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Negócios

Crise gera prejuízo e oportunidades para segmento de viagens rodoviárias

Transporte fretado sofre porque depende da demanda empresarial; já quem vende passagens via internet ganha com a facilidade de acesso e os preços mais atrativos

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Crise gera prejuízo e oportunidades para segmento de viagens rodoviárias

Queda da atividade empresarial em função da crise, que reduziu turnos e cortou funcionários, impactou na demanda das empresas de transporte fretado 
(Arte/TUTU)

Por Jamille Niero 

A crise tem impactado de maneiras distintas o segmento de viagens rodoviárias. As empresas que dependem mais diretamente do movimento corporativo tiveram queda na receita. As oportunidades do setor têm vindo das atividades ligadas ao turismo. 

Segundo o estudo Sondagem do Consumidor – Intenção de Viagem, do Ministério do Turismo, divulgado em maio, cresceu o interesse dos brasileiros em viajar de ônibus. A preferência por esse meio de transporte mais que dobrou na comparação entre abril de 2016 e o mesmo período de 2015: 15,9% dos brasileiros que pretendem viajar nos próximos seis meses o farão de ônibus, contra um índice de 7,2% registrado em 2015. 

“O momento econômico que o nosso País está atravessando faz as pessoas considerarem o transporte rodoviário quando planejam sua viagem. Com a crise, o turista tem que ajustar o orçamento e buscar alternativas mais econômicas. E o ônibus é a opção mais em conta, pois o preço é regulamentado e não sofre alteração com a demanda ou outros fatores macroeconômicos, como por exemplo a alta do dólar ou o preço dos combustíveis”, aponta Cesário Martins, CEO e cofundador da ClickBus, especializada em venda de passagens rodoviárias pela internet.   

Segundo ele, viajar em um final de semana de junho de São Paulo para o Rio de Janeiro, de avião (ida e volta), custa R$ 450, enquanto as passagens de ônibus saem por R$ 195. “É uma economia de mais de 50%”. 

Oportunidade
Para a empresa, as dificuldades da economia nacional trouxeram oportunidades. Apesar de não divulgar o faturamento ou o número de vendas, Martins conta que nos cinco primeiros meses de 2016, as vendas da ClickBus cresceram 150% na comparação com igual período de 2015. No ano passado, o tíquete médio girou em torno de R$ 155,00 e os destinos mais procurados foram Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG) e Campinas (SP). 

Para o restante do ano,a perspectiva é positiva. A companhia aposta na facilidade das vendas de passagens pela internet, algo pouco explorado pelo setor. “Apesar de movimentar mais de 120 milhões de passageiros anualmente, o setor não acompanhou a rápida evolução da internet, como foi o caso do aéreo e o de reservas de hotéis e carros. Quando lançamos a ClickBus, em 2013, as vendas online de passagens de ônibus representavam apenas 1%. Hoje chegam a 3% e até o fim deste ano, nossa estimativa é de que este índice fique próximo de 5%. Em comparação, as vendas online no setor aéreo passam de 70%”.    

Pé no freio
Por enquanto, não há nada de positivo no horizonte das empresas de transporte de passageiros por fretamento, que sentiram a queda na atividade econômica. De acordo com Regina Rocha, diretora executiva da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo (Fresp) as corporações associadas - cerca de 320 - tiveram redução da demanda, uma vez que os principais contratantes dos serviços no Estado são as indústrias e empresas de call center

Essas companhias, em função da crise, reduziram turnos e número de funcionários, impactando na demanda das fretistas. “Em média, 80% da dedicação e faturamento das nossas empresas são para o transporte de trabalhadores. São empresas com número expressivo de funcionários e que oferecem esse serviço. Não perdemos clientes, mas a demanda deles reduziu”, informa Regina. Segundo ela, a Fresp não apurou em números o quanto caiu a demanda, mas é consenso entre as empresas do setor que de fato houve recuo. 

No Estado de São Paulo, o setor de serviços mais demitiu do que contratou, segundo os dados mais recentes da Pesquisa de Emprego no Setor de Serviços do Estado de São Paulo (PESP Serviços), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com base nos dados do Ministério do Trabalho. 

Entre março de 2015 e março de 2016, foram eliminados 167.320 postos de trabalho. Das doze atividades pesquisadas, os destaques negativos foram as de informação e comunicação (queda de 4,8% do número de vagas formais em 12 meses), administrativas e serviços complementares (-4,5%) e de transporte e armazenagem (-4,3%).  Este último, que empregava 776.856 trabalhadores formais em março de 2016, eliminou 35.208 postos de trabalho em um ano, em claro efeito da crise sobre o segmento.   

Para contornar a crise, o segmento adotou algumas estratégias. Entre elas, postergar a renovação da frota – processo caro e que requer financiamento – e analisar mais de perto a gestão do negócio. “Os custos e investimentos foram reavaliados como primeiro passo. Também tivemos demissões. Vínhamos de um movimento de falta de mão de obra e hoje há motoristas especializados sobrando no mercado. Em menos de um ano o cenário virou”, relata Regina. Outra medida foi otimizar a logística, diminuindo o número de viagens e aproveitando melhor os veículos em circulação, relocando clientes em ônibus mais vazios.

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