Economia
13/10/2025Endividamento em São Paulo atinge pico em dois anos, apesar da estabilidade na inadimplência
Quase 3 milhões de famílias da capital paulista têm alguma dívida; inadimplência se mantém acima do registrado em setembro de 2023

O endividamento atingiu 72,7% das famílias paulistanas em setembro — chegando ao maior nível desde junho de 2023, quando alcançava 72,8% dos lares. Os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), apontam um avanço em comparação com agosto, quando esse porcentual era de 71,5%.
Em termos absolutos, são quase 3 milhões de famílias com algum tipo de dívida na cidade, 50 mil a mais em apenas um mês e pouco mais de 200 mil na comparação interanual. Dentre as faixas de renda, os lares com até dez salários mínimos apresentaram uma elevação do endividamento. O porcentual passou de 75,1%, em agosto, para 76%, no nono mês do ano. Já entre os que recebem acima desse valor, o índice cresceu de 60,9% para 62,9%.
No sentido contrário, o tempo médio de comprometimento com as dívidas recuou para sete meses, ao passo que o porcentual dos recursos comprometidos ficou praticamente estável, passando de 26,5% para 26,6%. O cartão de crédito permanece na liderança entre os tipos de compromissos não quitados, com quase 80%, seguido do crédito pessoal (12%) e do consignado, que representa 4,5% das dívidas familiares.
Pesquisa de Inadimplência do Consumidor (PEIC)
Inadimplência estável
Enquanto o endividamento avançou, a inadimplência se manteve estável. Atualmente, 22,7% dos lares têm dívidas atrasadas, mesmo porcentual de agosto — embora acima do registrado em setembro de 2023, quando esse número era de 18,9%. São 931,6 mil famílias com contas em atraso, um crescimento de 160 mil em um ano.
Na avaliação por classe social, os grupos que recebem até dez salários mínimos mostraram estabilidade, passando de 27,1%, em agosto, para 27,2%, em setembro. Entre os que recebem acima desse valor, a taxa recuou de 11,7% para 11,5%. O tempo médio de atraso, por sua vez, cresceu de 63,3 para 63,8 dias, porém mais da metade dos inadimplentes está com débitos vencidos há mais de 90 dias.
Apenas 10,8% das famílias declararam que têm intenção de contrair crédito ou financiamento nos próximos três meses. Esse é o menor patamar desde julho de 2023. Dentre essas, 82,5% afirmam que o objetivo é usar esse recurso para o consumo e 12,1%, para o pagamento de dívidas. O porcentual de famílias que não conseguirão quitar os débitos em atraso avançou para 9,6% em setembro, atingindo o maior índice desde abril de 2023 (9,8%). Em números absolutos, são 393,5 mil famílias.
Famílias que não terão condição de pagar as dívidas
Na avaliação da FecomercioSP, o endividamento elevado não é, necessariamente, um fator negativo. Muitas pessoas recorrem ao crédito para manter o consumo diário, já que nem sempre conseguem absorver as despesas à vista. A estabilidade na inadimplência mostra que, embora os lares dependam, cada vez mais, do crédito para manter o consumo cotidiano, a combinação de mercado de trabalho aquecido e inflação mais baixa tem favorecido o cumprimento dos compromissos financeiros. Sendo assim, a tendência, no médio prazo, é que esse cenário contribua também para a melhoria no perfil dos atrasos, abrindo espaço no orçamento familiar para a quitação das dívidas acumuladas.