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Economia

A hora e a vez de lucrar com as bicicletas

Setores corporativo e de turismo lideram as demandas que, mesmo em meio à crise, têm ótimas perspectivas

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A hora e a vez de lucrar com as bicicletas

O valor de investimento para começar uma empresa de locação de bicicleta é bastante variável e vai depender da dimensão do plano de negócios traçado
(Arte TUTU)

Por Deisy de Assis

O aluguel de bicicletas não para de crescer nos grandes centros urbanos. Cada vez mais empresas estão oferecendo o serviço aos clientes e funcionários que querem fugir dos congestionamentos com uma locomoção mais limpa para ir ao trabalho, à escola ou a qualquer outro compromisso. A procura é tamanha que, mesmo em meio às dificuldades da economia, as perspectivas são de crescimento.

É o caso da empresa E-moving. “Até dezembro, a expectativa é de triplicar o número de locações”, afirma um dos sócios, Gabriel Arcon. Atualmente, a empresa, baseada na capital paulista, tem 90 bikes locadas, em planos que podem ter periodicidade de um a 12 meses.

A E-moving entrou no mercado há um ano com bicicletas elétricas, por considerar que o produto oferece agilidade e conforto, além de ser uma opção sustentável. A aposta veio após a experiência de Arcon, que havia decidido ir para o trabalho, na área financeira, de bike, porém, achou incômodo ter que levar trocas de roupas por conta da transpiração que o exercício com os pedais provocava.

“Identifiquei o interesse das pessoas pelas elétricas e, em pesquisas, vi que era difícil encontrar empresas do ramo. Então, percebi que um negócio, se bem estruturado, seria promissor.”.

Na carteira de clientes da locadora predominam as empresas das áreas de comunicação, tecnologia e finanças, nas quais os profissionais precisam sempre estar preparados para eventuais visitas ao cliente ou reuniões de negócios.

Entre as locatárias está a Wappa, gestora do aplicativo de transporte de mesmo nome, atendida com três bicicletas para um quadro de cem funcionários. “Houve boa receptividade dos colaboradores. Além disso, foi mais econômico do que comprar as bicicletas e depois ter que arcar com a manutenção”, comenta o diretor executivo, Armindo Junior.

A demanda é muito variável, sendo que, enquanto algumas empresas locam as bikes para disponibilizar aos seus funcionários, outras cedem espaço para que a E-moving faça locações diretamente aos empregados. Além das companhias, há a parcela de usuários diretos, que vão de estudantes a idosos, entre pessoas que precisam cumprir compromissos de estudo e trabalho, e as que apenas buscam lazer, sem o custo de adquirir uma bicicleta elétrica, que custa em torno de R$ 4,5 mil.

Foco no turismo

A UseBike também é fruto de empreendedores que decidiram focar no aluguel de bicicletas – porém, das convencionais. Apesar de ter sede em Santa Catarina, a estratégia traçada no plano de negócios definiu o Rio de Janeiro para a atuação no mercado. A escolha se deu pela oportunidade de servir a rede hoteleira em pontos turísticos.

Essa foi uma decisão assertiva para o sucesso da empresa, que tem apenas seis meses. “O turismo no Brasil tem crescido durante a crise, já que, com a alta do dólar, as viagens domésticas aumentam”, diz Carlos Medeiros, sócio da UseBike. Ele teve a ideia de empreender na área, a partir de uma experiência na qual precisou se deslocar para o trabalho de bicicleta, quando seu carro ficou em manutenção.

A empresa já atende 30 hotéis, pelos quais estão distribuídas 180 bikes, utilizadas por 10,8 mil hóspedes, em média. Entre os clientes estão cinco hotéis da rede Brazil Hospitality Group – BHG. Para o superintendente regional da rede hoteleira no Rio de Janeiro, Paulo Michel, o fato de a UseBike treinar os funcionários para o sistema de locação e cuidar de toda a manutenção das bicicletas foi muito positivo para viabilizar a oferta aos hóspedes.

“Com certeza, a parceria com a UseBike agrega à nossa marca, já que o cliente tem  acesso fácil e não precisa procurar uma empresa prestadora e depois se deslocar até lá para conseguir a bicicleta”, diz Michel.

Expansão

Com o sucesso nos negócios, a paulistana E-moving tem focado a expansão em decisões estratégicas e acaba de fechar contrato com uma rede de hotéis do Rio de Janeiro. Além disso, a empresa passou a fornecer bikes para o setor de delivery, que identificou as vantagens do uso de bicicletas elétricas. “Em um raio de até quatro quilômetros, elas permitem chegar mais rápido ao destino do que com motocicleta”, argumenta Arcon. Os planos também são de crescimento para a UseBike. “Vamos fechar este ano com faturamento de aproximadamente R$ 1,2 milhão. Para 2017, esperamos chegar aos R$ 8 milhões com a expansão pelo Brasil, inclusive no Estado de São Paulo, por meio de franquias”, afirma Medeiros.

O valor de investimento para começar uma empresa de locação de bicicleta é bastante variável e vai depender da dimensão do plano de negócios traçado.

Para se ter uma ideia, os sócios da UseBike contaram com “investidores anjos”, além de R$ 500 mil e consultorias específicas por meio do programa de aceleração Darwin Starter, que reúne startups catarinenses e diversas entidades, entre as quais está o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Dicas para empreender

Ambos os empreendedores apontam para o plano de negócios como o principal passo para o sucesso no segmento. “O plano tem que ser baseado em vários fatores, sendo que os mais fundamentais são o público alvo e o capital de giro”, diz Arcon.

Medeiros alerta ainda sobre os investimentos necessários para que a empresa funcione bem e garanta a oferta de serviço de qualidade. Segundo o empresário, um negócio na área exige, além dos custos com a abertura e aquisição das bicicletas – cujos preços variam de acordo com a presença de alguns recursos, como, por exemplo, o número de marchas –, contrato com uma seguradora e com uma companhia especializada em manutenção.  

“A escolha pelo atendimento a clientes que estejam em regiões de fácil acesso a ciclovias e ciclofaixas é um diferencial para o sucesso com o aluguel de bikes”, complementa o sócio da UseBike.

Mobilidade

Segundo a membro do Conselho de Desenvolvimento Local da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Moira Vasconcellos, a oferta de serviço no modal bicicleta humaniza o trânsito, reduz os congestionamentos e torna os deslocamentos saudáveis e sustentáveis. “São Paulo, por exemplo, terá, em 10 anos, mais de 15% da população usando a bicicleta como principal meio de transporte/locomoção”.

Para que as bikes sejam cada vez mais utilizadas, Moira fala da necessidade de ampliação da rede cicloviária que, na capital paulista, soma atualmente 412,6 quilômetros permanentes, espalhados por várias regiões, segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

De acordo com Moira, além da ampliação, a implantação adequada e a manutenção são cruciais. “Os primeiros passos foram dados, ou melhor, as primeiras pedaladas, foram dadas. Com o os avanços em segurança nos deslocamentos, o número de ciclistas só aumentará”.

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