Negócios
30/04/2025Atacado inicia 2025 com alta de 1,6% no faturamento, mas lida com contratempos estruturais
Segmento vive período de transição, marcado por instabilidade econômica e mudanças no comportamento do consumidor, analisa FecomercioSP

O comércio atacadista no Brasil está vivendo um momento de transição, com períodos marcados por instabilidade econômica e mudanças no comportamento do consumidor. Apesar de mostrar sinais de resiliência, registrando crescimento no segundo mês do ano, setor ainda convive com desafios estruturais, como pressão de custos operacionais e financeiros, causados pelas altas da inflação e da taxa de juros, que demandam das empresas habilidades para tomar decisões assertivas.
Dados da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad) apontam que o faturamento do setor avançou 1,6% em fevereiro, em comparação com o mesmo mês de 2024, enquanto no acumulado do ano, cresceu 2,4%. Essa expansão moderada é reflexo do cenário econômico no início do ano, marcado por incertezas, incluindo juros elevados, preços mais altos e crédito restrito, de acordo com estudo apresentado no dia 15 de abril, durante reunião do Conselho do Comércio Atacadista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
O desempenho positivo do setor também marcou presença no mercado de trabalho. A despeito das dúvidas quanto à economia, a geração de empregos formais registrou alta de 4,6% em fevereiro, em relação ao mesmo período do ano passado.
Cenário instável persiste
Os dados mais recentes do Índice de Preços no Atacado (IPA-10) e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apontam para uma inflação elevada e persistente. O endividamento e a inadimplência também continuam em alta, impondo limite à capacidade de compra das famílias e, por consequência, ao volume de distribuição do atacado.
A FecomercioSP alerta que os impactos da atual conjuntura macroeconômica de custos financeiros e operacionais mais elevados podem se intensificar com mais evidência no segundo semestre de 2025, pressionando ainda mais as margens de lucro das empresas. Diante disso, buscar eficiência operacional, eliminar custos não estratégicos e manter uma gestão eficiente de estoque se tornam ainda mais importantes.
Segundo visão da Entidade, mais do que resiliência, o setor atacadista precisa olhar adiante. A digitalização das relações comerciais e a integração de canais como prática operacional são temas centrais para quem deseja não apenas crescer, mas sobreviver numa situação instável e em transformação.