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Economia

Brasil precisa se abrir para novos parceiros e fortalecer políticas comerciais

Plano Nacional de Exportação é instrumento importante para o País recuperar o saldo positivo da balança

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Brasil precisa se abrir para novos parceiros e fortalecer políticas comerciais

Por Rachel Cardoso

Para tentar reverter o déficit da balança comercial brasileira, que em 2014 atingiu 4% do Produto Interno Bruto (PIB) – o pior resultado desde 1998 –, o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, tem pela frente o desafio de tirar do papel o Plano Nacional de Exportações (PNE). A iniciativa visa não apenas promover algumas reformas microeconômicas, mas também articular políticas comerciais para costurar acordos com países em situação econômica favorável, principalmente com os Estados Unidos, eixo da estratégia, e também junto a mercados da América Latina, Ásia e Oriente Médio. “O atual patamar do dólar perante o real oferece uma perspectiva positiva para o País retomar as exportações e o PNE pode ser um vetor para manter o nível de atividade econômica”, disse Monteiro recentemente em reunião na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

A tentativa de aproximação com outros países é vista como positiva. “Trata-se do único espaço de manobra que o governo tem para equilibrar a balança em um cenário de ajuste fiscal”, avalia o professor de Economia da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, Evaldo Alves, para quem a busca pelo fortalecimento das relações internacionais acontece relativamente tarde. “Descuidamos muito nos últimos anos da geopolítica e estamos perdendo espaço comercial.” O Brasil restringe as parcerias ao Mercosul, um bloco cada vez mais enfraquecido aos olhos do mundo, principalmente depois do acordo entre a Argentina e a China, anunciado em fevereiro. Há pactos nas áreas de mídia, energia, tecnologia espacial, finanças, tecnologia de comunicações e passaportes. 

A movimentação disparou um alarme na indústria brasileira. Enquanto refaz para baixo as projeções de exportação para o país vizinho, o setor culpa o governo brasileiro por não ter concedido financiamento especial para a Argentina, mesmo com o alto risco da operação. A omissão, para industriais brasileiros, permitiu à China isolar o Brasil e fazer da Argentina a sua porta de entrada para a América do Sul. A aproximação com os chineses, porém, não surpreendeu alguns economistas, que acreditam que o acordo pode, no fim das contas, ajudar o Brasil.  

O fato de o Mercosul, integrado por Uruguai, Paraguai e Venezuela, além de Argentina e Brasil, ser fortemente ideológico colocou muitas barreiras para o avanço do País no comércio internacional. “O bloco se tornou uma armadilha porque teve origem política e não econômica”, diz o professor Paulo Dutra, coordenador do curso de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). Tanto ele quanto Lanzana destacam que a Argentina sempre impôs restrições aos produtos brasileiros e nunca respeitou as regras comerciais do Mercosul. O Brasil, ao contrário, tem cumprido o seu papel, e amargado prejuízos por conta disso. Dutra diz ainda que é preciso tirar o foco do Mercosul. “O acordo com a China não terá a magnitude que os argentinos esperam”, diz. “Os chineses terão mais benefícios e, como contrapartida, já não crescem como antes.”

Outro ponto a ser lembrado é que a China é um grande consumidor de commodities, principalmente de minério de ferro, o que alimentou a alta das exportações brasileiras pela última década. Mas o consumo está em queda, com efeito colateral nocivo ao Brasil. Não é por acaso que a piora do resultado comercial brasileiro no ano passado aconteceu, principalmente, por conta da queda no preço das commodities, da crise econômica na Argentina – um dos principais compradores de produtos brasileiros – e do aumento da importação de combustíveis. Em 2014, a balança comercial brasileira registrou déficit de US$ 3,93 bilhões, o pior resultado anual desde 1998, quando o saldo negativo ficou em US$ 6,62 bilhões. Também foi o primeiro déficit comercial desde o ano 2000, quando as compras do exterior ficaram US$ 731 milhões acima das exportações.

Superávit em 2015
A expectativa do mercado para este ano, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras, é de melhora do saldo comercial. A previsão dos analistas dos bancos é de um superávit de US$ 5 bilhões nas transações comerciais do País com o exterior. Já o Banco Central prevê um superávit da balança comercial de US$ 6 bilhões para 2015, com exportações em US$ 234 bilhões e compras do exterior no valor de US$ 228 bilhões. No ano passado, o único mercado para o qual o Brasil aumentou as exportações de manufaturados foi o norte-americano. No total, foram US$ 16 bilhões. 

No fim das contas, a independência do Brasil em relação ao Mercosul poderia reaproximar o País de Estados Unidos, México, Peru, Colômbia e Chile. Os Estados Unidos, particularmente, estão em uma fase de crescimento com perspectiva de se estender pelos próximos anos, o que abre oportunidades para as exportações brasileiras. “Está mais do que na hora de Brasil e Estados Unidos estreitarem os laços. O País precisa concentrar as estratégias no comércio internacional para amenizar a vulnerabilidade do mercado nacional”, diz Dutra. Algo que parece ser compatível com a agenda de Armando Monteiro. 

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