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Negócios

Fundadora da Sodiê Doces diz que está “terminando a lição de casa” para levar os negócios aos EUA

Atualmente com 266 franquias, a Sodiê inaugurou este ano uma fábrica de salgados, em Boituva, interior de São Paulo

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Fundadora da Sodiê Doces diz que está “terminando a lição de casa” para levar os negócios aos EUA

Empresa tem produz 300 toneladas de bolo por mês, com faturamento médio deR$ 230 milhões
(Foto: Christian Parente/TUTU)

Com informações de Rachel Cardoso

São 20 anos de mercado. E nesse tempo a Sodiê Doces somou 266 franquias e chegou a 13 Estados do País. A produção atual é de aproximadamente 300 toneladas de bolo por mês, com faturamento médio deR$ 230 milhões.

A casa surgiu com o nome “Sensações”. O objetivo era associar a marca ao prazer da degustação. O registro, porém, não chegou a ser finalizado porque a Nestlé conseguiu barrar o uso da palavra previamente registrada para nomear um de seus chocolates. Cleusa precisou mudar quando já tinha franquias.

Mas, a multinacional suíça acabou se tornando uma parceira da Sodiê, que foi batizada assim em menção ao nome dos dois filhos (Sofia e Diego) de sua fundadora, Cleusa Maria da Silva.

Este ano, a empresa inaugurou uma fábrica de salgados, em Boituva, interior de São Paulo. Mas os projetos são de uma expansão ainda maior. “Vamos abrir uma loja própria, de marca própria, nos Estados Unidos”, afirma Cleusa, que diz estar “terminando a lição de casa” para levar os negócios aos EUA.

Você teve uma infância difícil. Como foi?

Sou de uma família de agricultores do interior do Paraná que cultivava todo tipo de lavoura para sobreviver. Na infância já trabalhava para ajudar meus pais. Quando eu tinha 12 anos meu pai morreu e minha família se mudou para a cidade, onde nos tornamos cortadores de cana. Mas não me lamento pelo passado. Ao contrário, tenho orgulho. Todas essas dificuldades me fizeram o que sou hoje.

Quando a situação começou a mudar?

Quando um tio de Osasco, na Grande São Paulo, pediu para minha mãe deixar um de nós ir morar com ele. Eu tinha 15 anos e fui a escolhida. Arrumei emprego de copeira numa casa de família servida por nove empregados, quase o tamanho da minha família inteira. Era tudo muito formal, eu tinha de servir água no copo durante as refeições. Ficava ali parada feito uma estátua e não me conformava.  Aquilo me causava grande indignação e eu comecei a me perguntar o que faria para mudar a minha vida. Então me matriculei num supletivo e comecei a estudar. Depois de dois anos, consegui um emprego de recepcionista.

E da recepção para o empreendedorismo, como foi a passagem?

Aos 18 anos, fui para Salto, interior de São Paulo, trabalhar numa fábrica de alto-falantes, que posteriormente terceirizou parte da produção para uma companhia menor, na qual eu fui trabalhar com meu gerente. Seis meses depois ele faleceu e sua esposa, Dona Rosa, boleira famosa, assumiu o negócio. Um dia ela quebrou a perna e me pediu o favor de ir ajudar com as encomendas de bolos. Eu nunca tinha feito um bolo na vida. Então ela se sentou numa cadeira e foi falando o que eu deveria fazer. Eu assei e montei um bolo de 35 quilos. Dona Rosa disse que consegui em um dia o que ela levou dez anos para fazer. E me “colocou pilha” ao me comprar uma batedeira cujo valor era descontado em suaves prestações do meu pagamento. Além disso, indicou alguns clientes dela para mim. E aí eu comecei. Durante dois anos, fazia dupla jornada. Usava todo o meu tempo livre para fazer bolos.

Como nasceu a Sodiê?

Pedi para ser demitida e com a o valor da rescisão montei minha primeira loja em 20 metros quadrados. Quando abri as portas, eu não tinha dinheiro para comprar um engradado de refrigerantes. Quando pude comprar a primeira caixa de refrigerante inteira, e os ingredientes em caixas fechadas, foi uma alegria indescritível.

Como transformou uma loja numa rede de franquias?

Inicialmente foi para ajudar um irmão, depois, uma amiga. Quando estávamos com quatro lojas, um cliente assíduo me convenceu e acabou virando investidor. Foi em 2007 e já fazia dez anos que eu estava no mercado. Em 2005 esse cliente apareceu e toda semana ele ia até a loja tentar me convencer a transformar o meu negócio numa franquia e trazer para São Paulo. Um ano depois, eu que nem sabia o que era franquia, peguei um ônibus para São Paulo com o objetivo de buscar informações na Associação Brasileira de Franchising (ABF). Abri, na Vila Guilherme, a primeira unidade. Em aproximadamente dois anos, eu tinha 50 lojas na Grande São Paulo. Inicialmente eu tinha muito medo e pensei em parar quando completasse 50 lojas. Mas foi muito rápido. De repente, vi que já tinha 101, 110. Aí amadureci e botei fim à centralização.

E descentralizar a gestão ajudou?

Foi muito importante. Eu era muito centralizadora, não dormia mais, estava muito estressada. E é preciso aprender que há pessoas no mercado que podem fazer tão bem quanto (ou melhor) que você. Mas eu tinha dificuldade em aceitar. Quando precisei mudar a marca, 75 franqueados dependiam de mim, eu estava sozinha e com pouco dinheiro. A profissionalização foi necessária.

E quais são os planos para o futuro?

Vamos abrir uma loja própria, de marca própria, nos Estados Unidos, mas o projeto foi prorrogado por causa da nova fábrica de salgados em Boituva, inaugurada no início deste ano. É o primeiro projeto do meu filho, meu braço-direito, que tem sido preparado para ser meu sucessor.  A ideia é padronizar os quitutes servidos nas franquias e ganhar mercado em São Paulo, onde o ritmo de expansão das franquias começa a desacelerar. Em relação aos EUA, estamos terminando a lição de casa, que é entender a legislação para a entrada dos produtos. Nesse caminho, a Nestlé está do nosso lado, é nossa maior parceira hoje aqui e vai ser lá também.

Confira a reportagem na íntegra, publicada na revista C&S.

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