Economia
31/07/2025Copom acerta em estabilizar Selic; queda só virá com ajuste fiscal
Banco Central reage a quadro inflacionário controlado e primeiros sinais de desaquecimento da economia, reflexo da atividade econômica

A decisão foi correta. Depois de elevar, nos encontros anteriores, a taxa básica de juros do País, a Selic, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), entendeu que o cenário da inflação, aliado à atividade econômica, permite estabilizá-la na casa dos 15% ao ano (a.a.) agora. Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), vários fatores ajudam a entender a postura da instituição.
A primeira é que nem todos os efeitos da política contracionista iniciada, com mais força, em setembro de 2024, ainda atingiram a economia. A inflação desacelerou um pouco, é verdade, mas a atividade ainda está em ritmo alto — apesar de os indicadores apontarem uma queda substancial a partir de agora.
Além disso, o quadro inflacionário — que preocupava muito no começo do ano — arrefeceu. As expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 estão caindo há nove semanas no boletim Focus, do BC, o que indica que o mercado está mais confiante no controle que a instituição faz dos preços. A tendência é que, conforme os efeitos da taxa alta se estabeleçam, a inflação vá ficando mais perto do centro da meta estabelecida (3%).
Tudo isso sem contar que, em junho, o IPCA subiu “apenas” 0,24%. Ademais, o grupo de alimentos e bebidas, que compõe o índice, caiu 0,18% no mês. A atividade, que também vinha apresentando alta, deu os primeiros sinais de desaquecimento em maio, com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caindo 0,74%. Quase todos os setores produtivos já apontaram que vão perder ritmo a partir de agora, como o Varejo e a Indústria.
Mas nem tudo são boas notícias. Em primeiro lugar, os impactos do tarifaço do governo dos Estados Unidos sobre o Brasil — que entrará em vigor a partir de sexta (1º) —, ainda que possam contribuir para trazer a inflação mais para baixo, são bastante incertos.
Contudo, além disso, a FecomercioSP volta sempre a lembrar que o Brasil sofre com a falta de um ajuste fiscal sólido, que ofereça uma estratégia para os gastos públicos que não seja apenas aumentar impostos da população e das empresas, prejudicando ainda mais o desenvolvimento de médio e longo prazos. Se o governo conseguir entregar esse ajuste, de alguma forma, os juros certamente baixariam.
Em suma, se o cenário aponta para uma estabilidade dos juros a partir de agora, o BC terá carta branca para diminui-los quando o ajuste fiscal estiver à mesa.