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Sustentabilidade

Vidros quebrados viram peças de ecodesign

Ação acontece em Bonito (MS) e é realizada por ONG que recebe cerca de três toneladas de resíduos por mês

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Vidros quebrados viram peças de ecodesign

Peças quebradas são transformadas em copos, jarras e luminárias
(Arte TUTU)

Por Deisy de Assis

O vidro é um material que, uma vez descartado no meio ambiente ou em aterros sanitários, não se decompõe. Porém, trata-se de um resíduo 100% reciclável. E foi esse potencial que levou a Organização Não Governamental (ONG) Amigos do Rio Formoso, em Bonito, Mato Grosso do Sul, a manter a Casa do Vidro e reaproveitar o material para a produção de peças de ecodesign, como copos, jarras e luminárias.

Inscreva-se no 6º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade.

O local recebe aproximadamente três toneladas por mês de objetos de vidro quebrados ou sem utilidade , que são entregues por moradores e comerciantes em seu ecoponto. Segundo uma das diretoras da ONG, Luciana Brandalize, em média, 70% desse total têm sido reaproveitado para a criação das peças artesanais.  “Com isso, produzimos em torno de 1,5 mil novas peças de design mensalmente.”

Ela explica que a casa ainda não possui processo de reciclagem, no qual o vidro é desfeito e vira outra peça. “O que fazemos é a reutilização: dar nova utilidade para a peça quebrada, transformando-a em outra.”

Além da produção, a Casa possui um showroom em que os produtos são comercializados. “Fazemos também minipalestra para os visitantes, contando sobre os processos e a importância da destinação correta dos resíduos recicláveis”, afirma Luciana.

Todo esse trabalho fez da sede um ponto turístico de Bonito. De acordo com a diretora, o reconhecimento é reflexo de um trabalho de muito empenho do arquiteto Carlos Cardinal, que em 2014 fundou a Casa do Vidro.

Ele criou o local depois de participar do Empretec, seminário desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU), que no Brasil é ministrado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Em julho deste ano, Cardinal passou o comando da Casa para as mãos da ONG e hoje atua como colaborador na criação de peças.

Parcerias

Segundo a diretora, um dos principais desafios para que o trabalho se mantenha é a ausência de apoio e parcerias fixas. Atualmente, apenas o restaurante Casa do João contribui com a iniciativa com regularidade.

“Desde que abriram a Casa do Vidro, envio para lá todo o vidro descartado no restaurante, principalmente garrafas de bebidas cujas fabricantes não fazem a logística reversa”, conta João Roza Vizcaino, um dos sócios do estabelecimento.

O empresário frisa que, como não conta com coleta seletiva em sua região, não saberia para onde encaminhar o material se não fosse o ecoponto da Casa do Vidro.

Vizcaino também fomenta a iniciativa ao comprar copos e luminárias para o seu restaurante. “São produtos bonitos e, quando opto por eles, sei que estou ajudando uma ação importante para a sustentabilidade do planeta.”

Na opinião da assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Cristiane Cortez, iniciativas como a de Bonito são raras no País. “A Casa de Vidro desempenha um importante trabalho, reutilizando vidro”.  

Cristiane ressalta  que a Política Nacional de Resíduos Sólidos prioriza a reutilização em relação à reciclagem e ainda lembra que a reciclagem do vidro tem ciclo infinito. Não importa quantas vezes o vidro foi desfeito para se tornar outro, ele sempre poderá passar por novo processo de reciclagem.”

“É fundamental que tanto a população quanto os empresários aproveitem o ecoponto disponibilizado no local para descartar os objetos de  vidro impróprios para uso, pois não devem ser descartados juntamente com  a fração do lixo encaminhada aos aterros sanitários. É necessário  que o vidro seja reutilizado ou reciclado”  completa Cristiane.

 Planos futuros

Para 2017, a Casa do Vidro tem alguns novos projetos. Um deles é o encaminhamento para a reciclagem do material remanescente, ou seja, os aproximadamente 30% que chegam ao ecoponto, mas não têm condições de reaproveitamento.

“O material irá para Dourados, outro município de MS, para ser moído e transformado em revestimento de parede, para texturas e outros acabamentos”, diz Luciana, que destaca que o novo destino permitirá o aproveitamento de 100% do que é recebido no local.

Outro plano da ONG é angariar fundos para aumentar o número de máquinas. A ampliação viabilizaria a oferta de cursos de capacitação profissional para jovens na oficina da Casa do Vidro. “Assim, vamos alcançando mais pilares da sustentabilidade, contribuindo para a formação e empregabilidade desses jovens.”

Prêmio FecomercioSP de Sustentabilidade

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) lançou a sexta edição do Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade, que acontecerá em março 2018.

A nova edição tem como tema os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Trata-se de uma agenda mundial adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), com 169 metas a serem atingidas pela humanidade até o ano de 2030. Essas medidas envolvem ações nas áreas de erradicação da pobreza, segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, entre outras.

Serão reconhecidos projetos com foco nos princípios da sustentabilidade. As categorias contempladas são: empresa; indústria; órgão público; academia; reportagem jornalística; e entidades empresariais.

Os finalistas serão anunciados em fevereiro de 2018. Os vencedores receberão títulos de capitalização ou previdência, no valor de R$ 15 mil, e troféu. Os trabalhos classificados em segundo e terceiro lugares também serão reconhecidos.

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