Economia
21/10/2015Banco Central já foi até onde podia com taxa de juros, afirma FecomercioSP
Para Entidade, novas altas da Selic a partir de agora apenas agravariam situação fiscal
Pela segunda vez consecutiva, o Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros no atual patamar - de 14,25% ao ano. Na avaliação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), devem ter colaborado para a decisão o rápido aumento do desemprego e a retração acentuada da atividade econômica - a queda esperada para o PIB de 2015 já é de 3%.
Mesmo com a inflação ainda elevada - quase 10% em 12 meses -, a pressão recente exercida pela alta do dólar e a deterioração das expectativas para a inflação do ano que vem - que já se aproximam do teto da meta -, na balança do Banco Central prevaleceu o bom senso. Afinal, diante de uma queda cada vez mais intensa da atividade econômica e da deterioração acelerada do mercado de trabalho, novas altas da taxa Selic tenderiam apenas a agravar o cenário econômico ao encarecer o crédito para endividados e aumentar ainda mais o custo da dívida pública e, consequentemente, o esforço fiscal necessário para estabilizá-la.
Para a FecomercioSP, a autoridade monetária já foi até onde podia com o seu principal instrumento: a taxa de juros. Sem a colaboração da política fiscal, a política monetária tende a perder sua eficácia e o País corre o risco de ter de conviver com estagnação da economia, juros altos e inflação elevada, combinação perversa que prejudica especialmente a população mais pobre e o setor produtivo, e coloca em risco as conquistas sociais obtidas na última década.
Apesar do agravamento da crise, o governo ainda não conseguiu, porém, articular e apresentar um plano consistente de ajuste das contas públicas. É hora de assumir equívocos passados e aceitar os custos políticos de reformas urgentes, sem apelar para novos aumentos de impostos - que resultariam apenas em recessão e inflação, sem garantia de aumento da arrecadação. O cenário é grave e a Entidade volta a ressaltar que o desequilíbrio econômico é estrutural, e que só será possível restabelecer a confiança dos agentes econômicos com a retomada de uma agenda de reformas de longo prazo que envolvam forte redução dos gastos públicos, da burocracia e melhora do ambiente de negócios.
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