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Economia

São Paulo incentiva mercado popular no entorno de pontos de transporte público

Plano Diretor Estratégico orienta a reserva de espaços adequados para a atividade em locais de grande circulação de pedestres

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São Paulo incentiva mercado popular no entorno de pontos de transporte público

O entorno de pontos de transporte público na capital paulista é comumente ocupado por opções de mercado popular, com ambulantes que geralmente aproveitam o fluxo intenso de pedestres para oferecer produtos. A atividade pode agora ganhar maior reconhecimento no mercado e também espaços organizados na cidade para atuar em harmonia com o tecido urbano e com a população. Isso porque o Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo prevê a reserva de espaços para mercados populares em locais de grande circulação de pedestres, a exemplo dos arredores de estações de trem, metrô e terminais de ônibus.
 
Para Paula Santoro, professora-doutora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), a diretriz do PDE serve como um incentivo para que os novos projetos urbanos considerem a inclusão desses espaços para a atividade, não sendo uma obrigatoriedade. "Hoje em dia esse mercado popular existe, é um fato, e, muitas vezes, é precário. Se dá geralmente em calçadas onde não cabe adequadamente. O Plano Diretor não garante, no entanto, a implantação desse comércio. Depende da elaboração de projetos de intervenção urbana nesse eixo, no entorno dos corredores de transporte público. Depende da própria vontade do projeto. O Plano Diretor pensou que a transformação urbana deve prever espaços para esse tipo de uso", assinala.
 
Para a professora, a diretriz do PDE é uma maneira de validar a atividade. "Essa menção no Plano Diretor está mais preocupada com a inclusão social da atividade econômica, reconhecendo que é legítima e se dá na cidade" indica.
 
Paula acredita que o esforço para reservar espaços adequados para o comércio popular no entorno do transporte público dependerá individualmente de cada projeto e, principalmente, do mercado envolvido. "Se o projeto vai transformar a cidade, que tenha espaço para o mercado popular, que hoje é marginal. Que a atividade seja reconhecida e respeitada. O mercado precisa se interessar e fazer empreendimentos com espaços onde esses comerciantes devem estar inseridos prioritariamente", sugere.
 
A professora acredita que o comércio ambulante não atrapalha a circulação de pedestres, mas que a maneira como está inserido hoje na cidade impede o melhor aproveitamento do espaço, que poder ser otimizado. "O problema não é o camelô, mas, sim, a calçada apertada. Ele vende o produto, todo mundo consome, mas é preciso ter espaço adequado para a atividade acontecer e a cidade crescer com qualidade. Hoje existe competição pelo espaço e isso não garante a acessibilidade e mobilidade dos usuários do transporte nem do comércio".
 
Para o presidente do Conselho de Desenvolvimento Local da FecomercioSP, Jorge Duarte, a iniciativa é positiva não só para os trabalhadores do ramo, mas também para a cidade. "Combate a concentração insustentável de alguns pontos do centro da cidade. A ação poderá distribuir de forma mais homogênea o consumo na capital paulista".
 
O consumidor também seria impactado de maneira positiva pelo novo desenho, assinala Duarte. "Espaços de mercado popular em terminais de transporte facilitam a vida, principalmente, do trabalhador que utiliza de duas a três horas para se locomover de casa ao trabalho e vice-versa. Ter acesso a bens de consumo do cotidiano ou de vestimentas pessoais pode lhe poupar o tempo do sábado para realizar outras atividades", considera.
 
Paula Santoro complementa: "os pedestres ganhariam e também os comerciantes ambulantes, que estão sendo reconhecidos. A cidade ficaria mais bonita e incorporaria as regras de acessibilidade com as quais a gente precisa se preocupar mais porque atendem a um público muito amplo. Precisamos ficar atentos à cidade ser acessível", afirma.
 
Os novos projetos na capital paulista que buscarem reservar espaços para o mercado popular precisam considerar algumas características, sugere Duarte. "O mercado deve prever espaços abertos com fácil circulação e acessibilidade total para pessoas portadoras de deficiência. O verde deve estar presente, seja com árvores ou grandes vasos de plantas, além de garantir lugares para descanso e convivência. Não podemos pensar apenas no consumo desenfreado, mas na humanização dos espaços públicos onde pessoas possam se relacionar", indica.
 
A professora da FAU-USP ainda acrescenta que os comerciantes ambulantes não devem ficar alocados em centros comerciais, pois o modelo de negócio não condiz com a ideia da atividade econômica, que é estar onde a população circula.
 
Para Jorge Duarte, além dos terminais de transporte público, outros pontos da cidade podem abrigar os comerciantes ambulantes. "Considero importante levar esse tipo de proposta para os bairros mais periféricos. Além de distribuir melhor a mobilidade das pessoas, poderá dinamizar a economia de muitos bairros", avalia.
 

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