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Editorial

Ives Gandra da Silva Martins: o jurista e o poeta

Titular da Academia Paulista de Letras, construiu pontes entre a Justiça e a arte literária

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Ives Gandra da Silva Martins: o jurista e o poeta
Sua produção literária é composta por 50 livros publicados individualmente, 200 em coautoria e mil estudos

Ives Gandra da Silva Martins é um dos homenageados da primeira temporada do projeto Notáveis  iniciativa dedicada a retratar as experiências, os valores, as memórias e a contribuição de quatro personalidades para as realidades socioeconômica, jurídica, cultural e intelectual brasileira. O projeto é uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

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Ives Gandra da Silva Martins é advogado e professor universitário, com 44 títulos acadêmicos no Brasil e no exterior. Começou a carreira na área do Trabalho, em 1958, mas ganhou notoriedade como tributarista e constitucionalista. Conciliou as carreiras de advogado e professor universitário, além de escritor — sobretudo poeta. Dentre outras instituições, foi docente na Universidade Presbiteriana Mackenzie e na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme).

Quando menino, o pai, José da Silva Martins, cobrava 30 minutos diários de estudos morais. Depois disso, estava livre para brincar com os irmãos — João Carlos, José Eduardo e José Paulo — no espaçoso quintal da casa da Rua Rodrigues Alves, na Vila Mariana. Na juventude, foi um dos primeiros faixas-preta de caratê no Brasil. Não à toa, em 2012, recebeu uma homenagem do Japão, vinda da província de Okinawa, berço da arte marcial, por sua “antiguidade” na prática da modalidade que precisou abandonar a pedido da esposa, Ruth — uma vez que costumava, com certa frequência, chegar machucado em casa.

Aos 14 anos, começou a trabalhar com o pai, representante da empresa de perfumaria Roure, Bertrand & Justin Dupont. Quatro anos mais tarde, foi para Grasse, na França, onde passou quase um ano estudando perfumaria com um dos maiores especialistas do mundo, o professor Jean Carles. Nas folgas dos estudos, viajava para acompanhar o Festival de Cinema de Cannes. Em 1953, ano em que o filme brasileiro O cangaceiro ficou em segundo lugar, conheceu astros como Gary Cooper, Clark Gable e Kirk Douglas, bem como o cineasta Jean Cocteau. 

Direito, docência e vida pública

Ao longo da vida, o jurista conviveu com personalidades e políticos do Brasil e do exterior. Em Portugal, na década de 1960, conheceu a aclamada cantora Amália Rodrigues e o primeiro-ministro António de Oliveira Salazar. Frequentava a residência do ex-presidente Jânio Quadros e é amigo dos ex-presidentes José Sarney e Michel Temer, figuras com quem compartilha o gosto pela literatura e pela poesia. Tem boa relação com os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Jair Bolsonaro. Assessorou informalmente os presidentes das Comissões e o relator da Constituinte de 1988, o então deputado federal Bernardo Cabral, com quem cultiva uma amizade até hoje.

A passagem pela política não durou muito tempo. Defensor do parlamentarismo, foi presidente do diretório paulista do Partido Libertador (PL) de 1962 a 1964. Conta que entrou na política “sem querer” e saiu “por querer”, entendendo que a publicação de artigos e a realização de palestras o levaram a uma atuação “quase política”. Foi sondado três vezes para ser ministro, mas não aceitou as propostas, pois considera que a áera não era a sua vocação, mas, sim, ser advogado e professor universitário, levando uma “vida comum”. “Eu sou muito mais educador e advogado. Como advogado, exercendo cidadania e como professor, educando as pessoas”, costuma dizer.

Da tribuna à poesia

Foi amigo de Lygia Fagundes Telles, uma das maiores escritoras brasileiras, falecida em 2022, que apoiou a sua candidatura à presidência da Academia Paulista de Letras (APL) e não perdia os encontros comandados por Ives às quintas-feiras, no Largo do Arouche. Escreveu os primeiros versos aos 13 anos. Acumula livros e artigos publicados em 21 países, além de participar de 36 academias e 18 institutos. A que mais gosta é justamente a APL, na qual tomou posse em 1992 e presidiu entre 2005 e 2006. Atualmente membro da Comissão de Bibliografia, é dono da cadeira número 31, que tem como patrono Rangel Pestana. A produção literária, composta por 50 livros individualmente, 200 em coautoria e mil estudos, conta com publicações sobre Direito, religião, pensamento, ficção, poesia e até um livro infantil, intitulado A lenda dos Quatro Reinos, escrito para os sete netos. Publicou com muitos dos ministros integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF).

O amor pelo São Paulo Futebol Clube é uma das marcas do jurista. É conselheiro vitalício, sócio número 14 (desde 1943) e chegou a presidir o Conselho Consultivo em duas ocasiões. Em setembro de 2023, foi o primeiro a receber o Prêmio Laudo Natel, honraria que reconhece personalidades de destaque da comunidade tricolor. O neto Guilherme, que herdou a paixão pelo time e é o mais jovem conselheiro do clube, conta que o avô nem dorme quando o São Paulo perde. Além da paixão futebolística, é fã da série de ficção científica Star Trek — tem todos os 700 episódios em DVD — e de seriados coreanos, também conhecidos como doramas, que assiste em companhia da filha Angela.  

Foi casado por 62 anos com Ruth, além dos cinco de namoro, e tem seis filhos. Um deles é Ives Gandra da Silva Martins Filho, ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e ex-assessor especial da Casa Civil da Presidência da República entre 1997 e 1999, no governo FHC. O irmão João Carlos Martins tornou-se um renomado pianista e maestro, considerado por muitos o maior intérprete do gênio alemão Bach. Ambos conviveram com a pianista Guiomar Novaes, que ficou encantada ao ouvi-los tocar piano ainda jovens.

Após a morte de Ruth, em janeiro de 2021, aos 86 anos — por complicações da covid-19 —, tomou a decisão de transferir o comando do seu escritório, a Advocacia Gandra Martins, ao filho Rogério. Por influência da esposa, Ives virou católico praticante. O ritual religioso começa cedo, às 5h55, para dar tempo de fazer a oração particular antes da missa das 8h da igreja Nossa Senhora do Brasil. “Eu brinco que, das 5h55 às 9h, quando termina a missa, faço a minha dedicação plena a Deus. Daí já estou abastecido para o resto do dia”, diz.

Atualmente, participa de conselhos profissionais e culturais, como o Conselho dos Notáveis da Escola do Comércio e o Conselho Superior de Direito da FecomercioSP, do qual é presidente. Criou, em 2021, uma conta na rede social Instagram, seu novo xodó, que já conta com mais de 500 mil seguidores. 

Leia o perfil completo de Ives Gandra Martins

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