Imprensa
10/12/2025Depois da Black Friday e com festas de fim de ano no radar, varejo vê endividamento cair em São Paulo
Mercado de trabalho aquecido e desaceleração da inflação reduzem índices na capital paulista e trazem confiança aos empresários para principais datas do ano
O endividamento e a inadimplência recuaram na capital paulista em novembro, de acordo com dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). A redução dos índices chega em um período oportuno para o Comércio, que se prepara para o melhor momento de vendas do ano, depois da Black Friday e às vésperas do Natal.
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), produzida mensalmente pela Federação, o percentual de famílias com dívidas na cidade caiu de 72,2% para 70,6%. Já a inadimplência recuou de 22,6% para 21,2%.
Na avaliação da FecomercioSP, o controle das despesas e a redução dos atrasos foram favorecidos pela inflação mais moderada e pelo mercado de trabalho aquecido, que aumentam o poder de compra e permitem que as famílias utilizem recursos próprios para quitar dívidas, reduzindo a necessidade de crédito.
[GRÁFICO 1]
Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC)
13 meses
Fonte: FecomercioSP

63 mil famílias a menos endividadas
Com a retração observada, atualmente 2,9 milhões de lares estão endividados na Cidade de São Paulo, uma redução de 63 mil famílias em comparação com outubro.
Entre aquelas que recebem até dez salários mínimos, o endividamento caiu de 75,8% para 74,6%. Já no grupo que ganha acima desse valor, houve recuo de 61,7% para 59%. Apesar da retração mensal, em ambos os casos os níveis seguem superiores aos registrados em novembro de 2024.
Cartão de crédito lidera dívidas
O cartão de crédito é a modalidade que mais se destaca quando o assunto é o tipo de dívida: 79,5% dos entrevistados têm pendências nessa categoria, mantendo o indicador na casa dos 79% há cinco meses. Na sequência, estão o financiamento da casa (16,9%), o crédito pessoal (12%) e o financiamento do carro (10,3%).
O tempo médio de comprometimento das dívidas também sofreu redução, passando de 7,2 para 7,1 meses. Contudo, as dívidas com prazo de até três meses aumentaram, ainda que sem alterações significativas em relação aos meses anteriores.
Já a parcela da renda das famílias comprometida com dívidas apontou uma leve alta: de 27,3% para 27,6%. Ainda assim, o porcentual permanece em um patamar considerado saudável.
380 mil não terão condições de pagar dívidas
A inadimplência, que diminui a disposição dos consumidores na hora de ir às compras durante a Black Friday e o Natal, a despeito da queda mensal, ainda atinge 870 mil famílias — 55,5 mil a menos em relação a outubro. A parcela de famílias que afirmam não ter condições de quitar os compromissos em atraso recuou de 9,7% para 9,2%. Agora, são 380 mil nessa situação.
As dívidas não quitadas recuaram também nas duas faixas de renda: de 27,3% para 25,9% entre as famílias com renda de até dez salários mínimos, e de 10,7% para 9,6% entre aquelas com ganho maior. Na mesma direção, o tempo médio de atraso voltou a cair, passando de 63,3 para 62,5 dias.
O porcentual de dívidas com atraso de até 30 dias, por sua vez, cresceu. Contudo, o prazo curto para incidência de juros, segundo a FecomercioSP, acaba reduzindo o risco de complicações maiores com o pagamento.
81,4% usará crédito para consumo e compras
Para 11% dos entrevistados, há a intenção de contrair crédito ou financiamento nos próximos três meses. No mês anterior, esse porcentual era de 11,9%. Dentre os que pretendem contratar crédito, 81,4% disseram que querem usar os recursos para consumo e compras; 13,7%, para quitação de dívidas; e 3,5%, para pagamento de contas.
Quanto à forma de pagamento considerada mais vantajosa para comprar, o PIX lidera com 27,9% — maior patamar da série histórica, iniciada em janeiro de 2021, quando representava apenas 0,4%. Em segundo lugar, aparece o cartão de crédito parcelado, com 25%.
Segundo a Federação, o dado evidencia o avanço do PIX como meio de pagamento, especialmente pelos descontos oferecidos. Mas como nem todos conseguem pagar à vista, o parcelamento continua essencial.
Nota metodológica
PEIC
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista. Em 2010, houve uma reestruturação do questionário para compor a pesquisa nacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e, por isso, a atual série deve ser comparada a partir de 2010.O objetivo da PEIC é diagnosticar os níveis tanto de endividamento quanto de inadimplência do consumidor. O endividamento é quando a família possui alguma dívida. Inadimplência é quando a dívida está em atraso. A pesquisa permite o acompanhamento dos principais tipos de dívida, do nível de comprometimento do comprador com as despesas e da percepção deste em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos, além de ter o detalhamento das informações por faixa de renda de dois grupos: renda inferior e acima dos dez salários mínimos.