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Economia

Extensão da calçada promove lazer e aquece comércio local

Decreto municipal permite e regula a instalação de parklets em ruas da capital paulista

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Extensão da calçada promove lazer e aquece comércio local

A escassez de espaços públicos para lazer na capital paulista e a intenção de chamar a atenção da população para o problema de mobilidade urbana fez nascer, em São Paulo, um projeto que ganhou força e, agora, a aprovação da Prefeitura. Os chamados parklets, que são um tipo de extensão da calçada, passaram a ter normas e orientações próprias após decreto municipal que autoriza esse modelo de instalação nas ruas da cidade. A ideia já é utilizada em cidades como São Francisco, nos Estados Unidos, e busca harmonizar vias públicas, ampliando as opções de descanso e interação dos moradores com a cidade. A premissa básica da iniciativa é ocupar duas vagas de estacionamento na rua, transformando a área em um espaço de lazer e interação.

No local, diversas possibilidades são aceitas: implantar uma pequena praça, colocar bancos, mesas, tecnologia, parquinhos, espaço para animais domésticos, além de outras, como indica o presidente do Instituto Mobilidade Verde, Lincoln Paiva, que foi parceiro da Prefeitura na elaboração do projeto. "É preciso ter muita criatividade e entender que tipo de uso a população necessita, para que aquele local consiga fazer isso. Em cima do piso você pode colocar qualquer coisa: um estacionamento de bicicleta, aparelhos de ginástica, gramado para cachorro, parquinho para crianças. Pode colocar o que quiser lá dentro. Não é só paisagismo", explica.

A iniciativa busca contar com a participação da comunidade no processo de espalhar parklets pela cidade. A regulamentação permite que tanto empresas quanto pessoas físicas solicitem a autorização para instalar um desses espaços nas ruas de São Paulo. Para isso, algumas normas devem ser respeitadas como, por exemplo, colocá-los apenas em ruas com velocidade de até 50 km/h. Além disso, todo o custo de instalação, manutenção e retirada deve ser arcado por quem solicitou o espaço à prefeitura.


Locais não podem ser utilizados para interesses e fins individuais

Os locais podem ser sugeridos pelos interessados à subprefeitura, que avaliará a viabilidade do pedido. A ideia é que esse processo seja rápido, agilizando a instalação de parklets em São Paulo. Cada instalação pode ficar em determinado local por até três anos, os quais podem ser prorrogados. O fator mais importante da iniciativa é que o parklet não pode ser utilizado para interesses e fins individuais. Os espaços são públicos e devem ficar disponíveis para uso da população 24 horas por dia, na semana inteira, como indica Paiva. "A primeira coisa que o interessado precisa entender é que o parklet não é dele. Ele está, na verdade, patrocinando um espaço público", afirma.

O presidente do Conselho de Desenvolvimento Local da FecomercioSP, Jorge Duarte, reitera que a interação da comunidade é essencial no processo. "Hoje, os espaços públicos de qualidade para frequentar são escassos e com dificuldades de acessibilidade. Promover esse tipo de iniciativa favorece muito as comunidades locais. Somente uma comunidade articulada pode atrair boas ações para esses espaços. Caso contrário, corre-se o risco de que pequenos grupos se apropriem do espaço público, o que foge da proposta", afirma.


Parklets devem beneficiar o comércio local  

A iniciativa, ainda, pode ser uma aliada do comércio local. Isso porque uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Mobilidade Verde mostrou que a proximidade dos parklets com estabelecimentos comerciais refletiu no aumento de 14% nas vendas de lojas ao redor da instalação. A explicação está na maior circulação de pessoas pelo espaço, de acordo com Paiva, que utilizou também como base uma pesquisa feita em Nova York. "Os pesquisadores avaliaram durante um ano o parklet e perceberam que a rua que tinha o espaço aumentou em 14% o comércio de rua porque no lugar onde paravam 40 carros por dia passaram a circular 300 pessoas. A gente começou a perceber que o parklet não estava tirando a vaga de carros, mas os carros tiravam a vaga de 300 pessoas", explica.

De olho na oportunidade de alavancar as vendas e contribuir com a melhoria do espaço público, Licoln Paiva acredita ser válido para o comerciante investir na instalação de parklets. "Quando o comerciante cria um espaço para as pessoas sentarem na frente do estabelecimento, ele começa a se conectar com seu entorno. E a população começa a entender que aquele comerciante está conectado com ela, patrocinando um espaço público. E o espaço vai começar a atrair as pessoas que trabalham e moram próximo do local, que entenderão que o comerciante está fazendo um bem para a comunidade", avalia.

Jorge Duarte também incentiva a participação do comerciante. "Empresários podem investir em espaços próximos aos seus comércios, mas é fundamental que se articulem com a comunidade local para definir o projeto e propostas de atividades para manter o lugar vivo e atraente", sugere.

Para auxiliar e instruir os interessados em implantar parklets pela capital paulista, o Instituto Mobilidade Verde realizou, em parceria com a Escola São Paulo, um workshop com as principais orientações. No encontro, prevaleceu a presença de arquitetos. No entanto, Licoln Paiva informou que estão previstos mais dois workshops após a Copa do Mundo e que a expectativa é contar com a participação de comerciantes e moradores da cidade. Jorge Duarte reitera. "É importante divulgar e incentivar para que pessoas físicas e jurídicas invistam nesse tipo de ação. As pessoas e a cidade ganharão muita qualidade de vida com isso", reforça o presidente do Conselho de Desenvolvimento Local da FecomercioSP.

A prefeitura de São Paulo disponibilizou aqui informações e um manual de implementação para os interessados em instalar parklets pela cidade.

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