Economia
16/05/2025Inflação reduz expectativa de consumo dos lares paulistanos em abril, apontam pesquisas da FecomercioSP
Com instabilidade econômica, famílias seguem cautelosas; na comparação anual, a confiança sofreu recuos de 14,3% e 5,2% no consumo

Em decorrência da instabilidade econômica, com alta dos juros e inflação, as famílias estão mais cautelosas quanto ao consumo. De acordo com pesquisas da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), os índices registraram quedas, mas ainda acima dos 100 pontos — que varia entre 0 e 200 pontos —, mostrando um otimismo moderado.
O indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que mede a disposição dos lares para consumir, apresentou um recuo de 2,3% em relação ao mês passado, totalizando 104,4 pontos em abril. Na comparação anual, a queda foi de 5,2%, marcando quedas seguidas nesse tipo de comparação.
[GRÁFICO 1]
ÍNDICE DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS (ICF)
12 meses
Fonte: FecomercioSP
Já o indicador que mostra o nível de otimismo, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), atingiu 111 pontos em abril, registrando queda de 3,6% em comparação com março. Em relação ao ano passado, a retração foi ainda maior (-14,3%), marcando também quedas consecutivas [gráfico 2].
[GRÁFICO 2]
ÍNDICE DE CONFIANÇA DO CONSUMIDOR (ICC)
12 meses
Fonte: FecomercioSP
De acordo com a FecomercioSP, essas quedas mostram a preocupação dos consumidores com o cenário econômico. As políticas monetárias contracionistas para tentar conter a inflação podem surtir efeito positivo, porém é preocupante como se consolidará esse processo a longo prazo, considerando o nível elevado de endividamento e inadimplência dos consumidores.
A Federação ressalta que tanto consumidores quanto empresários devem se adaptar ao cenário econômico atual. Para os primeiros, o planejamento financeiro é imprescindível, especialmente ao buscar atividades autônomas e prestação de serviços que ajudem a equilibrar o orçamento. Já os empresários devem acompanhar a demanda, ajustar preços, revisar custos e considerar estratégias como programas de fidelidade, crédito via PIX e expansão das vendas online.
Índices revelam cautela das famílias
Os subíndices que compõem os indicadores também registraram retração em abril, indicando maior sensibilidade dos consumidores diante da inflação e dos juros elevados, principalmente no grupo de alimentos.
No ICC, o Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA-ICC), que mede a percepção do consumidor sobre o momento presente, marcou 103,9 pontos e recuou 6,9% em relação ao mês anterior. No comparativo interanual, o indicador caiu 11,2%.
O Índice das Expectativas do Consumidor (IEC-ICC), que avalia a percepção sobre o futuro da economia e das finanças pessoais, por sua vez, atingiu 115,7 pontos, com quedas de 1,6%, no mês, e de 16,1%, no ano.
Dos sete componentes que compõem o ICF, apenas Emprego Atual apresentou pequena alta em abril (1%), chegando a 134,4 pontos. Contudo, os demais subindicadores apresentaram variações negativas, principalmente frente ao pessimismo do consumo de bens duráveis [tabela 1].
[TABELA 1]
ÍNDICE DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS (ICF)
Por faixa de renda
Fonte: FecomercioSP
Na análise por faixa de renda, os resultados sugerem um consumo mais cauteloso, mesmo entre as faixas mais favorecidas. O maior impacto foi sentido pelas famílias com rendimento mensal acima de dez salários mínimos (-3,2%), atingindo 112,9 pontos. Já entre as famílias com renda inferior a dez salários mínimos, o recuo foi de 1,9%, registrando 101,5 pontos.
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