Legislação
31/08/2015Após sete altas consecutivas, Banco Central deve manter a taxa básica de juros
A despeito da influência que a desvalorização cambial pode exercer sobre os preços, o agravamento do quadro recessivo deve levar autoridade monetária a interromper ciclo de alta iniciado em outubro do ano passado
Após sete altas consecutivas, que elevaram a taxa Selic de 11% ao ano em setembro do ano passado para 14,25% em julho, o Banco Central deve manter a taxa básica de juros no atual patamar - de 14,25% ao ano - na reunião que ocorrerá entre terça e quarta-feira desta semana.
Na avaliação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), colaboram para esse prognóstico o rápido aumento do desemprego, a forte queda do PIB do 2º trimestre, divulgada na última sexta-feira e a relativa estabilidade das expectativas inflacionárias. Por outro lado, a forte desvalorização cambial observada nas últimas semanas somada à dificuldade do governo de implementar o ajuste fiscal deve manter a autoridade monetária ainda em alerta.
De qualquer forma, a despeito da inflação ainda elevada - quase 10% em 12 meses - e da pressão exercida pela taxa de câmbio, na balança do Banco Central o bom senso deve prevalecer na próxima reunião. Afinal, diante de uma queda cada vez mais acentuada da atividade econômica e do aumento acelerado do desemprego, novas altas da taxa Selic tendem apenas a agravar ainda mais o cenário econômico, aumentar o custo da dívida e, consequentemente, o esforço fiscal necessário para estabilizá-la.
Para a FecomercioSP, a autoridade monetária já foi até onde podia com o seu principal instrumento: a taxa de juros. A expectativa é de que a inflação dê algum alívio aos consumidores nos próximos meses e caia para algo em torno de 5,5% em 12 meses até o final de 2016 - um patamar ainda elevado, contudo, se levada em consideração a intensidade da retração da atividade econômica. Com o crédito caro e a economia desaquecida, é cada vez mais reduzido o espaço para aumentos de preços.
Entretanto, diante do atual contexto, ainda é preocupante o crescimento dos gastos do governo (as despesas de consumo do Palácio do Planalto cresceram 0,7% no 2º trimestre na comparação com o 1º). Sem a colaboração da política fiscal, a política monetária tende a perder parte de sua eficácia e o País corre o risco de ter de conviver com estagnação da economia e inflação relativamente elevada. A despeito do agravamento da crise, porém, o governo ainda não conseguiu articular e apresentar um plano consistente de ajuste das contas públicas. É hora de assumir equívocos passados e aceitar os custos políticos de reformas urgentes, sem apelar para novos aumentos de impostos - conforme tentativa, felizmente, frustrada de ressuscitar a CPMF.
O cenário é gravíssimo e a Entidade volta ressaltar que o desequilíbrio econômico é estrutural, e que só será possível restabelecer a confiança dos agentes econômicos com a retomada de uma agenda de reformas a longo prazo, que envolvam forte redução dos gastos públicos e da burocracia.
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