Por José Goldemberg e Cristiane Cortez*

Há cerca de 50 anos, o mundo vivia uma crise energética que causava enorme inquietação: o petróleo disparava de US$ 10 para mais de US$ 100 por barril. Temia-se que esse aumento devastasse a economia mundial e que recursos estratégicos, como o cobre, se esgotassem em poucas décadas, colapsando a civilização como a conhecíamos. O mundo, então, despertou para a urgência do desenvolvimento sustentável, que tem como princípio atender às necessidades do presente sem comprometer as das futuras gerações.

Essa consciência global iniciou naquela época e ecoa até hoje, com ainda mais força. Mas saber o que fazer não basta. É preciso saber como fazer. Foi com esse espírito prático que a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) assumiu, há mais de 15 anos, um compromisso firme com a sustentabilidade, com o propósito de transformar princípios em prática, discursos em diretrizes e intenções em ações concretas. Não se trata apenas de discutir grandes ideias, mas também de entender como os pequenos, os médios e os grandes empreendimentos podem contribuir, de forma efetiva, para um futuro mais equilibrado.

A sustentabilidade deixou de ser uma escolha e passou a ser uma necessidade estratégica. Com a proximidade da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) no Brasil, o País tem uma oportunidade única de se afirmar como protagonista universal no enfrentamento das mudanças climáticas. É nesse cenário que a FecomercioSP, por meio de seu Conselho de Sustentabilidade, lançou a sua Agenda Verde.

O documento, resultado de esforço contínuo, representa a destilação de valores amplamente discutidos e aceitos, ao traduzir ideias em práticas efetivas que empresas de todos os portes e setores podem adotar. Tudo alinhando produtividade com qualidade ambiental e mostrando que é possível crescer respeitando os limites do planeta.

Organizada em seis eixos basais — economia circular; uso eficiente de recursos hídricos e energéticos; combate à poluição; implementação do mercado de carbono; transição energética; e fim do desmatamento ilegal —, a Agenda apresenta 12 objetivos para que o Brasil avance no cumprimento de suas metas climáticas.

Destacam-se os estímulos à logística reversa, à geração voluntária de créditos de carbono, à eficiência energética, ao uso de fontes renováveis e à defesa de descontos no IPTU para incentivar ações de descarbonização e adaptação climática, tornando as cidades mais verdes e resilientes.

Embora os setores de Comércio e Serviços sejam um dos menores emissores de Gases do Efeito Estufa (GEE), têm papel estratégico na educação do consumidor e na disseminação de boas práticas ambientais. Por isso, a Agenda Verde enfatiza o engajamento com a sociedade, a escuta ativa e a cooperação entre setor produtivo, Poder Público e cidadãos.

Mais do que uma iniciativa institucional, a Agenda Verde é um chamado à ação e um convite para transformar sustentabilidade em vantagem competitiva, inovação e legado. Afinal, garantir um futuro próspero e equilibrado exige decisões corajosas — e a hora de agir é agora.

* José Goldemberg é ex-ministro do Meio Ambiente e presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP; Cristiane Cortez é assessora do mesmo conselho.