Economia
16/03/2015País sério não tem inflação de 6% ou 7%, avalia especialista da American University
Na série da FecomercioSP “Pensando o Brasil”, Arturo Porzecanski diz que “o País viveu ano após ano com taxas de inflação perto de uma meta nada ambiciosa”

Por Alessandra Jarussi
“País sério não tem metas nem inflação de 6% ou 7%. Isso pode ocorrer em uma situação excepcional, mas o Brasil viveu ano após ano com taxas de inflação perto de uma meta nada ambiciosa. Outros países têm metas de 2% a 4% ou de 1% a 3%”. A avaliação é do diretor do Programa de Relações Econômicas Internacionais da American University, Arturo Porzecanski. Ele é um dos entrevistados do documentário Pensando o Brasil, produzido pela FecomercioSP nos Estados Unidos. A TV Folha exibe até junho uma série de 13 entrevistas, conduzidas pelo jornalista Adalberto Piotto, que constam do documentário.
“O Brasil avançou muito nos anos 1990 quanto à inflação, mas, depois, voltou atrás, assim como em relação à abertura comercial”, afirma Porzecanski. Além da inflação, o professor da American University vê com temor as atitudes do Planalto em relação à política de substituição das importações e às parcerias entre os setores público e privado. Preocupa também, segundo ele, a visão de que é mais importante melhorar a distribuição de renda do que propriamente gerar renda.
“O Brasil viveu um carnaval graças aos preços elevados das matérias-primas, mas esse carnaval acabou [...] Esse modelo de atirar dinheiro pela janela para resolver tudo não tem futuro sem outro ‘boom’ de commodities. E não haverá outro ‘boom’ de commodities. Estamos entrando em um ambiente internacional de deflação e não de inflação no estilo brasileiro”, alerta.
Ele resume o que deve ser trabalhado pela equipe econômica: a respeito da inflação, “o Brasil precisa de um BC sério, não de terceiro mundo, mas de primeiro mundo; também precisa de uma reforma abrangente das contas públicas – tanto do lado das despesas quanto do lado da tributação – e de uma reforma nas regras do jogo”.
Para Porzecanski, como o Estado brasileiro gasta muito e é ineficiente, “será necessário administrar os recursos menores nos próximos anos de uma maneira politicamente aceitável”. Segundo ele, não basta o novo ministro da Fazenda fazer alguns ajustes iniciais. “Ele terá uma tarefa difícil por muitos anos, juntamente com a sua equipe, fazendo as mudanças que precisam ser feitas para um futuro melhor. Caso contrário, o País vai continuar como está agora”, conclui.
Confira aqui a entrevista divulgada pela TV Folha.
Todos os direitos patrimoniais relativos ao conteúdo desta obra são de propriedade exclusiva da FECOMERCIO-SP, nos termos da Lei nº 9.610/98 e demais disposições legais aplicáveis à espécie. A reprodução total ou parcial é proibida sem autorização.
Ao mencionar esta notícia, por favor referencie a mesma através desse link:
www.fecomercio.com.br/noticia/pais-serio-nao-tem-inflacao-de-6-ou-7-avalia-especialista-da-american-university
Notícias relacionadas
-
Imprensa
Alta de alimentos e remédios pressionaram custo de vida em abril, que subiu 0,43%
Custo de vida subiu 0,43%; nos últimos 12 meses, elevação já passa de 6%
-
Economia
Carta de Conjuntura: inflação dos serviços preocupa mais que a de alimentos
LegislaçãoGoverno isenta a importação de itens para conter inflação