Economia
06/04/2015Alta nos preços de alimentação, habitação e transportes é a que mais impacta custo de vida do paulistano
Indicador da FecomercioSP mostra inflação de 4,45% nos dois primeiros meses de 2015, praticamente atingindo o centro da meta estipulada pelo governo em apenas um sexto do ano

Diante de um cenário econômico adverso, com ajuste fiscal, realinhamento de preços e crises hídrica e energética, três grupos de preços têm gerado grande impacto no orçamento do paulistano: Alimentação e bebidas, Habitação e Transporte. Segundo o Índice de Preços Suscetíveis à Conjuntura (IPSC), no segundo mês de 2015, os preços na região metropolitana de São Paulo se mantiveram pressionados, registrando elevação de 1,72%. Apesar de menor do que a registrada em janeiro (2,68%), em apenas dois meses o indicador apontou uma inflação de 4,45% em 2015, ou seja, praticamente atingiu o centro da meta estipulada pelo governo em apenas um sexto do ano.
Na avaliação da assessoria econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), que apurou os dados, o indicador chama atenção para a gravidade do atual quadro inflacionário. Embora os subíndices do IPSC tenham desacelerado na comparação com janeiro, ainda há uma significativa dispersão de alta que segue incidindo em itens essenciais para o orçamento familiar. Além disso, no atual momento, existem mais pressões de custo, principalmente no setor produtivo, e o encurtamento da renda das famílias provocado pelos preços de produtos básicos em ascensão tende a deteriorar ainda mais o dinamismo da economia brasileira.
Dos três grupos que compõem o indicador - Alimentação e bebidas, Habitação e Transporte -, a principal contribuição para a alta no mês veio de Transportes (2,55%), cuja ponderação é de cerca de 30% no IPSC. Habitação apresentou alta de 3,57% no mês, o que representou uma contribuição de praticamente 30% do aumento total revelado em fevereiro. Alimentação e bebidas teve variação positiva de 0,86%.
Entre as dez maiores variações percebidas em fevereiro, oito são de alimentos. Na liderança está a alface, com variação de 17,75%, seguido pela merluza (11,43%), repolho (10,87%) e couve (10,01%). As verduras vêm sofrendo com o clima adverso, que prejudica o desempenho das lavouras, e com as demais pressões de custos na cadeia, como em produção e logística.
Os únicos itens entre as dez maiores variações que não são alimentos foram o etanol (7,61%) e a gasolina (7,53%), ambos do grupo Transportes. O reajuste nas alíquotas do PIS/Cofins sobre os combustíveis, que entrou em vigor em 1º de março e fez parte do pacote de ajuste fiscal, pesou no bolso do consumidor, e este segmento tende a seguir pressionado em virtude do retorno da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), que deve encarecer ainda mais os preços dos combusíveis em geral. Após uma alta de 11,46% em janeiro, o item energia elétrica, cujo realinhamento de preços também faz parte do ajuste fiscal, voltou a apresentar aumento em fevereiro (5,84%).
Impacto por classe social
A avaliação por classes sociais revela que as camadas com renda familiar mais baixa foram as que menos sentiram os aumentos de preços em fevereiro, ao contrário do observado em janeiro: o IPCS registrou aumento de 1,41% para a classe E, e de 1,42% para a D. Por outro lado, o indicador para as classes A e B encerrou o mês com elevação de 1,79% e de 1,90%, respectivamente.
A segmentação por produtos e serviços sinaliza que há maior influência altista nos produtos (que atingiram 2,71%), ao passo que os serviços assinalaram alta de 0,51% no segundo mês do ano. Em 12 meses, os produtos apresentaram aumento de 12,77%, e os serviços, de 8,83%. A alta de preços dos produtos tende a afetar mais as famílias de menor renda, já que para esse estrato social existe uma maior destinação do consumo de itens básicos em detrimento dos serviços.
A FecomercioSP destaca que o desempenho de cada faixa de renda apenas reflete a estrutura de gastos familiares, visto que os pesos das atividades diferem para cada estrato social. No grupo Alimentação e bebidas, por exemplo, o maior impacto é na classe B (60,09%), enquanto os preços da Habitação atingem mais a classe E (19,94%) e os Transportes afetam mais a classe A (31,48%).
Sobre o IPSC
O indicador é derivado do Custo de Vida por Classe Social (CVCS), apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), e tem como objetivo captar as variações de preços que mais têm sido afetados pela atual conjuntura econômica. A metodologia do IPSC se dá por meio da reponderação do indicador com base em segmentos que possuem alta representatividade no orçamento familiar e baixa elasticidade da demanda em função do preço, que são exatamente os que estão sendo mais afetados pela atual conjuntura - por um lado, pelo ajuste fiscal em curso e, por outro, por fatores climáticos que agravam a atual crise econômica.
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