Economia
05/11/2025Copom acerta: ainda não há espaço para flexibilização monetária
Comitê de Política Monetária do Banco Central mantém a Selic em 15%; riscos inflacionários e fiscais ainda limitam cortes
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central acertou ao manter a taxa básica de juros do País, a Selic, em 15% ao ano (a.a.). Embora houvesse expectativa de queda a partir desta reunião — a penúltima de 2025 —, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) avalia que, diante do atual cenário econômico, o comitê não tinha alternativa senão preservar a taxa de juros no patamar atual.
Alguns dados sustentam essa avaliação: a inflação de serviços segue pressionada — 6,14% no acumulado de 12 meses até setembro — impulsionada pelo aquecimento do mercado de trabalho, que eleva a renda média das famílias e estimula o consumo. O índice geral de preços (IPCA) recuou para 5,17% no mesmo período, mas ainda permanece acima do teto da meta, de 4,5%.
Além disso, a capacidade instalada da indústria segue acima da média histórica: em setembro, alcançou 81%, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O dado reflete uma economia operando próxima do limite — nesse patamar, qualquer aumento de demanda tende a se converter em inflação, não em crescimento.
Isso sem contar, mais uma vez, a incerteza da política fiscal. A falta de um compromisso claro do governo com o controle dos gastos públicos, somada às metas de resultado primário em questionamento, ao aumento das despesas obrigatórias e a um orçamento de 2026 em total descrédito, faz com que o mercado não tenha outra opção senão precificar esse risco. A taxa Selic é apenas um reflexo disso.
Para a FecomercioSP, reduzir os juros neste momento seria tentador, mas arriscado. Embora a inflação apresente trajetória de queda, seu núcleo permanece elevado, além de todas as incertezas que ainda marcam a conjuntura. Se a decisão não foi fácil — afinal, juros altos pressionam o orçamento das famílias, travam a atividade econômica e encarecem o crédito —, por outro lado, é apenas dessa forma que o Banco Central conseguirá recolocar os preços nos trilhos, mantendo-os dentro do intervalo da meta no futuro próximo. Essa é, agora, a prioridade.