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Economia

FecomercioSP: inadimplência cresce em São Paulo e atinge maior nível em 16 meses

Apesar da alta, mercado de trabalho aquecido e inflação mais moderada devem limitar impactos mais severos às finanças das famílias

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FecomercioSP: inadimplência cresce em São Paulo e atinge maior nível em 16 meses
Segundo a FecomercioSP, os dados indicam que as condições de renda estão gradualmente melhorando, com atrasos concentrados no curto prazo e baixo comprometimento da renda (Arte: TUTU)

A inadimplência entre as famílias da capital paulista atingiu, em julho, o maior patamar desde abril de 2024, segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). O porcentual de lares inadimplentes passou de 21,6%, em junho, para 22,1%, em julho, superando o índice de 19,9% registrado no mesmo mês do ano passado. Com a alta, o número absoluto de lares com contas em atraso chegou a 905,7 mil.

O aumento foi observado em todas as faixas de renda analisadas. Como era esperado, as famílias com menores rendimentos mostraram mais vulnerabilidade, pressionadas pelos juros elevados e pela inflação. Entre as casas que ganham até dez salários mínimos, a inadimplência subiu de 26,1% para 26,5%. Já no grupo com renda superior a esse valor, o índice passou de 10,5% para 11,3%.

Outro dado relevante captado pela pesquisa é o porcentual de lares que não conseguirão quitar as dívidas: 9,1% em julho, ante 9% em junho. Em relação ao mesmo período de 2024, houve crescimento — eram 8,2% há um ano, o que representa um acréscimo de quase 40 mil famílias. O tempo médio de atraso também aumentou, de 61,6 para 62,1 dias.

Inadimplência cresce, endividamento recua

A despeito da alta na inadimplência, o número de famílias endividadas na capital recuou em julho, interrompendo uma sequência de aumentos. O porcentual de lares com dívidas caiu de 71,4% para 70,9%, o que representa cerca de 2,9 milhões de famílias. O cartão de crédito continua sendo o principal fator de endividamento, presente em 80% dos lares, seguido pelo financiamento imobiliário (15,7%).

Ainda que de não tenha demonstrado uma mudança expressiva na comparação mensal, há um ano, o uso do cartão de crédito se mostrava mais dominante, com 86% de incidência. O crédito pessoal, por sua vez, que ocupava a segunda posição em 2024 com 15,4%, caiu para 11,9%. Segundo a FecomercioSP, o aumento nos financiamentos de longo prazo, como os de carro e imóvel, indica que as restrições do sistema financeiro estão mais concentradas nas modalidades de curto prazo.

Por faixa de renda, o endividamento continua mais alto entre as famílias que ganham até dez salários mínimos: 75% em julho, ante 76% no mês anterior. No grupo com renda superior, houve leve alta de 58% para 58,8%. No comparativo anual, os comportamentos se invertem. Entre os de menor renda, o endividamento aumentou em relação aos 73,6% de julho de 2024; já entre os de maior renda, houve queda em comparação aos 61,1% registrados há um ano.

O comprometimento da renda com dívidas também caiu em julho, chegando a 27% — o menor nível desde fevereiro, ainda dentro da faixa considerada ideal, de até um terço da renda. A intenção de contrair crédito também diminuiu, passando de 13,6%, em junho, para 12,7%, em julho, bem abaixo dos quase 20% registrados no início do ano.

Dentre os que ainda planejam buscar crédito, 10,3% pretendem usar o recurso para quitar dívidas e 5%, para o pagamento de contas. Quanto à forma de pagamento mais vantajosa, o cartão de crédito parcelado lidera, com 26%, seguido de perto pelo PIX, com 25,7%.

Segundo a FecomercioSP, apesar do avanço da inadimplência, os dados indicam que as condições de renda estão gradualmente melhorando, com atrasos concentrados no curto prazo e baixo comprometimento da renda. Além disso, o mercado de trabalho aquecido e a inflação mais controlada devem ajudar a conter a deterioração do cenário financeiro das famílias.

Nota metodológica 

PEIC 

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista. Em 2010, houve uma reestruturação do questionário para compor a pesquisa nacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e, por isso, a atual série deve ser comparada a partir de 2010.O objetivo da PEIC é diagnosticar os níveis tanto de endividamento quanto de inadimplência do consumidor. O endividamento é quando a família possui alguma dívida. Inadimplência é quando a dívida está em atraso. A pesquisa permite o acompanhamento dos principais tipos de dívida, do nível de comprometimento do comprador com as despesas e da percepção deste em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos, além de ter o detalhamento das informações por faixa de renda de dois grupos: renda inferior e acima dos dez salários mínimos. 

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