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Economia

FecomercioSP: intenção de consumo das famílias paulistanas atinge maior patamar desde fevereiro de 2015

Em agosto, índice cresceu 3,6% na comparação com o mês anterior; otimismo também apareceu nos lares de menor renda

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FecomercioSP: intenção de consumo das famílias paulistanas atinge maior patamar desde fevereiro de 2015
O que explica esse desempenho positivo é a maior capacidade de consumo das famílias (Arte: TUTU)

O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), indicador da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) atingiu, em agosto, o maior patamar desde fevereiro de 2015, apontando alta de 3,6%, na comparação com julho, e crescendo 31,3% no contraponto anual. Na escala de pontuação que vai de zero a 200 pontos (na qual abaixo de cem pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório), o indicador marcou 107,5 pontos contra os 108,2 registrados em fevereiro de 2015.

O levantamento da Federação também demonstrou que o índice de intenção de consumo das famílias que ganham até dez salários mínimos cresceu 4,4% e alcançou 106,9 pontos, diminuindo a média da diferença em relação àquelas que têm renda superior a essa faixa. Nos últimos 12 meses, a média havia sido de 13,4 pontos. No oitavo mês do ano, contudo, caiu para 2,4 pontos. A alta do ICF entre as famílias que ganham mais de dez salários mínimos foi de 1,4%, marcando 109,3 pontos.

Na avaliação da assessoria econômica da FecomercioSP, o que explica esse movimento é o fato de a deflação estar mais forte exatamente nessa faixa de renda, como apontado em outro levantamento da Entidade, o Custo de Vida por Classe Social (CVCS). Enquanto a inflação geral na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) subiu, em julho, 0,05%, para o estrato salarial mais baixo houve deflação no custo de vida de 0,31%. Na ponta oposta, elevação de 0,26% para a classe A. Os sete subíndices que compõem o indicador registraram aumento no mês. Momento para Duráveis apontou a maior variação: 8,6%, atingindo 75,4 pontos. O que explica esse desempenho positivo é a maior capacidade de consumo das famílias, em decorrência da inflação mais baixa, da melhora no emprego e dos descontos para veículos populares. Essa conjuntura contribuiu para a percepção mais positiva dos lares quanto à compra de bens duráveis.

Já o item Renda Atual foi beneficiado pela deflação dos alimentos. O subíndice avançou 2,5%, em agosto, e atingiu 131,1 pontos — crescimento de 34,9% em relação a igual período do ano passado. A perspectiva profissional também cresceu: 1,9% em relação a julho. Na comparação anual, o aumento foi de 21,3%. O item registrou 131,8 pontos, o que significa que as famílias estão enxergando um cenário de mais oportunidades para os próximos seis meses. 

O otimismo também chegou ao emprego. De acordo com o levantamento, a avaliação dos lares quanto ao item Emprego Atual cresceu 1,1%, saindo dos 127,3 pontos, em julho, para os 128,7 pontos, em agosto.

Os itens Nível de Consumo Atual e Perspectiva de Consumo avançaram 5,9% e 5,4%, respectivamente. O primeiro atingiu 79,6 pontos e o segundo, 108,7. A outra elevação no mês foi observada no Acesso ao Crédito, de 3,1% (97,3 pontos). 

Inadimplência e endividamento 

Embora o item Nível de Consumo Atual tenha apontado crescimento, permanece na zona insatisfatória, abaixo dos 100 pontos. Um dos motivos que ajuda a explicar esse resultado é a inadimplência. A Pesquisa do Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), relativa ao oitavo mês do ano, demonstra que o nível permanece elevado, não permitindo ainda que haja um avanço nos gastos das famílias. 

De acordo com a PEIC, o número de lares com contas em atraso passou de 24,1%, em julho, para 24,7%, em agosto. Em termos absolutos, trata-se de 1 milhão de famílias que não quitaram as contas até o vencimento e 420,7 mil (10,4%) que afirmam que não terão condições de pagar as dívidas em atraso — o maior nível da série histórica. Mesmo com o início em julho, o programa Desenrola, ainda não causou efeitos sobre o nível de inadimplência em São Paulo, até porque essa fase contempla somente as dívidas bancárias, e não as com as redes varejistas. Embora essa taxa para a faixa de renda superior a dez salários mínimos tenha sido de 12,2% (bem abaixo dos 29,7% do grupo que ganha menos), esse é o maior nível já registrado na série histórica da pesquisa, iniciada 2010. Isto é, os juros elevados têm impactado as famílias sem distinção de renda.

O endividamento, por outro lado, recuou para 68,9%, em agosto, saindo dos 70,7% do mês anterior — patamar abaixo dos 76,6% do mesmo período do ano passado. Atualmente, são 2,79 milhões de famílias que têm algum tipo de dívida. O cartão de crédito é o principal da lista, com 80,4%. Na sequência, vêm os carnês (14,5%), seguidos por crédito pessoal (12,2%) e financiamento da casa (11,7%). Dentre esses, o que chama a atenção é o crédito pessoal, que registrou patamar histórico elevado.

As famílias estão aumentando a intenção de contrair crédito ou financiamento. Para os próximos três meses, houve elevação de 10,6%, em julho, para 12%, em agosto. Esse crédito deve ser usado principalmente para consumo e compras (75,7%), enquanto para 24,3% deve ser usado para pagar dívidas ou contas.

Por fim, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) traz também uma importante recuperação da confiança dos paulistanos. Em agosto, o indicador atingiu os 131 pontos, altas de 5,3% (mensal) e 22,7% (anual). A melhora foi consequência tanto da avaliação das Condições Atuais” (5,5%) quanto da Expectativa (5,2%), no entanto, o otimismo é maior no olhar futuro (145,2 pontos contra 109,8 do índice de condições econômicas atuais). O ICC está no seu maior nível desde fevereiro de 2020, quando registrou 131,8 pontos, muito similar ao atual.

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