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Economia

“Brasil precisa se tornar mais competitivo”

Para a CEO da Amcham-Brasil, Deborah Vieitas, muitos empresários norte-americanos veem a crise brasileira como oportunidade

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“Brasil precisa se tornar mais competitivo”

“Estou empenhada em melhorar ainda mais o ambiente de negócios, principalmente em questões regulatórias”, diz Deborah Vieitas
(Foto de Débora Klempous)

Deborah Vieitas assumiu o posto de CEO da Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham-Brasil) em um período de retomada após estremecimento nas relações diplomáticas entre os dois países, motivado pelas denúncias de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA) contra autoridades brasileiras. Agora, com a proximidade das eleições norte-americanas e o quadro de instabilidade da economia brasileira, Deborah tem a missão de reforçar os laços entre as nações, que responderam por um fluxo comercial de US$ 50,5 bilhões em 2015.

“Estou empenhada em melhorar ainda mais o ambiente de negócios, principalmente em questões regulatórias”, diz a executiva, primeira mulher a assumir o cargo em 96 anos de história da Câmara.

Uma dessas questões, apontada como um dos principais gargalos entre os dois países, é a das patentes. Segundo ela, o tempo para a concessão de patentes nos acordos entre os dois países é de até 10 anos, enquanto no mercado internacional, o prazo médio é de três anos. “Há expectativa quanto ao avanço do acordo Patent Prosecution Highway (PPH). Em sua visita aos EUA, Dilma avançou com relação ao setor de óleo e gás e esperamos que haja sensibilidade do atual governo em estender para outros setores, como os das indústrias química, eletrônica e farmacêutica”, diz.

Assim que consolidada essa questão, há uma lista de espera de 150 patentes que podem ser beneficiadas com um prazo menor de registro.

Já em um contexto global, entre os entraves mais relevantes que impactam na relação entre os dois países estão os internos – como o Custo Brasil e aspectos tributários e trabalhistas. Além disso, diz ela, o País precisa produzir mais itens globalizados, que sejam aceitos em todos os países. “Precisamos incorporar sistemas e tecnologia de outros países para nos tornarmos mais competitivos”. Em relação aos externos (exportações), Deborah aponta a necessidade de convergências regulatórias e normas fitossanitárias semelhantes.

Crises política e econômica
Deborah conta que os empresários americanos que estão aqui veem o momento como uma oportunidade. “Muitos têm conseguido aprovação em suas matrizes para investir no Brasil”, revela. Isso porque dentro da conjuntura e com a atual taxa de câmbio, houve o barateamento de ativos, aumentando a atratividade em razão do potencial do mercado. Já em relação aos que não estão aqui, o interesse é em participar do setor de infraestrutura. Com a estabilização, a expectativa é de novos investimentos para os próximos meses, tanto em aquisições como em investimentos diretos.

Na visão do empresariado brasileiro, ela conta que a assinatura de um acordo comercial Brasil-EUA seria relevante para os negócios. A Amcham fez uma sondagem, em maio, com 90 empresários. Para 60% dos presidentes e diretores consultados, a parceria com os norte-americanos é vista como mais vantajosa, enquanto 34% avaliou o bloco europeu como prioritário.

Livre-comércio
A Amcham divulgou recentemente um estudo em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) que mostra que acordos comerciais com Europa e Estados Unidos representariam um ganho acumulado de US$ 1,07 trilhão na corrente de comércio do Brasil no período 2016-2030.

Um tratado de livre-comércio com os EUA, especificamente, privilegiaria mais o setor de capital intensivo; e o outro, com a Europa, tenderia a privilegiar um pouco mais o setor trabalho/terra intensivo. No comércio bilateral com os Estados Unidos, dados do estudo revelam que o incremento da corrente de comércio seria de US$ 354 bilhões no período. A pauta exportadora seria formada por produtos de maior valor agregado, principalmente no setor de têxteis, vestuário e equipamentos de transporte. Segundo o estudo, as exportações de manufaturados brasileiros aumentariam em 15% e as importações, 8,6%. A receita com agronegócio cresceria 9,9%, e as importações do setor subiriam 8,4%.

De acordo com a CEO, embora os governos brasileiros sempre tenham preferido o relacionamento Sul-Sul em detrimento do Norte-Sul, os EUA sempre mantiveram seu interesse no Brasil, levando em conta o volume de investimentos. “Os EUA possuem o maior investimento externo no Brasil. Dados do Banco Central apontam que o País possui um volume superior a US$ 126 bilhões de investimentos diretos norte-americanos”, indica.

Ela defende, que o Brasil aprofunde os acordos já existentes e estabeleça um de bitributação com os EUA, a exemplo do que já existe com 32 países.

Clique aqui para conferir a entrevista na íntegra publicada na revista Conselhos.

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