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Economia

Após período eleitoral, 2019 deve consolidar retomada da economia, com elevação de 3% do PIB

Para FecomercioSP, novo governo deve possibilitar encaminhamento e aprovação das reformas nas áreas tributária, previdenciária e de gastos públicos e diminuir a burocracia

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Após período eleitoral, 2019 deve consolidar retomada da economia, com elevação de 3% do PIB

As privatizações e as concessões propostas pela nova equipe econômica também podem impulsionar investimentos nos próximos anos
(Arte: TUTU)

Ainda que muito abaixo do que era esperado para o período nas projeções feitas no fim do ano passado, 2018 foi o segundo ano de recuperação da economia brasileira. Entre 2014 e 2016, o País perdeu 8% do seu produto interno bruto (PIB), e o consumo das famílias caiu cerca de 20%. Segundo projeções da Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), em 2018, o PIB tende a fechar o ano com elevação de 2%. A inflação, medida pelo IPCA, deve atingir 4%, enquanto as vendas do varejo no Brasil devem fechar positivas em 3%, mesma taxa de crescimento esperada para a indústria.

Ainda de acordo com a FecomercioSP, o mercado e o setor produtivo esperam um novo governo que coloque de forma clara as medidas prioritárias e suas diretrizes sobre a política econômica. Além de promover ajustes fiscais, reduzir seu grau de interferência, possibilitar encaminhamento e aprovação das reformas nas áreas tributária, previdenciária e de gastos públicos e diminuir a burocracia, estimulando o ambiente de negócios. De imediato, o varejo e o setor de serviços provavelmente se beneficiarão da confiança em alta, e o Natal tende a ser um momento mais positivo do que a média do ano, indicando um bom começo em 2019.

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As projeções da Federação apontam ainda que, em 2018, a expectativa é de um superávit de US$ 55 bilhões na balança comercial brasileira, saldo positivo que deve se repetir em 2019, em US$ 40 bilhões.

Diante de todo esse quadro, ainda de incertezas, mas visto com otimismo pela Entidade, as projeções para 2019 são melhores do que as dos últimos anos. Além disso, as privatizações e aceleração das concessões propostas pela nova equipe econômica também podem impulsionar investimentos de forma relativamente rápida no País nos próximos anos, o que beneficia a geração de emprego e renda e, consequentemente, consumo. O recente crescimento da confiança de consumidores e empresários tende a ser mantido e até acelerado com o efetivo início do novo governo em janeiro de 2019 – se, de fato, as observações acima se concretizarem.

Confiança
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) iniciou o ano de 2018 registrando a quarta alta consecutiva e o maior nível de confiança desde setembro de 2014 – antes do forte ciclo recessivo que atingiu a economia brasileira em 2015 e 2016. Para o mês de dezembro, estima-se um ICC com um patamar de aproximadamente 116 pontos, considerando-se as condições socioeconômicas presentes neste momento. Assim, o índice deve fechar 2018 cerca de 5,8% acima do verificado em 2017.

Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, mesmo existindo instabilidades política e econômica, houve uma atmosfera mais positiva em 2018 em decorrência da diminuição do custo de vida, com melhores ganhos de renda, consequência da inflação mais baixa e melhores resultados do emprego aliado ao crédito mais barato.

Em fevereiro, o indicador voltou a subir; em março e abril, sofreu queda e retornou o avanço em maio. Entretanto, a greve dos caminhoneiros em meados daquele mês atingiu diretamente a vida financeira das famílias, aumentando as incertezas políticas e a pressão sobre os preços. Com isso, o ICC voltou a registrar queda nos meses de junho e julho. No mês de agosto, o índice avançou com percepções médias atuais (ICEA), crescendo depois de cinco quedas consecutivas. Houve uma instabilidade natural dos indicadores que compõem o índice à medida que as incertezas aumentavam. O ICC voltou a registrar alta nos meses de setembro, outubro e novembro.

A volatilidade também foi sentida no Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), contudo, espera-se que, mesmo com o desânimo que atingiu a economia em parte de 2018, a retomada de confiança faça o indicador crescer ainda neste ano. Para o mês de dezembro, estima-se um ICEC com um patamar de aproximadamente 108,5 pontos, considerando-se as condições socioeconômicas presentes neste momento. Assim, o índice deve fechar 2018 em torno de 5% acima do verificado em 2017, em média, e impulsionar bons resultados no início de 2019.

Estoques e expansão
O Índice de Estoques (IE) da FecomercioSP obteve um desempenho médio no ano em comparação a 2017. Em dezembro, o indicador deve crescer, contabilizando-se a projeção de mais de 5% em relação ao ano passado. No entanto, esse desempenho é baseado, em grande medida, nos resultados do fim do ano.

Como a Entidade alertou ao longo dos últimos meses, dificilmente investidores e consumidores assumiriam posturas ousadas diante de muitas dúvidas e incertezas que se colocavam sobre o destino do País. A FecomercioSP entende que o ambiente de negócios está se pacificando e provavelmente pode melhorar. Justamente em razão da proximidade do Natal, a mais importante data para o varejo, é possível que o indicador volte a dar novos sinais de melhoria. Com isso, o IE deve fechar o ano em 109,6 pontos.

Já o Índice de Expansão do Comércio (IEC) é o mais indicado para avaliar as intenções dos empresários quanto às duas variáveis mais relevantes para o crescimento: propensões a empregar e a investir. Empresas não empregam ou investem diante de perspectivas negativas. Ao longo de 2018, os resultados foram se arrefecendo em relação a 2017, diante do fraco desempenho da economia. Contudo, houve recuperação no fim de 2018 e os efeitos desse momento de otimismo no varejo serão verificados por meio das contratações temporárias de Natal e do desempenho do faturamento em relação ao ano passado. A tendência é que, no mês de dezembro, o IEC alcance 109 pontos, fechando o ano com uma média de 99 pontos, alta de 9% em relação ao ano passado.

Endividamento e inadimplência
Em 2018, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) mostrou que, no primeiro trimestre, houve um aumento deste índice. No primeiro caso, passou de 53,3% em janeiro para 54,6% em março o número de famílias com algum tipo de dívida. No segundo, passou de 17,8% para 19,3% o porcentual de famílias que não conseguiram quitar a dívida na data do vencimento.

No entanto, a partir do segundo trimestre, a taxa de endividados caiu para 49,4% em junho, e o porcentual de inadimplentes se manteve praticamente estável (19,2%). Contudo, com a permanência das instabilidades políticas e econômicas, não dando condições para a geração de empregos, no segundo semestre as taxas voltaram a subir. A de inadimplentes, por exemplo, chegou a bater, em setembro, o maior valor desde maio de 2012 (20,6%).

Em novembro, houve uma queda de ambas as variáveis. Segundo a projeção, em dezembro, devem chegar a 51% e 19% para endividamento e inadimplência, respectivamente. É um resultado positivo, mas ainda não suficiente para trazer ganhos à economia por causa do alto nível de desempregados.

A Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento (PRIE) mostrou um consumidor conservador durante a crise entre 2014 e 2016, que arriscou um pouco após a mudança de rumos na economia, mas voltou a se retrair em razão do desempenho econômico insatisfatório entre o fim de 2017 e este ano. A intenção de financiamento tem correlação direta com a expectativa profissional, e essa variável tende a melhorar com o novo governo, assim que se coloque de forma clara propostas para o ambiente econômico. Para a FecomercioSP, o desempenho positivo do novembro deve alavancar as vendas do Natal. A Federação projeta crescimento de 5% em dezembro, passando de 46,8 pontos em novembro para 49,1 pontos em dezembro.

Inflação
No primeiro semestre de 2018, os preços apurados pelo indicador de Custo de Vida por Classe Social (CVCS) apontaram alta média de 0,27%, um pouco acima do 0,15% observado no mesmo período de 2017. Nos meses subsequentes, a média elevou-se para 0,45%, também superando a média de 2017, 0,41%.

Em 2018, o custo de vida sinalizou elevação de 3,51%, e nos dez meses do ano, a alta atingiu 4,79%. Neste mesmo período, as classes de renda que menos sentiram os aumentos no custo de vida foram as E e D, que acumularam altas de 5,17% e 5,69%, respectivamente. Por outro lado, as classes A e B encerraram o período com variações acumuladas de 4,39% e 4,32%, respectivamente.

Na primeira metade de 2018, os preços dos produtos no varejo acusaram alta média de 0,36%, acima do recuo de 0,06% do mesmo período de 2017. Entre janeiro e outubro de 2018, notou-se um acréscimo de 3,51%, e nos últimos 12 meses disponíveis (até outubro), os preços do varejo apontaram variação positiva de 4,62%. O segmento de transportes apontou preços acima da média da inflação, acumulando nos dez meses do ano oscilação positiva de 6,16%, a maior entre todos os demais grupos integrantes do indicador. A segunda maior contribuição para a alta no Índice de Preços do Varejo (IPV) foi a do grupo de produtos alimentícios e bebidas, com variação positiva de 6,06% no período de janeiro a outubro.

Em paralelo, o Índice de Preços de Serviços (IPS) apontou uma alta média mensal de 0,18%, inferior à oscilação observada no mesmo período de 2017 (0,37%). Já nos outros meses de 2018 (até outubro), os preços dos serviços aceleraram, elevando-se a uma média de 0,59%. No mesmo período de 2017, a alta média era de 0,51%. Pelo quarto ano consecutivo, o segmento de Habitação exerceu a principal contribuição de alta no IPS, assinalando em 2018, até outubro de 2018, elevação de 5,65%, e de 7,39% em 12 meses.
A segunda maior pressão de alta em 2018 ficou por conta do grupo Saúde e cuidados pessoais, altas de 7,37% no acumulado de 2018 até outubro e de 9,19% nos últimos 12 meses. Os planos de saúde foram os protagonistas desse resultado, visto que estão aproximadamente 11,83% mais caros do que há um ano.

Consumo
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) obteve três altas consecutivas entre janeiro e março, sendo as mais elevadas concentradas nos meses de janeiro e fevereiro – 5% e 5,5%, respectivamente –, o que já acontece ao longo da série em decorrência do período de liquidações. Contudo, o indicador sofreu um processo de queda com a greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio. As maiores variações negativas foram vistas em junho e julho, de 2,3% e 3,9%, respectivamente. Assim, o ICF atingiu o menor patamar no ano, em julho, com 86,2 pontos. Passado esse evento e a situação voltando à sua normalidade, principalmente na questão dos preços de alimentos, o ICF voltou a registrar crescimento em agosto de 0,3% e seguiu na trajetória positiva até novembro. Segundo projeção da FecomercioSP, deve terminar o ano nos 90 pontos, 5,8% acima do registrado no ano passado.

De acordo com a a assessoria técnica da Federação, 2018 foi enfrentado com muita dificuldade: crescimento econômico abaixo do esperado, a Reforma Previdenciária não prosperou, greve dos caminhoneiros e incertezas quanto às eleições. Ainda assim, o ICF conseguiu uma média de pontuação, em 2018, 13,6% superior a 2017.

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