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Economia

CESP discute a eleição nos Estados Unidos e consequências para o Brasil

Uma possível vitória do republicano Donald Trump deve mexer com os mercados e trazer incertezas para as economias emergentes

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CESP discute a eleição nos Estados Unidos e consequências para o Brasil

Conselho de Economia, Sociologia e Política acredita que eventual vitória Donald Trump criaria cenário de incertezas para as economias mundiais
(Christian Parente/TUTU)

Nesta segunda-feira (7), véspera da eleição presidencial dos Estados Unidos, membros do Conselho de Economia, Sociologia e Política (Cesp) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) debateram as possíveis consequências de uma vitória de Hillary Clinton ou de Donald Trump para o Brasil e o mundo.

O presidente do núcleo de Economia do Cesp, Antonio Lanzana, ressaltou que, durante a campanha presidencial norte-americana, o Brasil esteve praticamente ausente do debate o tempo todo, exceto por uma entrevista da candidata do partido Democrata, Hillary Clinton, que mencionou o peso das economias brasileira e mexicana na América Latina.

“O Brasil não é importante no âmbito das eleições nos Estados Unidos. Se fala um pouco de América Latina, um pouco de Cuba e Venezuela”, afirmou Lanzana. “Uma reaproximação [com os EUA] nos favoreceria na hipótese da vitória de Hillary. Estamos distantes, porque ficamos muito presos ao Mercosul. Temos essa oportunidade de reatar os laços agora”, concluiu.

Para o deputado federal Hugo Napoleão (PSD-PI), uma vitória do candidato do partido Republicano, Donald Trump, pode mexer com o imprevisível, uma vez que a política de Hillary deve seguir, de certo modo, os passos do atual presidente norte-americano, Barack Obama.

“A eleição é uma incógnita, embora seja mais provável a eleição dela. Se ele vencer, o mundo será outro. Se eleito, será um transtorno”, disse Napoleão, citando incertezas econômicas e intensificação das frentes armadas norte-americanas.

Marcos DeCallis, superintendente do Votorantim Bank, seguiu a mesma linha, dizendo que o mercado está preparado para uma vitória de Hillary, sem alteração drástica da política econômica dos EUA.

Ele também fez um alerta para um possível avanço inflacionário nos Estados Unidos, em função dos estímulos monetários que foram feitos nos últimos anos para reaquecer a economia.

“O fenômeno da inflação pode aparecer a qualquer momento. Isso pode ser um fator para determinar a velocidade de aumento das taxas de juros nos Estados Unido. As políticas de estímulo monetário têm se esgotado”, afirmou DeCallis.

O presidente do núcleo de Sociologia e Política do Cesp, Paulo Delgado, disse que uma vitória de Donald Trump, que tem apresentado mais políticas protecionistas, também pode levar a um aumento de juros pelo Federal Reserve (FED), o banco central dos EUA. A elevação da taxa de juros americana tende a tirar recursos do Brasil e demais países emergentes, que têm se beneficiado do ciclo de juros baixos nas economias desenvolvidas.

A reunião também contou com uma análise sobre a disputa entre Hillary e Trump do embaixador Marcos Azambuja, que não pôde comparecer presencialmente ao encontro.

Análise
Para o Conselho, ficaram claras algmas hipóteses acerca da eleição: ambos candidatos tem um perfil mais nacionalista e menos entusiastas da globalização do que as administrações anteriores. Dessa maneira, em maior ou menor grau, os Estados Unidos devem, após as eleições, sob a nova direção, adotar medidas mais protecionistas do que as atuais.

As diferenças entre os candidatos parecem muito grandes, mas, quando analisadas sob uma lupa, o que se nota é que os pontos de maior atrito entre são meramente discurso eleitoral e que, na prática, um presidente americano tem pouca liberdade para fazer mudanças radicais no país, sejam estas sobre a economia ou militares.

Ainda assim, há algumas diferenças que devem ser ressaltadas: a candidata Democrata tende a manter a política econômica atual e taxar mais os ricos, enquanto o candidato Republicano pretende reduzir tributos para empresas. Nesse sentido, o Conselho acredita que há risco de o candidato republicano criar uma bolha de ativos - por elevar o volume de recursos nas mãos principalmente dos mais ricos - e ao mesmo tempo gerar um déficit fiscal maior no país. Tudo isso ainda é especulação, mas ao menos é o que o cenário mais provável indica diante dos discursos e das equipes prováveis de cada candidato.

Com relação aos mercados, a tendência é de que no curto prazo haja uma reação positiva - bolsas em alta e juros em queda - caso a vitória seja de Hillary Clinton. No caso de uma vitória de Trump, haveria um mau humor. Isso basicamente porque, apesar de não ser uma candidata dos sonhos dos mercados e de conservadores e liberais, Hillary é conhecida e não haveria surpresas, inicialmente. No caso de Trump, há muito de desconhecido. Ninguém sabe de fato quanto de seu discurso é apenas campanha e quanto ele vai tentar converter em realidade. Portanto, no curto prazo a tendência é de uma reação muito negativa. No longo prazo, a tendência é de que nada de efetivamente radical seja feito, e, portanto, os cenários devem se convergir, diante de pequenas mudanças e distinções da política de cada um.

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