Para a educadora social Janine Rodrigues, a raiz da violência está fora da escola
(Arte: TUTU)

Os professores da rede pública brasileira são constantemente vítimas de ameaças e agressões. A onda de violência é retratada na Avaliação Nacional do Rendimento Escolar, também conhecida como “Prova Brasil”. Os dados apontam que 51% dos diretores e professores do quinto e do nono anos do ensino fundamental de todo o País presenciaram agressões verbais ou físicas de alunos a professores ou a funcionários da escola.

Em 2014, uma pesquisa global feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com mais de 100 mil professores e diretores do segundo ciclo do ensino fundamental brasileiro constatou que 12,5% dos professores ouvidos no Brasil já foram vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana. Esse é o índice mais alto entre os 34 países pesquisados. A média entre eles é de 3,4%.

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A representante do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), Bárbara Sinedino, afirma que os levantamentos não são uma surpresa. Ela lembra que, apesar de, em tese, o professor ser importante, ele recebe pouco.

“Essa desvalorização financeira acaba se reproduzindo em outras esferas. Quando fazemos um protesto pedindo melhores remunerações e somos reprimidos ou agredidos pelos policias, que trabalham para o governo, isso reforça uma postura de que o professor pode apanhar. Isso que vem lá de cima, do governo, acaba refletindo na base, na relação com o estudante, que vê um professor sem força e cansado”, analisa.

Segundo a educadora social Janine Rodrigues, embora a violência possa ser mais facilmente vista na escola, sua raiz não está ali. “A criança ou adolescente acaba extravasando no ambiente escolar o que sofre porque sabe que ali, teoricamente, um adulto não poderá agredi-lo”, conclui.

Existem iniciativas para diminuir a violência nas escolas que procuram contornar os conflitos por meio de oficinas de arte. Entre elas está o Ocupa Escola, projeto desenvolvido pela Casa da Arte de Educar em parceria com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Baseado em uma proposta do Núcleo de Arte e Educação do movimento Reage Artista, já envolveu mais de 147 mil beneficiados entre 2015 e 2016.

Confira aqui a matéria na íntegra na revista Problemas Brasileiros – edição 444.