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Negócios

Empresários superam adversidades para empreender na área de gastronomia

Confira as histórias de um sírio fugitivo da guerra, da ex-funcionária de um sofisticado empório paulistano e da professora que fabrica queijos e abriu um bistrô

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Empresários superam adversidades para empreender na área de gastronomia

Heloísa Collins (foto) deixou o magistério e iniciou a criação de cabras leiteiras para produzir queijos artesanais
(Arte/TUTU)

Em tempos de desemprego em alta, empreender na área da gastronomia pode ser uma boa saída para aqueles que têm talento.

O sírio Talal Al-tinawi, que acaba de abrir seu restaurante em São Paulo, fugiu há dois anos e meio de seu país com a mulher e os dois filhos. No início, morou no Brás, bairro que abriga uma grande comunidade síria. Recentemente, mudou-se para o Jardim das Acácias, na região do Morumbi, onde instalou seu estabelecimento.

Engenheiro mecânico, Talal era dono de escritórios e lojas em Damasco. “A cozinha era um hobby”, conta. A centelha para o novo caminho surgiu em uma festa em sua nova casa paulistana. Muitos convidados ficaram encantados com a comida, incentivando-o a preparar pratos típicos sob encomenda. Ele passou a oferecer seu menu no Museu da Imigração (na Mooca) e foi um dos fornecedores para a mesquita do Pari. O passo seguinte foi criar uma campanha de financiamento coletivo (crowdfunding), que arrecadou R$ 72 mil em menos de um ano.

Com dez mesas, o Restaurante Talal Cozinha Síria abre às 6 horas da manhã e fecha à meia-noite, ou só depois que o último cliente vai embora. “Eu moro aqui mesmo, no sobrado acima da loja. Assim, quando acabo de servir, fecho as portas e vou dormir”, diz Talal. No futuro, ele quer melhorar as instalações, aumentar o número de itens oferecidos no cardápio e contratar garçons.

Cheiro e sabor do campo
Do outro lado da cidade, na região da Penha (zona leste), o restaurante da paraibana Gerlei Santos, conhecida como “Gé”, cativa o cliente pelo olfato e pela decoração. Ao passar em frente ao estabelecimento Sabor do Campo, sente-se um suave aroma de cravo e quem entra percebe que a decoração é caprichada. O conjunto transporta o visitante para uma genuína casa de fazenda. Isso tudo em apenas nove metros quadrados, já que o restaurante, com 12 lugares, funciona no local anteriormente usado como garagem pelo pai das proprietárias, Gé e sua irmã Geone – chamada de “Gê”.

O Sabor do Campo foi inaugurado em julho de 2015, com investimento inicial em torno de R$ 30 mil. Embora o montante ainda não tenha sido totalmente recuperado, o faturamento cresceu 50% nos últimos seis meses. As irmãs vendem cerca de dois mil itens por mês, entre bolos inteiros e em pedaços, caldos, sopas, tapiocas e sanduíches. Os preparos com milho estão entre os quitutes mais procurados, tanto que a produção consome 60 quilos de milho-verde por mês, comprados semanalmente na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).

Gerlei, que já trabalhou como sommelier e gerenciou operações por 19 anos em um sofisticado empório paulistano, conta que sempre teve o sonho de abrir o próprio negócio, mas faltava ousadia. “Não é fácil você renunciar a um salário certo para se arriscar em algo sem garantias, que pode consumir as suas economias e não dar retorno. Mas, em determinado momento, achei que era a hora de tentar”, conta.

Fidelizar clientes é um dos maiores desafios. Como sabe qualquer empresário, é preciso apresentar novidades de maneira contínua para manter o interesse dos compradores. As irmãs modificam a decoração a cada três meses e seguem criando novos sabores.

A queijeira de Joanópolis
Heloísa Collins dividia o tempo na sala de aula (era professora) com o hobby de fazer queijos para consumo pessoal. A iniciativa fez sucesso entre os amigos, que faziam pedidos e a estimularam a transformar o interesse em empreendimento. Há oito anos, ela deixou o magistério e iniciou, em Joanópolis, a criação de cabras leiteiras para produzir queijos artesanais em maior escala – nascia o Capril do Bosque.

Hoje, são 60 animais, que proporcionam uma produção de 400 quilos mensais de queijos, fornecidos para restaurantes e lojas de São Paulo.

A crise econômica teve um efeito de mão dupla. O primeiro, devastador, causado pela alta do dólar que elevou os preços de grande parte dos insumos usados na fabricação, que são importados. Por outro lado, o encarecimento da importação fez com que restaurantes substituíssem ingredientes estrangeiros, como queijo de cabra francês, por produtos nacionais – ajudando o negócio de Heloísa.

O empreendimento gerou ainda outros dois frutos: a abertura de um pequeno bistrô na cidade – cuja maioria dos preparos leva queijo de cabra – e a realização de visitas guiadas à fazenda, além da oferta de oficinas de fabricação de queijos.

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