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Economia

“Precisamos entender os incentivos que levam à corrupção”, diz Paul Lagunes

Para PhD em Ciência Política, corrupção está ligada a estímulos que sociedades proporcionam a atos desonestos

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“Precisamos entender os incentivos que levam à corrupção”, diz Paul Lagunes

Para Paul Lagunes, atos corruptos surgem em consequência dos incentivos e falta de sanções que existem nas sociedades
(Foto/TUTU) 

Embora muitas vezes associada a indivíduos, a corrupção se manifesta em função dos incentivos que determinada sociedade propicia para que os cidadãos ajam descumprindo leis, faltando com a ética e atuando de forma a colher benefícios próprios em detrimento do bem coletivo. Dessa maneira, uma mesma pessoa comprovadamente corrupta em um país poderia não agir dessa forma se vivesse em outra nação. Essa é a interpretação de Paul Lagunes, PhD em Ciência Política e professor assistente da Columbia School of International and Public Affaris.

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Em entrevista ao UM BRASIL, em parceria com a Columbia Global Centers | Rio de Janeira, ele diz que, para identificar por que a corrupção é mais frequente em certos países do que em outros, é necessário pensar na estrutura da sociedade e quais são os incentivos que podem levar as pessoas a terem esse comportamento.

“Vamos supor que você esteja em um país escandinavo. Ou até mesmo no Brasil ou no México. Você é a mesma pessoa, mas quando está em sociedades diferentes, as regras mudam também. Dessa forma, o comportamento muda”, afirma Lagunes.

“Eu sei que no México para conseguir um contrato com o governo, se eu for totalmente honesto, será mais difícil obter esse contrato. Mas em um país escandinavo, se eu tentar pedir propina, estarei em desvantagem, pois vou me destacar como uma das poucas pessoas que tentam conseguir o contrato de forma corrupta”, completa o professor, que é mexicano.

De acordo com Lagunes, embora o que se caracteriza por corrupção possa ser debatido, o estudo do ponto de visto econômico permite perceber sanções e recompensas para reduzir a prática, uma vez que esses atos causam impactos negativos diretos na sociedade.

Além disso, sociedades cujos governantes e parlamentares são alvos constantes de escândalos de corrupção possuem menos confiança no sistema político.

“Várias pesquisas mostram que a corrupção diminui a percepção de autenticidade do governo. Um governo que se mostra corrupto perde a confiança do povo. Assim, será mais difícil para esse governo liderar o povo. Sabemos que governos corruptos também possuem maior insuficiência orçamentária. Acordos corruptos são difíceis de executar, deixando a economia, que se apoia nesses acordos, menos eficiente”, diz o PhD em Ciência Política.

Para Lagunes, as investigações que têm acontecido no Brasil envolvendo políticos são motivo para o País se orgulhar, e os demais países da América Latina deveriam seguir o exemplo. O próximo passo, segundo ele, é criar mecanismos ou sanções que impeçam a expansão de um sistema desonesto.

“Quero parabenizar o Brasil por lutar contra a corrupção ativamente e acusar os corruptos. Tendo dito isso, não podemos só focar na acusação. Também é preciso passar por uma reforma institucional que impedirá a corrupção no futuro.

Precisamos entender os incentivos principais que levaram à corrupção. Isso é necessário. Mas quando acusamos a corrupção, acabamos com a impunidade. O corrupto percebe que não será mais protegido e que as regras mudaram. Se voltarem a agir dessa forma, serão punidos.”

Na entrevista, o professor da Columbia School of International and Public Affairs também fala sobre como a corrupção prejudica mais os mais pobres e como se manifesta em obras de infraestrutura.

A entrevista integra a série que discute estratégias para o crescimento e o papel do Estado na economia, gravada em São Paulo e no Rio de Janeiro, em dezembro de 2016.

Confira na íntegra abaixo:

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