Mesmo em mercados considerados “saturados”, ainda há espaço para quem fizer melhor, mais rápido e mais barato. No universo das franquias, isso ganha uma dimensão particular: o Brasil já tem mais empresas franqueadoras do que os Estados Unidos — embora, em geral, com redes menores. Somadas, as cerca de 3,3 mil redes de franquia em operação no País movimentam em torno de R$ 200 bilhões por ano, geram muitos empregos e, sobretudo, oferecem oportunidades de empreender com a bagagem de marcas que acumulam décadas de experiência. 

“Para além de todo o charme e glamour em torno de uma franquia, nada mais é do que a replicação padronizada e disciplinada de um modelo de negócio”, enfatiza o consultor Marcelo Cherto, presidente e fundador do Grupo Cherto e um dos maiores especialistas em franchising da América Latina. “Na Casa Bauducco, por exemplo, são sempre os mesmos 16 passos para servir um cappuccino, nas mais de 200 lojas dessa rede.” Ele lembra que ainda que essa padronização esteja descrita em manuais e processos detalhados, isso não torna a operação simples, especialmente diante do complexo ambiente tributário brasileiro e das inúmeras obrigações acessórias exigidas das empresas. 

Por isso, antes de escolher uma marca, Cherto defende que o futuro franqueado faça uma autoavaliação honesta sobre perfil, habilidades e capacidade de gestão. “Gostar de sorvete é uma coisa, gostar de tocar uma sorveteria é outra bem diferente”, observa. “Se a pessoa não tem habilidade com vendas, é ideal que procure algo em que possa ser mais gestor e, assim, pôr uma equipe para fazer essas negociações. Precisa saber se precisa de um sócio que o complemente. Eu mesmo sou péssimo em engenharia tributária, então, preciso de pessoas boas nisso ao meu lado. Se é alguém que quer reinventar tudo e criar o tempo todo, precisa de alguém de processo que retome o foco.”  

Só depois dessa reflexão, diz o especialista, começa a etapa de investigação entre as 3,3 mil franquias para entender quais se encaixam no perfil e na capacidade de investimento do empreendedor. 

Nessa fase, a recomendação de Cherto é ouvir quem está na linha de frente. “O que mais recomendo é conversar com quem já é franqueado, não com um, mas com alguns. Essa é a principal providência. E, a eles, fazer as perguntas básicas: se arrependem? Incentivariam os familiares a investir naquilo? O que mudariam nas cláusulas do contrato se pudessem?”, complementa. 

E na hora de escolher o segmento, vale a pena dar uma atenção especial aos promissores mercados de saúde, bem-estar, beleza, educação e alimentação fora de casa, que despontam com grande força para públicos amplos e diversos. “Mas, independentemente do segmento, é essencial embarcar ferramentas de tecnologia ao negócio. Hoje em dia, a franquia precisa ser pensada em um mix de canais que o negócio usará”, sinaliza. 

No fim, Cherto resume que dar certo nesse ramo passa por combinar modelo e planejamento adequados, estrutura de pessoal ideal e processos bem definidos. “Quando tudo isso está alinhado, a chance de sucesso aumenta significativamente”, conclui. 

Assista ao bate-papo do mesacast Mercado & Perspectivas na íntegra!