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Sustentabilidade

Economia circular reutiliza cartões plásticos vencidos

Máquina Papa Cartão faz descarte seguro de material que é reciclado e vira produtos como porta-retrato e capa para agenda

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Economia circular reutiliza cartões plásticos vencidos

Atualmente, existem 71 máquinas distribuídas pelo Brasil e outras duas nos Estados Unidos
(Arte: TUTU)

Por Priscila Trindade

Um objeto que perde sua função parece inútil aos nossos olhos e acaba indo parar no lixo. É exatamente isso o que acontece com os cartões plásticos. Depois de vencidos, eles são picotados por uma questão de segurança e jogados fora. Esse hábito gera toneladas de lixo que levam anos para se decomporem.

Ao procurar uma solução para essa questão, a empresa R. S. de Paula decidiu criar um programa de Logística Reversa exclusivo para cartões, crachás e credenciais de plástico. Isso porque a própria companhia fabrica esses produtos.

“Eu queria contratar esse tipo de serviço e pesquisei bastante sobre o assunto, mas não encontrei nenhuma empresa brasileira ou estrangeira que fizesse a reciclagem desse material, então idealizei o programa RC – Reciclagem de Cartão”, lembra o CEO da empresa e dono do projeto, Renato Soares de Paula.

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No RC, os cartões são descartados de forma segura pela máquina Papa Cartão, um sistema manual que corta o cartão em sete pedaços com facilidade. O descarte é fácil: a pessoa insere o cartão na máquina e gira uma manivela. O processo pode ser acompanhado por meio de um visor transparente.

Os cartões armazenados são coletados e enviados para uma fábrica em Salto, interior de São Paulo. O material é triturado e, depois, passa por uma triagem. Em seguida, ele é transformado em chapas de PVC. Essas chapas dão origem a uma linha de produtos como capas de agendas, cadernos, blocos de anotação, porta-retratos, porta-copos, marcadores de livros etc. Os novos produtos são comercializados na internet. Essa estrutura criada com base no que iria parar nos aterros sanitários gera emprego e renda.

“As chapas chamadas de ‘mosaicos de cartão’ podem ser coloridas ou não. Cada chapa é única e gera um produto diferente também. Já temos escala de produção com alguns itens”, explica Soares. Com a proximidade do Natal, a fábrica aumenta as vendas de agendas, blocos de anotação e kits de escritório.

Em decorrência do crescimento na demanda, a empresa abriu na capital paulista uma unidade fabril para lidar apenas com a transformação de cadernos e bloquinhos. O processo de reciclagem continua sendo feito no interior.

Para a assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP, Cristiane Lima Cortez, esse modelo de economia circular depende da participação do consumidor, uma vez que é ele quem retornará o produto pós-consumo ao ponto de coleta. “Algumas pessoas nunca ouviram falar nesse tipo de serviço e, infelizmente, outras precisam de mais conscientização sobre o meio ambiente”, afirma.

Locais
Atualmente, o Papa Cartão está em 73 pontos, sendo 71 em vários Estados do Brasil e dois em Jacksonville, na Flórida, Estados Unidos. Em solo norte-americano há uma máquina em uma escola e outra em um supermercado. Elas foram colocadas nesses locais depois de o projeto ser apresentado em uma feira no ano passado.

A ação, que foi iniciada em 2011 com um ponto de coleta na capital paulista, no Instituto de Seguridade Social dos Metroviários (Metrus), já coletou mais de 2,4 milhões de cartões. No Brasil, o Papa Cartão pode ser encontrado em empresas, shoppings, metrôs, aeroportos, condomínios, eventos e parques. Só no Estado de São Paulo existem mais de 20 máquinas.

Soares estima dobrar o número de Papa Cartões no Brasil até o segundo semestre de 2018, além de passar a atender os moradores da Bahia e de Curitiba, no Paraná, que hoje desconhecem o programa.

Ele diz que entre os benefícios para o empresariado está na propaganda feita pelo Papa Cartão. As máquinas são alugadas e personalizadas conforme as necessidades do cliente. “Alugar uma máquina dessas não deve ser visto como custo, mas uma oportunidade de exposição da marca aliada à mídia de Logística Reversa em locais de grande circulação de pessoas”, defende Cristiane.

Debate
Segundo Soares, a reciclagem dos cartões plásticos rende uma boa discussão. Ele acredita que o cartão plástico deveria ser visto como produto eletrônico na hora do descarte, já que a grande maioria tem chips de segurança.

“É considerado produto eletrônico tudo que armazena e transmite informação, e é lei fazer Logística Reversa para esse tipo de produto. Por que todo o passivo está no plástico? Os grandes emissores deveriam tratar os cartões como produto eletrônico e assumir a responsabilidade sobre eles”, afirma.

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