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Economia

Crise silenciosa: Brasil registra recorde de recuperações judiciais e inadimplência entre empresas

Com 7 milhões de negócios endividados e alta de 62% nos pedidos de reestruturação, cenário expõe a fragilidade do setor produtivo

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Crise silenciosa: Brasil registra recorde de recuperações judiciais e inadimplência entre empresas
O número de pedidos de recuperação judicial cresceu 61,8% em 2024 — o maior volume desde o início de 2006 (Arte: TUTU)

Inadimplência histórica, endividamento crescente e pedidos recordes de recuperação judicial marcam o retrato do setor empresarial brasileiro no início de 2025. Segundo análise da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em dados da Serasa Experian, o número de empresas que não conseguem pagar as dívidas atingiu um novo patamar crítico: 7,2 milhões de inadimplentes, o equivalente a 31,6% dos negócios ativos no País.

Dentre esses, 6,8 milhões são Micro e Pequenas Empresas (MPEs), responsáveis por 47,2 milhões de débitos em aberto, que somam mais de R$ 141,6 bilhões. O setor de Serviços lidera essa conjuntura, com 52,8% dos negócios inadimplentes, seguido pelo Comércio, com 35%.

Recuperações judiciais disparam

O número de pedidos de recuperação judicial cresceu 61,8% em 2024, alcançando 2.273 solicitações — o maior volume desde o início da série histórica, em 2006. A tendência continua em alta em 2025, com 162 pedidos em janeiro e 122 em fevereiro, sendo a maioria, mais uma vez, de MPEs. 

Apesar da queda de 3,5% nos pedidos de falência no último ano, o aumento expressivo das recuperações judiciais revela uma tentativa crescente de esses empreendimentos evitarem a falência por meio da reorganização financeira.

Os 3 fatores para o colapso empresarial

A análise aponta três causas principais para o agravamento da crise financeira nas empresas brasileiras. Confira a seguir.

  • Juros altos: a taxa Selic em 14,75% — o maior nível desde 2006 — torna o crédito mais caro, especialmente para pequenos negócios.
  • Inflação persistente: o encarecimento nos preços corrói o poder de compra dos consumidores e eleva os custos operacionais.
  • Crédito restrito: o aumento da inadimplência leva os bancos a serem mais cautelosos, criando um ciclo de dificuldades para o acesso a capital.

Mesmo com o mercado de trabalho aquecido e o ganho real de renda em algumas faixas da população, o cenário empresarial permanece frágil. Para muitas empresas, a recuperação ainda está longe do horizonte.

Cautela, gestão e eficiência

Para a FecomercioSP, a situação exige resiliência e profissionalismo na gestão. Dentre as medidas indispensáveis, a Entidade orienta a importância de monitorar o fluxo de caixa, planejar estrategicamente, eliminar custos não essenciais e manter postura proativa no gerenciamento de riscos. Investir em inovação e eficiência operacional também se torna essencial para atravessar esse período com sustentabilidade.

A FecomercioSP defende, ainda, que políticas públicas mais eficazes para reestruturação de dívidas e concessão de crédito com melhores condições sejam priorizadas, principalmente para os pequenos negócios. “Entender a realidade financeira da empresa é fundamental para não operar no vermelho. A crise atual reforça a necessidade de transformar gestão eficiente em fator de sobrevivência e crescimento”, recomenda Thiago Freitas, assessor da Federação.

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