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Sustentabilidade

Excesso de agrotóxico deixa rastro de mortes entre trabalhadores rurais

Reportagem finalista do Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade relaciona o uso de agrotóxicos e o aumento de casos de câncer entre trabalhadores rurais

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Excesso de agrotóxico deixa rastro de mortes entre trabalhadores rurais

Produtores agrícolas, engenheiros agrônomos e empresas fabricantes preferem o termo “defensivos agrícolas”. Na Constituição brasileira, o produto é chamado de agrotóxico. Para a nomenclatura internacional é pesticide (pesticida, em português). Para as vítimas e seus familiares, o nome é veneno. Seja qual for o nome que se dê ao produto, o jornalista Melquíades Júnior, em reportagem especial publicada no jornal Diário do Nordeste em abril de 2013, mostrou que há uma relação entre o uso crescente de agrotóxicos nas plantações e o aumento no número de casos de câncer entre os trabalhadores rurais. O projeto é finalista do 4º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade, na categoria Reportagem Jornalística. 

Melquíades acompanhou várias comunidades de trabalhadores rurais por mais de sete anos, desde que recebeu a primeira denúncia de pulverização aérea de agrotóxicos na Chapada do Apodi, região entre o Ceará e o Rio Grande do Norte. “Vi uma criança de nove meses com o corpo todo ferido após uma pulverização e isso acabou sendo o catalisador para a reportagem”, explica  Melquíades.  Ao mesmo tempo, o jornalista buscou teses universitárias, pesquisas e estudos de entidades, como a Fiocruz e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sobre o impacto causado pela contaminação direta no trabalhador e também a contaminação que se dava por água, por terra e por ar.  

O Sistema Nacional de Informações Toxicológicas (Sinitox) registrou 171 mortes por contaminação com agrotóxicos em 2010, ano mais recente da pesquisa, em todo o País.  O número pode ser maior, já que a subnotificação é rotina. Pelos cálculos da Organização Mundial de Saúde (OMS), para cada caso notificado, existem outros 40 sem registro. Em paralelo, há mais de quatro anos o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos. Em 2011, o setor movimentou aproximadamente US$ 8,9 bilhões. 

“Busquei falar com todos os lados da história – quem fabrica, quem vende e quem aplica – para entender e ser imparcial ao escrever sobre os impactos do uso excessivo de agrotóxicos na produção agrícola brasileira”, esclarece Melquíades. Ele conta que, ao longo dos meses em que reuniu os dados de estudos científicos e as entrevistas para compor a reportagem, os trabalhadores foram morrendo. “Mudei o foco e o nome da reportagem surgiu durante esse processo: sobraram as ‘viúvas do veneno’, então, decidi contar a história de luta, de contaminação e de morte sob a perspectiva dessas mulheres”, diz.

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