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Negócios

Reciclando borracha e ideias, vietnamita cria marca de sucesso no Brasil

Thái Quang Nghiã precisou se adaptar a diversas situações até atingir o sucesso com a empresa de sandálias Goóc

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Reciclando borracha e ideias, vietnamita cria marca de sucesso no Brasil

Para o vietnamita, a reciclagem é parte da sua filosofia de vida
(Arte/TUTU)

Dos limões, uma limonada: seguindo a filosofia budista da felicidade incondicional, o vietnamita Thái Quang Nghiã reinventou a si mesmo, os seus negócios e as mercadorias que dão origem aos seus produtos para conquistar o mercado brasileiro de chinelos e sandálias.

Sabendo que o Brasil consumia 35 milhões de pneus por ano em 2004, Nghiã decidiu que iria aproveitar esse material (que era jogado fora) em seu novo negócio – dez anos depois, em 2014, o número de pneus descartados chegou a subir para 70 milhões.

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Ele se valeu do conceito que conheceu em uma viagem aos Estados Unidos para criar uma marca de sandálias com materiais reciclados. “Já morava no Brasil há alguns anos e fui visitar parentes nos Estados Unidos. Lá, vi as pessoas calçando um tipo de sandália com solado rígido, semelhante às sandálias usadas pelos vietcongues na Guerra do Vietnã, feitas de pneus cortados amarrados com tiras de borracha”, lembra o empresário. “Era um símbolo de resistência e luta”. A partir disso, decidiu que iria agregar o valor ecológico aos pneus descartados, criando a marca Goóc.

Para o vietnamita, a reciclagem é parte da sua filosofia de vida. “Goóc significa raiz”, explica. “Nossa intenção é agregar essa mensagem aos produtos. Somos contra a cultura do descartável: produzimos artigos duráveis, até demais. Alguns clientes chegam a reclamar que os chinelos não acabam, para que possam comprar novos”, comenta.

Em 2010, com seis anos de mercado, a Goóc já faturava R$ 50 milhões anuais. “Vendíamos 15 mil pares de sandálias por dia”, lembra Nghiã.

Revezes
No entanto, em 2011, todo o estoque da Goóc foi consumido em um incêndio. “Perdi muitos clientes, porque não consegui entregar a produção. Quase quebramos”, lembra o empresário. O fogo destruiu um estoque estimado em R$ 7 milhões.

O vietnamita precisou, então, adaptar o negócio para conseguir manter a empresa funcionando. “Terceirizamos a produção, hoje quase toda feita na cidade de Franca, no interior de São Paulo. Em vez de centenas de funcionários, temos 30 empregados na fábrica”, relata Nghiã, sobre a marca, que hoje voltou a faturar R$ 10 milhões anuais.

Esse não foi o primeiro grande revés que ele teve de enfrentar. Em 1979, aos 21 anos, fugindo do Vietnã em um barco de pesca, passou quatro dias à deriva no mar. Foi salvo por um navio petroleiro da Petrobras e, por isso, veio para o Brasil. Nghiã fugia da Guerra do Vietnã, depois da dominação comunista em seu país natal. O conflito, que está entre os mais violentos do século 20, aconteceu no contexto da Guerra Fria, entre os anos de 1959 e 1975.

Depois que chegou ao Brasil, Nghiã estudou Matemática na Universidade de São Paulo (USP) e Marketing no Mackenzie até que, em 2004, abriu a fábrica de sandálias com solado feito de borracha de pneus reciclados.

Confira a entrevista completa com o empresárioThái Quang Nghiã na última edição da revista C&S disponível aqui.

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