Sustentabilidade
29/04/2014Programa ambiental de auto centers aproveita vida útil de produtos
Itens de automóveis que seriam descartados antes do tempo ganham maior tempo de uso, beneficiando o meio ambiente e o bolso do cliente

Uma loja comum busca atrair clientes e elevar o volume de vendas dos produtos comercializados. A rede de auto centers D’Paschoal, presente em sete estados, entretanto, optou por seguir uma linha diferenciada e priorizar o cuidado com o meio ambiente ante o aumento de vendas da empresa.
Ciente do elevado número de materiais que eram destinados à sucata, a empresa estudou a situação e constatou que boa parte dos resíduos jogados no lixo, na verdade, ainda tinham vida útil.
Produtos como baterias de carros e amortecedores eram trocados dos automóveis antes mesmo de deixarem de funcionar. A troca era realizada por decisão dos clientes e, também, por sugestão dos vendedores.
Para reduzir esse descarte, a D’Paschoal implantou, em 2007, o programa Economia Verde, que conscientiza os clientes sobre o uso correto de peças, orientando-os a apenas trocar os itens necessários, como explica o presidente da empresa, Luis Noberto Pascoal.
“Trocar antes [o item] é prejuízo para todo mundo. Só vira sucata quando não há mais uso. É preciso testar antes de trocar uma peça. Acho um absurdo jogar as coisas fora”, afirma.
Para resolver a problemática, todos os funcionários da empresa passaram por treinamento. “Não poderíamos mudar a questão se não criássemos uma nova cultura. Foi o mais caro investimento que fizemos”, indica Pascoal.
O presidente da empresa disse que metade dos funcionários teve que ser reposta, já que a nova prática reduz as vendas, prejudicando o ganho extra da comissão. Os fornecedores também ficaram apreensivos com o novo modelo. Além disso, alguns clientes são contrários ao método utilizado.
“As pessoas consumistas adoram trocar as peças. Foi algo estranho para elas. É contra a lógica empresarial, mas é sustentável. Paramos de vender um monte de produtos. Não tem benefício direto nenhum. Sustentabilidade é algo pessoal”, assinala.
Mesmo assim, Pascoal deu continuidade ao projeto por acreditar no bem ambiental que estava promovendo. A implantação do programa acarretou a redução de troca de alguns produtos, como 30% de amortecedores e 5% de baterias.
A iniciativa foi finalista do 2º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade, na categoria Grande Empresa. Para Pascoal, o objetivo era disseminar a ideia desenvolvida pela companhia, na tentativa de proliferar os ideais sustentáveis. “Queria que mais empresas fizessem o que a D’Paschoal faz”, indica.
De acordo com o presidente da empresa, a participação no prêmio trouxe alguns benefícios. “O prêmio tem viés duplo: ajuda a ficar mais motivado para seguir o projeto e ajuda pela divulgação. Participar do prêmio foi ótimo e excelente pela divulgação”, afirma.
Apesar disso, Pascoal indica que há pouca intenção das empresas em seguir o mesmo modelo, já que as vendas são prejudicadas e é necessário abrir mão de parte dos ganhos para promover a sustentabilidade. “A gente é meio fora da curva. Ninguém faz, é difícil. Certas coisas como essa só são válidas se outros empresários acreditam na mesma ideia. Mas valeu a pena desde o dia zero”, reitera.
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