Economia
15/05/2025Alimentos fizeram custo de vida subir novamente em São Paulo em março
Indicador subiu 0,59% no mês, puxado por elevação de itens básicos, como o tomate, que ficou 37% mais caro; impacto foi mais sentido na Classe E

O custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) variou 0,59% em março, marcando uma desaceleração em comparação com fevereiro, quando havia subido 1,23%. Os dados são do Índice de Custo de Vida por Classe Social (CVCS), calculado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base nas informações do IPCA/IBGE. No acumulado de 12 meses, o CVCS registra alta de 5,92%.
O principal fator que contribuiu para mais uma alta do indicador foi o grupo de alimentos e bebidas, que avançou 0,89%, impactando o resultado geral em 0,20 ponto porcentual (p.p.). O aumento é ainda mais relevante no acumulado de 12 meses, que registra alta de 8,41%. Esse grupo representa pouco mais de 22% do CVCS e tem o maior peso na composição do índice.
As famílias das classes de renda mais baixa foram as mais impactadas. Na classe E, a variação foi de 0,66%, enquanto para a D, de 0,67%. Já na classe B, a alta mensal foi de 0,51%. No acumulado de 12 meses, há aumento de 6,48% para a classe E, contra 5,64% para a classe A.
A desaceleração do custo de vida era um movimento esperado depois da eliminação das pressões sazonais, observadas em fevereiro. A perspectiva da FecomercioSP é que a inflação seguirá pressionando os lares, principalmente em decorrência dos preços da comida e do reajuste dos medicamentos previsto para abril. O CVCS acumula alta em 12 meses bem acima dos 3,09%, registrados no mesmo período do ano passado. As famílias da RMSP, além dessa conjuntura, terão de lidar com os juros elevados que dificultam o equilíbrio do orçamento doméstico.
Alimentos lideram alta do custo de vida
A alimentação fora do domicílio subiu 1,11% em março. As refeições e o café da manhã tiveram reajustes de 1,5%, enquanto o cafezinho apresentou alta de 4,5%. Para a classe A, a variação de preços no grupo de alimentação e bebidas foi de 0,97%, enquanto para a classe E foi de 0,76%.
Nos supermercados, a elevação média foi de 0,74%. O tomate registrou alta expressiva de 37,3%, e o café moído, de 6%. Outros itens importantes também subiram, como a alface (4,9%) e o pão francês (2,4%). Por outro lado, as carnes apresentaram queda de 1,3%, mantendo o recuo iniciado após a forte alta registrada no fim do ano passado.
Transportes, habitação e saúde também registraram expansão
Além dos alimentos, o grupo de transportes também contribuiu para o avanço do custo de vida, com aumento de 0,52% e impacto de 0,11 p.p. As passagens aéreas, com alta de 11,2%, e os combustíveis, com aumento de 0,5% na gasolina e no etanol, foram os principais destaques.
Os preços de produtos e serviços relacionados à habitação e à saúde também apontaram alta: 0,48% e 0,64%, respectivamente, com a mesma contribuição de 0,08 p.p. A energia elétrica residencial subiu 1,2%, ao passo que os medicamentos antigripais e anti-inflamatórios tiveram altas de 3,5% e 2,7%, respectivamente — como já mencionado, em abril espera-se uma elevação mais expressiva nos preços, em razão do reajuste anual dos medicamentos.
O grupo de despesas pessoais fechou o mês com alta de 1,25% e impacto de 0,06 p.p. para o índice geral. Nos serviços, os cinemas apresentaram alta de 8,2% e os hotéis, de 4,5%. Já no varejo, houve aumento de 2,7% nos alimentos para animais, 1,9% nos brinquedos e 1,4% nas bicicletas. As elevações afetaram principalmente as famílias de renda mais alta, com variação de 1,35% na classe B e de 1,03% na classe E.
Por fim, vestuário (0,76%), comunicação (0,45%) e educação (0,19%) também registraram elevação. O grupo de artigos do lar foi o único a apresentar queda no mês (-0,40%), puxada principalmente pela redução média de 2% nos preços de microcomputadores.
Índice de Preços no Varejo (IPV)
O IPV subiu 0,50% no mês, acumulando alta de 1,56% no ano e 6,31% em 12 meses. De janeiro a março de 2024, o índice somou 0,77%, e entre abril de 2023 e março de 2024, 0,96%. Dos oito grupos avaliados, apenas artigos de residência sofreu queda (-0,50%). A variação mensal de preços foi percebida de forma diferente entre as classes sociais: 0,56% para a classe A; 0,53% para a D; 0,45% para a B; e 0,49% para a C.
Índice de Preços de Serviços (IPS)
Por fim, o IPS subiu 0,68% no mês, acumulando alta de 2,22% em 2025 e 5,5% nos últimos 12 meses. Entre janeiro e março de 2024, a alta foi de 1,19%, e de 5,38%, entre abril de 2023 e março de 2024. Nenhum dos oito grupos apontou queda, sendo que os maiores impactos ficaram por conta dos segmentos de alimentação e bebidas (1,11%) e transportes (1,03%). As classes D e E sentiram mais o aumento, com variações de 0,87%, enquanto nas classes A e B, as altas foram de 0,60% e 0,57%, respectivamente.
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