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Economia

Inflação dos Serviços exigia aumento, ainda que menor, da Selic

Elevação em 0,5 p.p., anunciada nesta quarta-feira, sinaliza preocupação do Copom quanto ao poder de compra da população em meio à disparada dos preços no setor

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Inflação dos Serviços exigia aumento, ainda que menor, da Selic
O aumento da taxa básica de juros do Brasil, a Selic, em 0,5 ponto porcentual (p.p.) foi necessário

O aumento da taxa básica de juros do Brasil, a Selic, em 0,5 ponto porcentual (p.p.), anunciada nesta quarta-feira (7) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), é necessário. Trata-se, antes de tudo, de uma resposta do órgão à preocupante escalada da inflação mesmo em uma conjuntura de juros já elevados. Agora, a taxa fica em 14,75% ao ano (a.a.) — a quarta maior nominal do mundo.

De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), dados recentes, como a escalada de preços dos Serviços, não davam outra opção ao comitê. Serviços intensivos em mão de obra registram uma média móvel anual de 6% de alta, enquanto os subjacentes estão em 4,5%. Particularmente sensíveis ao nível de atividade econômica e ao aumento da renda disponível pela população, esses dois segmentos refletem como a demanda continua aquecida no País.

[TABELA 1]

Variação da taxa Selic (2023–2025)

Fonte: Copom
 

 

Isso acontece porque o mercado de trabalho permanece bastante ativo, mesmo com o aumento ligeiro da taxa de desemprego na última medição do IBGE (para 7%, no trimestre encerrado em março). 

A consequência dessa conjuntura é a manutenção do consumo e da demanda por serviços, forçando o Copom a ajustar o descompasso consequente entre oferta e demanda. Ao fazer isso, o órgão ajuda a conter a inflação desse setor e, ainda, a evitar que o poder de compra da população seja afetado pela disparada dos preços. 

Mas não é só isso: o comitê ainda precisa lidar com o grave problema fiscal brasileiro. Na medida em que o governo não oferece sinais de que fará um ajuste mais austero das contas públicas, as dúvidas que pairam no mercado impedem que os juros caiam de forma mais acelerada e sólida. 

Por outro lado, o cenário internacional vive um cenário de reacomodação com a guerra comercial iniciada por Donald Trump, nos Estados Unidos, ameaçando desacelerar o crescimento mundial de forma expressiva. Além dos movimentos imprevisíveis da Casa Branca, as incertezas sobre as reações da China têm gerado apreensão — e, no que diz respeito ao BC, contribuem para uma intensidade menor na subida dos juros. 

Por tudo isso, a decisão adotada nesta quarta é acertada, ao diminuir o ritmo das elevações da Selic — não mais em 1 p.p., como anteriormente —, mas mantendo o compasso de preocupação com a economia em geral. O Copom ainda atua corretamente ao oferecer credibilidade às suas ações. 

Na reunião anterior, em março, o comitê havia sinalizado que continuaria elevando a Selic nos encontros seguintes, mas diminuiria a velocidade desse ciclo. Esperado pelo mercado desde então, o movimento atual reforça a importância da previsibilidade para os atores econômicos. Nesse sentido, foi um ato responsável, como vem sendo há bastante tempo.

Na leitura conjuntural da FecomercioSP, o ciclo de alta da Selic pode estar terminando. O aumento anunciado nesta quarta-feira pode ser o último, já que o BC indicou essa possibilidade e os efeitos dos reajustes anteriores ainda não foram sentidos. Agora, é momento de aguardar os reflexos e, só então, definir os próximos passos.

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