioná, que aposta na divulgação boca a boca pela clientela. “Temos clientes que compram conosco desde quando começamos. Não tenho um número fechado de clientes, porque tem gente que pede toda semana e outros que pedem esporadicamente”. Ioná diz não pensar ainda em montar um site ou uma loja online para vender seus produtos, porque ela não tem como atender uma demanda muito grande ainda, já que não tem outros fornecedores além do próprio sítio. 

Os interessados em visitar uma feira orgânica podem conferir o mapa interativo com as feiras que ocorrem pelo país feito pelo IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).

Projetos que envolvam a prática de ações sustentáveis podem concorrer ao 5º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade. As inscrições estão abertas e podem ser feitas aqui.

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