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Economia

EconoMix Digital nº 94

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Elevação da Selic encarece o crédito às pessoas físicas

Alta de juros deve reduzir o ímpeto por novos financiamentos e impactar no crescimento do comércio varejista

Desde maio de 2013 o Banco Central (BC) vem aumentando gradativamente os juros da Taxa de Juros Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia). A taxa, que estava em 7,25% em abril do ano passado, foi elevada em 3,25 p.p. chegando em 10,5% em janeiro deste ano. A elevação da Taxa Selic tem sido adotada como um instrumento do BC  para manter a taxa de inflação dentro da meta pré-estabelecida de 4,5% a.a., mas com possibilidade de crescimento em 2 p.p.  até 6,5%.

No ano passado o resultado acumulado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial do governo para aferição das metas inflacionárias, apontou resultado acima de 6,0%, chegando ao patamar máximo da meta em maio de 2013 e superando-a no mês de junho de 2013, com 6,70%.  Dos últimos dozes meses, o resultado acumulado de janeiro é mais baixo, porém o BC tem sinalizado que a inflação ainda é resiliente e, por isso, a Taxa Selic deve seguir em alta.

Com o aumento da Taxa Selic nos últimos meses, os juros das principais linhas de crédito destinado à pessoa física também aumentaram, conforme pode ser conferido na tabela abaixo. No quadro comparativo é possível observar que, os juros às pessoas físicas cobrados no comércio e no cheque especial apresentam alta em função da alta da Taxa Selic. No comércio, os juros passaram de 4,0% em janeiro de 2013 para 4,35% em janeiro deste ano, apresentado alta de 8,75%. Já os juros cobrados no cheque especial apresentaram alta de 3,35%, passando de 7,77% em janeiro de 2013 para 8,03% em janeiro 2014.

Porém, o principal meio de pagamento utilizado pelas famílias brasileiras, o cartão de crédito, não apresentou redução quando a Selic estava em baixa nem apresentou alta quando taxa básica voltou a subir. Os juros cobrados no rotativo (juro cobrado pelo não pagamento total da fatura) se mantêm estáveis em 9,37% desde outubro de 2013. Nesse sentido, há de se destacar que o cartão de crédito tem sido o principal meio de endividamento do consumidor. No mês de janeiro os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) apontaram que o cartão de crédito é utilizado em 69,52% do total de endividamento observado.

Portanto, o consumidor que se utiliza do cartão de crédito na compra de produtos com prazo mais alongado, deve sempre procurar efetivar o pagamento total da fatura, já que nessa modalidade os juros são maiores. Em 2014, a Taxa Selic deve permanecer em alta porque o BC considera a inflação ainda resistente no longo prazo. Esse cenário deverá reduzir o ímpeto dos consumidores em buscar novos financiamentos e trará impacto no crescimento do comércio varejista.

Banco Central aponta evolução do crédito imobiliário

Baixa inadimplência e a maior segurança jurídica favorecem ampliação de linha de crédito bancária para o segmento da habitação

Na última década, o crédito tem sido a mola propulsora do crescimento econômico brasileiro. Dados do Banco Central demonstraram que o saldo total da carteira de crédito alcançou em dezembro de 2013 o maior nível de sua série histórica, atingindo a marca de R$ 2,7 trilhões, representado 56,5% do PIB. Dentre as várias opções de financiamento oferecidas ao consumidor, como cheque especial, crédito pessoal, cartão de crédito, veículos, destaca-se a evolução do crédito imobiliário nos últimos anos.

De dezembro de 2007, quando o saldo de crédito destinado ao financiamento de imóveis era de apenas R$ 43,5 bilhões, a dezembro de 2013, houve um enorme crescimento nessa modalidade chegando ao montante de R$ 341,6 bilhões de volume de crédito. No quadro abaixo, observa-se a evolução do saldo de crédito ocorrida nestes últimos anos, com destaque para 2010, quando houve um crescimento de 55,77% em relação ao ano anterior. O mercado da construção civil teve seu bom momento pós-crise econômica de 2008, principalmente naquele ano. Já, em 2013, apesar do crescimento de 33,72%, foi registrada a menor variação no saldo do crédito imobiliário dos últimos anos.

A evolução observada, de acordo com os dados fornecidos pelo Banco Central, pode ser explicada pelo déficit habitacional ainda existente no Brasil, onde milhares de pessoas ainda não possuem casa própria. Outro fator é a maior segurança jurídica nos contratos, ou seja, em caso de inadimplência a instituição bancária pode tomar o imóvel do consumidor. Também importante no estímulo ao crédito imobiliário no país é a baixa taxa de inadimplência desse segmento. Em dezembro de 2013 a taxa de inadimplência para o financiamento imobiliário ficou em 1,6%, a menor taxa desde 2012. Assim, com a baixa inadimplência e a maior segurança jurídica, os bancos tendem a direcionar maior parcela de capital ao crédito imobiliário.

Cresce a participação da mulher no mercado de consumo

Para o comércio, é  crucial identificar as necessidades do público feminino, cada vez mais forte e atuante no desenvolvimento da economia

No dia 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher, data que tem como origem as manifestações das mulheres russas, em 1917, por melhores condições de vida e trabalho.  Os protestos marcaram o início da  Revolução Russa, ocorrida oito meses depois. Pouco celebrada nos países ocidentais, a ocasião foi esquecida por longo tempo e somente recuperada pelo movimento feminista, na década de 1960.


De lá pra cá, muitas foram as conquistas obtidas pelas mulheres, em especial no mercado de trabalho. Nos últimos anos, a participação das mulheres no mercado de trabalho cresceu e, com isso, o poder de compra delas também evoluiu trazendo novas e excelentes perspectivas para o comércio brasileiro.


A participação da mulher no mercado de consumo ganha ainda mais destaque com o crescimento da classe C no país que, atualmente, representa mais de 52% da população brasileira e é nessa faixa que as mulheres têm a maior decisão de compra ou influência na família.


Mesmo que o Dia Internacional da Mulher não tenha um apelo econômico tão forte quanto outras datas comemorativas, essa pode ser uma excelente oportunidade para o comércio varejista entender as necessidades das mulheres, planejar ações para atrair o público feminino e produzir produtos e serviços que atendam suas expectativas, com o objetivo de fidelizar sua marca ou produto neste mercado extremamente competitivo.


Assim, para o comércio, é crucial identificar as necessidades das mulheres porque elas estão cada vez mais estão ganhando força e contribuindo para o crescimento da economia no país.  Algumas informações merecem destaque na hora de estudar este perfil de consumo tão representativo na economia. Para tanto seguem algumas informações que podem ajudar a entender esse nicho e colaborar na hora de traçar a melhor estratégia.


- REPRESENTATIVIDADE
A predominância das mulheres na população brasileira é grande e passará a ser maior nos próximos anos. A população feminina representa mais de 101 milhões de pessoas, um excedente de 5,1 milhões em relação aos 95,9 milhões de homens da população.

- EMPREGO E RENDA
Cresce a participação das mulheres no mercado de trabalho, principalmente  em cargos de liderança. De 2002 a 2013, a parcela das mulheres na população ocupada aumentou de 42,8% para 46,2%. Nesse mesmo período, o número de mulheres subiu de 7,7 milhões para 10,7 milhões, uma variação de 38,7%.

Porém, em relação à renda, infelizmente, as mulheres ainda continuam ganhando menos que os homens: em torno de 85,7% dos salários masculinos. Este cenário, no entanto, está em evolução e em breve atingirá a igualdade. Em 2014 estima-se que a massa salarial das mulheres alcance R$ 1,1 trilhão, o que representa uma elevação de 83% nos últimos 10 anos. Em 2003, a massa salarial feminina era de R$ 602 bilhões. Essa evolução resulta da maior presença da mulher no mercado de trabalho, em busca de novas oportunidades ou da necessidade de complementar a renda familiar.

- ÍNDICE DE CONFIANÇA DAS MULHERES
As mulheres estão menos confiantes do que os homens em relação à própria situação econômica e a do Brasil, segundo dados do Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da FecomercioSP. A  pesquisa revela que em  janeiro o índice ficou em 128,21 para as mulheres e em 135,27 para os homens, numa escala que varia de 0 = pessimismo total a 200 = otimismo total. Em geral, a tendência é de que a confiança dos homens sofra mais impacto de problemas de origem políticos ou relacionados à segurança. Já para as mulheres, o principal fator que abala sua confiança pode estar relacionado a fases de restrições financeiras que podem afetar o orçamento doméstico.

- REPRESENTATIVIDADE NA CLASSE C
A mulher, que já tem grande influência nas decisões de compras da família, ganha um destaque na classe C. Isso porque nesse extrato de renda social cerca de 70% das mulheres são responsáveis pela família, ou seja, elas tomam mais decisões e exercem mais responsabilidade sobre a família tendo mais autonomia social, econômica e de consumo.

Além disso, 79% das mulheres escolhem o destino de férias das famílias, 58% definem o modelo e a marca do carro e 53% estabelecem que computador será comprado para uso doméstico. Já, no e-commerce, as mulheres representam 51% dos consumidores online, ou seja, elas estão mais conectadas e gastam mais tempo por mês nas redes sociais do que os homens.

- MERCADO AUTOMOTIVO
O setor automotivo, no qual há predominância por parte do consumidor masculino, também desperta o interesse do público feminino. As mulheres representaram 45% das compras de carros no país, confirmando que elas são presença obrigatória no comércio de carros. Fato que se dá pelo crescimento das mulheres nos cargos profissionais mais elevados e pelo aumento do poder aquisitivo. Assim, as mulheres estão influenciando cada vez mais nas campanhas de vendas, padrões dos produtos e nas estratégias de mercado.

- INADIMPLÊNCIA DAS MULHERES
As mulheres estão mais inadimplentes do que os homens. Pesquisa realizada no final do ano apontou que as mulheres representam 55% dos inadimplentes contra 44% dos homens. O principal problema destacado pelas mulheres é o descontrole financeiro, 36%, e o empréstimo do nome em contratos de financiamento para terceiros, 12%.

- MERCADO DE LUXO
Neste mercado que faturou R$ 46,5 bilhões nos últimos três anos, as mulheres representam 63% dos consumidores de produtos no país. Este é um mercado em expansão e a participação da mulher é fundamental para o seu crescimento.

- EMPREENDEDORISMO
Pesquisa realizada pelo Sebrae aponta que das 6 milhões de micro e pequenas empresas existente no país,  de 30% a 35% são lideradas por mulheres. Já para os novos negócios, a participação das mulheres chega a 49,6%. Além disso, as novas empresas lideradas por mulheres apresentam uma maior taxa de sobrevivência.

Enfim, estas são informações valiosas e que podem ajudar no planejamento das vendas e no crescimento dos negócios.

Termômetro

INDICADOR MÊS REFERÊNCIA VALOR TENDÊNCIA COMENTÁRIO
ICF - INTENÇÃO DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS (SP) - pontos (*) Janeiro 124,8 ?

O ICF começa 2014 com leve retração de 0,4%. O destaque negativo no mês foi o item Momento para Duráveis que caiu 15,2% na comparação mensal e recuou 32% no contraponto anual. O cenário é o mesmo do fim de 2013, com inflação acelerada e crédito mais caro, reduzindo o nível de satisfação do consumidor.

PEIC - ENDIVIDAMENTO (SP) - % famílias endividadas Janeiro 54,7% ?

Muito embora o endividamento tenha aumentado seis pontos percentuais em relação a janeiro de 2012, houve uma leve queda nas famílias com conta em atraso neste mesmo período, -0,5 p.p. O paulistano, portanto, está se endividando mais por conta da perda do poder de compra, mas mantem a capacidade de pagamento.

IPCA - valor mensal Janeiro 0,55% ?

O IPCA perdeu força neste início de ano. Após alta de 0,92% em dezembro, passou para 0,55% no mês e o acumulado em 12 meses foi de 5,91% para 5,59%. Apesar deste arrefecimento, influenciado pela queda nos preços do grupo Transportes (-0,03%), os alimentos continuam pressionando com 0,84% de alta no mês.

TAXA DE JUROS PF - taxa ao ano Dezembro 38,0% ?

A taxa de juros para a pessoa física registrou queda de 0,5 p.p após estabilidade em novembro. Essa retração pode ser considerada como um fato pontual. Já para 2014 a taxa deve voltar a subir acompanhando a elevação de SELIC neste início de ano. A inadimplência para PF ficou no menor valor do ano, 6,7%.

CONCESSÃO CRÉDITO PF - variação mensal Dezembro 11,2% ?

É natural que haja aumento nas concessões no período de compras de fim de ano. Além disso, dezembro teve um dia útil a mais que novembro. A média diária das concessões passou de 6,7 bilhões de reais em novembro para R$ 7,1 bi em dezembro. O ritmo deve diminuir em 2014 por conta do aumento de juros.

EMPREGO RMSP - taxa de desocupação Dezembro 4,4% ?

Por mais uma vez a taxa de desocupação bate recorde para o mês desde o início da série histórica em 2002. A massa de rendimentos (população ocupada x renda média), porém, cresceu em 2013 a uma taxa inferior a vista em 2012, 2,6% contra 6,3%, o que deve proporcionar um menor ritmo de consumo das famílias.

Fonte: FecomercioSP / Banco Central / IBGE
Elaboração: FFA Consultoria e Pesquisa Econômica
(*) Acima de 100 pontos o índice indica grau de satisfação das famílias.

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