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Economia

Classes D e E são as mais impactadas pelo aumento de produtos e serviços

Habitação e transporte, que representam cerca de 38% do total consumido pelas famílias, encarecem custo de vida do paulistano em junho

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Classes D e E são as mais impactadas pelo aumento de produtos e serviços

O Custo de Vida por Classe Social (CVCS) encerrou o primeiro semestre do ano com variação de 6,24%. Apenas em junho, a alta foi de 0,91%, a maior desde março de 2015. No acumulado dos doze meses, o acréscimo foi de 8,94%. Os dados compõem a pesquisa realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
 
Os grupos de habitação e transporte, que, somados, representam pouco mais de 38% do total consumido pelas famílias,  continuam como as principais influências de alta: aumentos de 1,27% e 0,97%, respectivamente. As atividades de despesas pessoais (2,40%) e saúde (0,97%) também contribuem com a aceleração do indicador, além do crescimento em alimentação e bebidas, que encerrou o mês com variação de 0,48%.
 
O CVCS continua a trajetória de altas consideradas intensas e em junho nenhum dos segmentos registrou decréscimo. No primeiro semestre, com exceção de comunicação (-0,98%), os demais apresentaram variações positivas, com três grupos acima da média geral (6,24%): habitação (13,98%), educação (7,92%) e despesas pessoais (7,94%).
 
A avaliação por faixas de renda demonstra que as classes D e E foram as mais afetadas em junho, com elevação do custo de vida de 1,33% e 1,32%, respectivamente. O dobro dos 0,68% registrados na classe B, a menos prejudicada no mês.
 
Ao contrário do registrado em maio, em junho, a alta de 1,39% dos preços de serviços foi a principal responsável pela inflação do CVCS, respondendo por 74% do aumento do custo de vida. Os 0,46% de acréscimo dos preços de produtos complementam em 26% a elevação do indicador.
 
IPV
O Índice de Preços do Varejo (IPV), um dos indicadores que compõem o CVCS, registrou alta de 0,46% em junho. Os grupos que mais contribuíram com o avanço foram saúde e cuidados pessoais e artigos de residência, que, juntos, responderam por 65% do resultado no mês. 
 
A atividade saúde e cuidados pessoais registrou alta de 1,09%. O grupo de artigos de residência cresceu 1,48% e ganhou evidência por ter registrado elevação em praticamente todos os seus subitens, como móveis, utensílios e eletroeletrônicos. O destaque, no entanto, fica para o acréscimo de 2,5% notado nos preços dos televisores, pois este produto apresentou a segunda maior participação no resultado geral e ficou atrás apenas do gás veicular (3,2%). 
 
O grupo de alimentação e bebidas exerceu a terceira maior contribuição e registrou acréscimo de 0,36% no mês. A classe E foi a mais prejudicada pelo aumento nos preços de produtos - com 0,55% em junho, acumulando 5,06% no ano e 6,71% em doze meses.
 
IPS
O Índice de Preços de Serviços (IPS) assinalou em junho alta de 1,39% com relação a maio, a terceira maior elevação mensal em 2015. No acumulado do ano a variação é de 7,72%, e de 11,76% em doze meses, os maiores valores já vistos na série histórica, iniciada em dezembro de 2010. No ano anterior, o acumulado foi de 6,86%, ou seja, os preços de serviços já cresceram neste semestre quase 1 ponto porcentual a mais do que no mesmo período de 2014.
 
Ao contrário do ocorrido em maio, quando o grupo transportes obteve queda de 3,54%, em junho, este exerceu a principal pressão altista (3,38%) e foi responsável por cerca de 40% do resultado geral. 
 
Em relação aos preços das passagens aéreas, a queda de 26,41% no mês passado foi substituída este mês por um aumento de 36,08%, o que alavancou o indicador e foi a maior influência no resultado. Por outro lado, após um ano da Copa do Mundo, os preços das passagens aéreas, de hotel e de excursão, se comparados com junho de 2014, apresentaram queda de 5,89%, 12,71%, e 2,14%, respectivamente. 
 
A segunda maior ajuda no desempenho foi do item Habitação, que subiu 1,40%. O grupo artigos de residência registrou ínfima queda de 0,01%, enquanto educação não teve alteração de preços.
 
Para a FecomercioSP, os preços no primeiro semestre do ano reforçam o cenário de inflação alta, uma vez que o CVCS acusou variação média mensal de 1,01% no semestre, o dobro do observado na primeira metade do ano passado - a média das variações na primeira metade de 2014 era 0,55%. A Entidade destaca que as classes mais baixas têm sido as mais impactadas pela escalada dos preços que as demais, isso porque as altas concentram-se em bens essenciais de maior relevância em seus orçamentos, encurtando, cada vez mais, o poder de compra das famílias e contribuindo para o comprometimento da atividade econômica.
 
Consertos
O aumento no custo de consertos de automóveis chamou a atenção em junho, pois cresceu bem mais do que a inflação (2,05% no mês e 16,57% no acumulado de 12 meses). Os dados vão ao encontro do estudo recentemente divulgado pela FecomercioSP, o qual mostra que, enquanto as vendas de carros no estado de São Paulo caíram 16,2% em abril de 2015 na comparação com o mesmo mês do ano passado, as lojas de autopeças faturaram 2,5% a mais no mesmo período. Na capital, o principal mercado consumidor do estado, as vendas de autopeças subiram quase 25% em abril, ante uma queda de 5% das vendas de veículos.
 
Em relação a consertos de outros itens (que movimentam gastos anuais de R$ 6,5 bilhões, segundo outro levantamento da FecomercioSP), os destaques do IPS no acumulado do ano são: máquina de lavar roupas (8,68%), refrigerador (4,25%), reforma de estofados (3,57%) e televisor (2,23%). Os gastos com consertos, que já são elevados no Brasil, conforme apontado pela Federação, têm aumentado nos últimos meses. Isso é sinal de que a crise econômica torna o consumidor cauteloso e, consequentemente, mais afeito à manutenção de aparelhos eletrônicos, automóveis e itens para casa e a tendência é que esse comportamento deve se acentuar nos próximos meses.

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