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Economia

Brasil precisa parar de ver cidadão como paciente e passar a vê-lo como cliente, diz economista do Banco Mundial

No documentário “Pensando o Brasil – Burocracia”, da FecomercioSP, Rita Ramalho ressalta a necessidade de desburocratização do dia a dia das empresas brasileiras

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Brasil precisa parar de ver cidadão como paciente e passar a vê-lo como cliente, diz economista do Banco Mundial

Por Alessandra Jarussi

O excesso de burocracia, desde a demora em abrir uma empresa até o tempo gasto no pagamento de impostos, é um dos principais entraves ao desenvolvimento do Brasil. Um dos reflexos disso é a colocação sempre baixa do País nos rankings de competitividade.

Segundo o estudo Doing Business, realizado há mais de dez anos pelo Banco Mundial, o Brasil ocupa o 120º lugar, entre 189 economias pesquisadas, quanto à facilidade de se fazer negócio, perdendo para países como a Colômbia. A respeito do pagamento de impostos, o Brasil fica em posição ainda pior na pesquisa: 177ª colocação.

A economista do Banco Mundial e coordenadora do estudo, Rita Ramalho, destaca as dificuldades enfrentadas pelas empresas brasileiras no dia a dia, desde a abertura até o fechamento. Para a simplificação do processo, ela acredita que um dos primeiros passos seria o governo “parar de ver o cidadão como um paciente que precisa ser tratado e passar a vê-lo como um cliente”.

A economista foi entrevistada pelo jornalista Adalberto Piotto para o documentário "Pensando o Brasil – Burocracia", produzido pela FecomercioSP. No início deste ano, a equipe de TV da Federação foi aos Estados Unidos conversar com especialistas brasileiros e estrangeiros sobre os entraves burocráticos ao desenvolvimento do Brasil.

O conselheiro-sênior do Banco Mundial, Otaviano Canuto, que também participa do documentário, explica que o estudo Doing Business leva em consideração a vida de uma empresa, desde a sua abertura até o fechamento, passando por dez dimensões – como contratação e demissão de pessoal, acesso à energia, resolução de pendências judiciais, entre outros. Com exceção do indicador “Ter acesso à energia”, o Brasil é um dos piores do mundo entre os 189 países pesquisados.

Canuto ressalta ainda o quanto o Custo Brasil prejudica a competitividade das empresas brasileiras e aponta “o desperdício de gente talentosa e de recursos materiais, que poderiam ser utilizados de maneira mais produtiva, mas são usados para ‘enxugar gelo’, fazendo coisas que não agregam valor”.

O diretor do Programa de Relações Econômicas Internacionais da American University, Arturo Porzecanski, levanta uma questão importante. “No resto do mundo, muitos países fizeram reformas nos últimos 20 ou 30 anos e se tornaram mais atrativos para o investidor do que o Brasil, que não avançou nesse ponto”, ressalta.

O professor de Políticas Públicas da Universidade de Harvard, Filipe Campante, afirma no documentário que há muito espaço no País para a redução da burocracia. “O Brasil não precisa virar a Suécia. Entre o Brasil e a Suécia existe um longo caminho. Agora, não será na base da ‘canetada’ que esse caminho será percorrido”, alerta.

Também da Universidade de Harvard, o professor de Relações Internacionais Hussein Kalout avalia que “é um absurdo o Brasil buscar ser um Estado competitivo no comércio internacional, mas com milhões de entraves e métodos protecionistas no modelo produtivo”. De acordo com ele, “sem estímulo para produzir e competir, a indústria se guarda sob o modelo tributário das leis brasileiras e segue na sua perpétua ineficiência”.

Hussein Kalout enfatiza que o conceito de eficiência no Brasil ainda é muito ultrapassado. “Nós precisamos desburocratizar o Estado e pensar a eficiência a partir de outros parâmetros – como produção qualitativa –, bem como pensar em penalidade quando isso não acontece, como parte do processo de desenvolvimento do Estado. Só que isso é um ‘vespeiro’, ninguém quer tocar”, afirma.

Confira abaixo o documentário “Pensando o Brasil – Burocracia” na íntegra.

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