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Economia

Incerteza eleitoral e déficit fiscal pressionam a desvalorização do real em 2018

Problemas domésticos potencializam a perda de valor da moeda brasileira frente ao dólar

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Incerteza eleitoral e déficit fiscal pressionam a desvalorização do real em 2018

Taxa de câmbio deve seguir pressionada ao menos até as eleições deste ano
(Arte/Tutu)

Com o término da Copa do Mundo de 2018, o Brasil direciona sua atenção para o grande evento nacional do segundo semestre: as eleições. A principal característica do pleito deste ano é o alto grau de incerteza sobre os candidatos e suas plataformas políticas, o que lembra, de alguma forma, o quadro eleitoral de 2002.

Naquela ocasião, o candidato vitorioso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tinha uma postura econômica contrária às medidas tomadas anteriormente, como o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Com isso, houve uma rápida desvalorização cambial em função da desconfiança do mercado em relação à política econômica que seria adotada. A média da cotação do dólar em outubro de 2002 foi de R$ 3,80, em termos nominais, chegando a atingir R$ 3,95 nas operações diárias.

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Hoje, o real, assim como diversas moedas de outros países, segue uma tendência de desvalorização em relação ao dólar. Contudo, por causa do tamanho do déficit do orçamento e da falta de perspectiva para solucionar esse problema, além da fragilidade do governo atual e de incertezas a respeito das eleições, a perda de valor da moeda brasileira foi potencializada. Com o câmbio ao redor de R$ 3,90, a cotação está próxima, em termos nominais, da registrada há 16 anos.

Apesar dessa similaridade em termos nominais, os valores estão longe de se igualarem em termos reais. Basta ver que, no período de 16 anos, a inflação acumulada nos Estado Unidos foi de 39%, enquanto que a brasileira registrou alta de 160%. Dessa forma, os mesmos R$ 3,80 de 2002 equivaleriam a R$ 7,12 atualmente.

Mas há diferenças importantes entre esses dois períodos, sendo o principal o valor das reservas internacionais administradas pelo Banco Central. Em 2002, havia US$ 40 bilhões em reservas. Hoje, o País tem aproximadamente US$ 380 bilhões. A principal função das reservas é estabilizar o mercado financeiro em momentos de desequilíbrio cambial – o Banco Central pode pôr dólares à venda caso haja escassez no mercado.

O montante atual também traz mais segurança quanto ao cumprimento dos compromissos do País com seus credores no exterior, tanto que o chamado “risco Brasil” está próximo de 330 pontos. Na véspera da eleição de 2002, atingiu 2,5 mil pontos.

A economia brasileira está inegavelmente mais desenvolvida e segura do que há 16 anos. Por isso, o câmbio, em termos reais, não está como visto em 2002. De qualquer forma, a tendência é que a desvalorização do real continue em função da gravidade da situação fiscal e da alta dos juros nos Estados Unidos, o que faz com que investidores migrem suas aplicações em economias emergentes para títulos americanos.

Portanto, serão mais três meses de incertezas até as eleições, com o câmbio pressionado. Em caso de vitória de um candidato avesso a reformas, o real pode seguir se desvalorizando. Essa tendência deve ser revertida se o País eleger um presidente comprometido com os ajustes e as reformas necessárias.

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