Economia
17/11/2016“Valor democrático na América Latina é muito fraco”, diz Pablo Valenzuela
Para pesquisador do Latinobarómetro, cidadãos da região continuam tendo problemas similares aos dos anos de ditadura
Pablo Valenzuela diz que nível de satisfação com democracia é influenciado pelo desempenho econômico dos países
(Foto/TUTU)
Os cidadãos dos países da América Latina têm valores democráticos mais fracos do que os de outras regiões do mundo. Essa é a opinião do mestre em Ciência Política pela Universidade do Chile, Pablo Valenzuela.
Em entrevista ao UM BRASIL, realizada em parceria com o Instituto Atuação durante a 2ª Semana da Democracia, que aconteceu em setembro deste ano em Curitiba, Valenzuela diz que as pessoas que viveram as ditaduras latino-americanas, exceto pelas questões de direitos humanos, não sentem tanta diferença em seu dia a dia no regime democrático.
“O cidadão não sente necessariamente as mudanças entre a situação de ditadura e a situação de democracia, ou não sente de maneira tangível. O cidadão comum continua vivendo e tendo problemas similares”, diz o pesquisador do Latinobarómetro, instituição especializada em estudar valores sociais na América Latina.
“Se o povo recebe saúde, educação e transporte público de má qualidade, não vai achar muita diferença viver em democracia ou em uma não democracia. Ou vai estar disposto a sacrificar alguns aspectos da democracia para ter um sistema de saúde de melhor qualidade”, completa o cientista político.
De acordo com Valenzuela, o nível de satisfação de um povo com a democracia costuma estar relacionado ao desempenho econômico de seu país. Portanto, variáveis econômicas como inflação, desemprego e taxas de juros influenciam o nível de apoio de uma sociedade ao regime democrático.
“Quando analisamos a satisfação com a democracia e o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto], a medida mais geral para isso, percebemos que, de fato, há uma correlação enorme entre o comportamento da economia e a satisfação com a democracia. E isso acontece em todos os países”, afirma Valenzuela.
Segundo ele, isso só não ocorreu durante a crise econômica internacional, originada nos Estados Unidos em 2008, quando diversos governos latino-americanos agiram com medidas econômicas anticíclicas – situação em que o Estado expande seus gastos para evitar o agravamento de uma recessão. “Os cidadãos perceberam que, apesar da situação econômica apertada, a democracia lhes permite gerar algum tipo de suporte.”
Na entrevista, Valenzuela também fala sobre a importância de os governos promoverem maior participação dos cidadãos nas decisões públicas como forma de consolidação da democracia. Confira na íntegra abaixo:
Ao mencionar esta notícia, por favor referencie a mesma através desse link:
www.fecomercio.com.br/um-brasil/materias/valor-democratico-na-america-latina-e-muito-fraco-diz-pablo-valenzuela
Notícias relacionadas
-
Economia Digital
IA aplicada à logística beneficia o e-commerce; veja como
Automação e roteirização inteligente reduzem custos, melhoram a experiência e abrem novas oportunidades
-
Economia Digital
Inovação a partir de quem usa
InternacionalExcesso de processos burocráticos traz prejuízos às empresas e ao País
BrasilRegulação clara das novas tecnologias favorece a inovação
Recomendadas para você
-
Brasil
As origens da crise entre os Poderes e da polarização no Brasil
O Poder Executivo tem sido a grande vítima, nos últimos 12 anos, da crise política instaurada no País
-
Brasil
Crise entre os Poderes impacta desenvolvimento econômico
O Brasil vive momentos de tensão na relação entre os Poderes — e esses conflitos têm repercussões
-
Economia Digital
Marco da IA deve ser construído com o setor produtivo à frente
Seminário da FecomercioSP e da Câmara aborda caminhos para amadurecer processo regulatório
-
Brasil
Economia brasileira perde fôlego; veja análise sobre setores
FecomercioSP alerta para sinais claros de desaceleração e recomenda conservadorismo nos negócios até o fim do ano