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08/10/2025Brasil quebra recorde de turistas internacionais, mas deixa de receber US$ 300 milhões por política de vistos
Apesar do avanço histórico, barreiras e câmbio podem frear crescimento do setor, alerta a FecomercioSP

O Brasil vive um momento histórico no Turismo internacional, com São Paulo assumindo o papel de protagonista. Líder nacional no setor, o Estado ultrapassou 1,58 milhão de turistas estrangeiros em apenas sete meses de 2025, segundo dados da Embratur, em parceria com o Ministério do Turismo e a Polícia Federal. O resultado representa um aumento de 24,33% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registradas 1,27 milhão de chegadas.
Somente em julho deste ano, 204,3 mil estrangeiros visitaram São Paulo, reforçando a importância do Estado como porta de entrada e motor do Turismo brasileiro. A capital paulista vai muito além dos negócios, destacando-se também como a capital da cultura, da gastronomia e dos grandes eventos da América Latina.
Esse aumento mostra que o Brasil está ‘on’, no radar dos viajantes globais, e cada turista que escolhe o País movimenta a economia, gera empregos, aquece o comércio local, fortalece a cultura e cria novas oportunidades de negócios.
Entre janeiro e julho de 2025, o Brasil recebeu 5,95 milhões de turistas internacionais, um recorde histórico que representa alta de 47,5% frente ao mesmo período do ano anterior. Só no mês de julho foram 620,1 mil chegadas, 41,9% a mais do que no mesmo mês do ano passado, indicando o fortalecimento da imagem brasileira como destino turístico.
Os norte-americanos foram os que mais visitaram São Paulo no período (255,1 mil), seguidos por argentinos (250,9 mil), chilenos (109,6 mil), alemães (61,9 mil) e portugueses (59,1 mil). No cenário nacional, a América do Sul continua liderando as emissões, com 3,7 milhões de visitantes em 2025, principalmente de Argentina (2,52 milhões), Chile (495 mil), Uruguai (342,5 mil) e Paraguai (341,6 mil). Os Estados Unidos somaram 465,1 mil turistas ao Brasil até julho, enquanto da Europa vieram 532,2 mil visitantes, com destaques para França, Portugal, Alemanha e Reino Unido.
Crescimento recorde, mas com entraves
De acordo com dados da Embratur, o Brasil alcançou, até setembro deste ano, 7 milhões de visitantes estrangeiros, superando todo o fluxo de 2024 (6,8 milhões) e registrando crescimento de 45% em comparação com o mesmo período do ano passado.
A grande parte desse fluxo é composta por turistas sul-americanos (67%), mas a política de vistos adotada pelo Brasil para cidadãos de países como Estados Unidos, Canadá e Austrália já provoca impactos negativos. No primeiro trimestre, quando ainda vigorava a isenção, as chegadas desses países cresceram 25,3%. Após a retomada da exigência de vistos, no segundo e terceiro trimestres, o fluxo caiu 3,2%.
Essa reversão resultou em uma perda potencial estimada de US$ 300 milhões em receitas entre abril e setembro de 2025. O cálculo considera que, mantido o ritmo de crescimento do primeiro trimestre, o Brasil teria recebido um volume maior de visitantes norte-americanos — que têm gasto médio de US$ 3,4 mil por pessoa, um dos mais elevados entre os estrangeiros. E a despeito do recorde de chegadas, a receita do setor até setembro foi de US$ 5,5 bilhões, ainda inferior aos US$ 7,3 bilhões de 2024. Esse fato mostra que o maior volume de turistas não se traduziu integralmente em mais divisas para o País.
Outro fator que merece atenção é a desvalorização do peso argentino frente ao real, que já começa a afetar o poder de compra dos visitantes do país vizinho. No início do ano, mil pesos equivaliam a R$ 6; atualmente, a cotação está próxima de R$ 3,70, encarecendo viagens ao Brasil e favorecendo destinos alternativos, como o Chile.
O aumento expressivo da chegada de venezuelanos, que passou de uma média de 3 a 4 mil por mês para 17,2 mil em agosto, também chama a atenção, sinalizando para uma mudança de perfil que deve ser acompanhada de perto por autoridades e empresários.
A ampliação das rotas aéreas, estimulada pelo Programa de Aceleração do Turismo Internacional (Pati), é apontada como um dos fatores para o crescimento, especialmente na atração de turistas europeus, centro-americanos e caribenhos. No entanto, algumas rotas abertas em 2025 já foram encerradas ou tiveram frequência reduzida, como as conexões com a Costa Rica e Curaçao, destacando-se a necessidade de políticas mais consistentes e de longo prazo.
Oportunidades para negócios e investimentos
Para transformar o recorde atual em crescimento sustentável, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) recomenda que os empresários do setor adotem estratégias que reduzam a dependência de fatores conjunturais. Confira, a seguir, as rotas indicadas.
- Diversificação de mercados: expandir ações promocionais para mercados da Ásia e da América do Norte, acompanhando eventuais mudanças nas regras de vistos.
- Parcerias estratégicas: buscar acordos com companhias aéreas e operadores para ampliar rotas e reduzir custos.
- Capacitação e idiomas: investir na formação de equipes, especialmente nos ensinos de inglês e espanhol, para melhorar a experiência do visitante.
- Infraestrutura e novos produtos turísticos: apostar em resorts, parques temáticos e turismo de natureza, aproveitando linhas de crédito e incentivos públicos.
- Promoção de destinos alternativos: ampliar a oferta para regiões menos exploradas, atraindo perfis variados de viajantes.
Futuro do Turismo brasileiro
A FecomercioSP destaca que este ano está sendo um ano excepcional, resultado da combinação de fatores estruturais e conjunturais, mas que não necessariamente se repetirá em 2026. O desafio de implementar políticas consistentes e de longo prazo, sem interrupções ou agendas partidárias, segue em jogo.
“Para consolidar os avanços e sustentar o crescimento, será fundamental fortalecer programas de incentivo a novas rotas aéreas, promoção internacional, infraestrutura, segurança e qualificação profissional. Só assim o Brasil poderá manter-se competitivo no cenário global e ampliar o impacto econômico do turismo”, recomenda Guilherme Dietze, presidente do Conselho de Turismo da Federação.
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