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Economia

Solução para greve dos caminhoneiros prejudica toda a população

Para cumprir com redução temporária de preço do diesel, governo terá que subsidiar a Petrobras

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Solução para greve dos caminhoneiros prejudica toda a população

Preço dos combustíveis no Brasil é composto por praticamente 30% de impostos
(Arte/Tutu)

A paralisação dos caminhoneiros que aconteceu no fim do mês de maio provocou uma crise de desabastecimento e uma consequente corrida de consumidores a postos de combustíveis e supermercados. Pesquisa do Ibope apontou que 87% dos brasileiros eram favoráveis e consideravam as reivindicações dos grevistas justas. A categoria pedia, basicamente, a redução do preço do diesel.

Após várias tentativas de negociação, o governo decidiu baixar temporariamente o preço desse combustível. A citada pesquisa do Ibope indicou que o mesmo porcentual favorável à reivindicação da greve (87%) era contrário a um aumento de impostos, porém, como contrapartida o governo precisará subsidiar a Petrobras e parte desse subsídio virá da reoneração da folha de pagamento de alguns setores produtivos.

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O preço dos combustíveis vinha subindo nas bombas em função da nova política da Petrobras, que tem como base o preço do barril de petróleo no mercado internacional mais a flutuação do câmbio, e isso pressionou o valor nos postos para cima. Além disso, na composição do preço final, ainda há praticamente 30% de impostos.

A redução forçada do preço tem suas consequências. Ao reduzir o preço do diesel sem levar em conta a composição do preço de mercado, o governo decidiu por subsidiar a diferença (R$ 4,9 bilhões) à Petrobras. Com isso, tem de reduzir gastos em outras atividades ou aumentar impostos.

O que os caminhoneiros pediram e que, de alguma forma, foi endossado pela população foi, pode-se dizer, a volta do populismo. Essa mesma política de preço subsidiado adotada no governo anterior foi o que levou o País e a Petrobras às crises fiscal e financeira.

Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), mais racional seria reivindicar o término de privilégios e a eficiência do setor público, de modo que seria possível reduzir impostos e, consequentemente, baixar o preço dos combustíveis nos postos. Outro ponto importante é discutir o monopólio da Petrobras no refino de petróleo no País no intuito de criar concorrência nessa atividade.

Não se pode ignorar que manter a Petrobras financeiramente saneada e livre de interferências políticas aumenta o seu potencial de investimentos, o que tem grande relevância em função do papel da petroleira no desenvolvimento econômico nacional.

De qualquer forma, a redução do preço do diesel “na marra” gera um alívio imediato aos caminhoneiros, mas abre um precedente perigoso para outros grupos que tenham poder similar pedirem agrados populistas cuja conta será paga, direta ou indiretamente, por toda a população.

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