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Economia

Endividamento das famílias é estável, mas risco de inadimplência cresce

Proporção de endividamento familiar cai 0,1 ponto percentual em setembro, mas dificuldade para pagar contas aumenta

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Endividamento das famílias é estável, mas risco de inadimplência cresce

As famílias paulistanas mostram que têm se esforçado para frear o crescimento do endividamento. No entanto, apesar de não contraírem mais dívidas, elas continuam com dificuldade para arcar com as contas já existentes, conforme aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

A variação do nível de endividamento foi quase imperceptível entre os meses de agosto e setembro, ao passar de 54,8% para 54,7%. Em números absolutos, essa redução de 0,1 ponto percentual (p.p.) fez com que o total de famílias endividadas caísse de 1,966 milhão em agosto para 1,961 milhão em setembro.

Entre as famílias com renda inferior a 10 S.M., porém, a proporção de endividados registrou alta de 1,1 p.p. no comparativo mensal, passando de 58,6% em agosto para 59,7% em setembro. No grupo acima de 10 S.M., por sua vez, o índice apresentou queda: saiu de 44,0% em agosto para 40,1% em setembro (-3,9 p.p.).

A relativa estabilidade do endividamento geral, contudo, não significa que as perspectivas estejam melhores para as famílias. De todas as endividadas, 6,9% acreditam que não terão condições de pagar suas contas total ou parcialmente no próximo mês, alta de 1,1 p.p em relação aos 5,8% registrados em agosto. Com isso, o indicador alcançou o maior valor da série histórica iniciada em janeiro de 2010. Em números absolutos, são 249 mil famílias nessa situação.

O cenário mostra-se especialmente desfavorável para os grupos familiares que ganham menos. Na análise dos grupos com rendimentos até 10 salários mínimos (S.M.), 9,5% dos entrevistados declararam que não terão condições de pagar suas dívidas. É a sexta alta consecutiva e o maior valor da referida série histórica. Já a proporção de famílias com renda superior a 10 S.M. que enfrentarão o mesmo problema é bem menor, 2%, mas ainda assim maior do que a registrada em agosto: 1,0%.

O número de famílias que não terão condições de pagar suas dívidas tem crescido em ritmo acelerado, como mostra a tabela a seguir. Nos comparativos anuais, é possível observar que as variações também atingiram as maiores altas da série histórica: 2,8 p.p. no levantamento geral e 4,4 p.p. nas famílias com renda até 10 SM.

Para a assessoria econômica da FecomercioSP, a rápida deterioração do indicador é um sinal claro de que as famílias continuam caminhando rumo ao aumento da inadimplência. A queda na proporção de endividados observada em junho e julho evidenciava o esforço dos consumidores para contornarem a crise, mas o agravamento do cenário econômico, especialmente por conta do aumento do desemprego, levou a novas altas do índice em agosto e em setembro entre as famílias de menor renda.

O levantamento da Entidade apontou ainda que a parcela de famílias de baixa renda com contas em atraso subiu de 19,2% em agosto para 21,8% em setembro, crescimento de 2,6 p.p. As famílias de alta renda, por outro lado, estão em situação um pouco mais confortável: 5,9% delas tinham contas em atraso em agosto, índice praticamente igual ao registrado em setembro: 5,8%.

Tipos de dívidas

O cartão de crédito continua a liderar a lista de tipos de dívidas: 70,3% das famílias o utilizam. O recorte social aponta que a proporção de famílias com renda até 10 S.M. que estão endividadas com essa modalidade subiu de 72,3% em agosto para 74,3% em setembro.

Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, essa opção vem sendo procurada porque os bancos estão cada vez mais seletivos na concessão de empréstimos. Tal escolha, entretanto, pode ser uma armadilha, visto que sobre o rotativo do cartão de crédito incidem taxas de juros exorbitantes (403,5% ao ano, segundo dados do Banco Central de agosto deste ano), o que aumenta a probabilidade de inadimplência.

Por outro lado, o endividamento no cartão de crédito teve queda pelo segundo mês consecutivo entre as famílias com renda superior a 10 S.M. No último mês de agosto, a proporção daquelas que optaram por essa modalidade foi de 61,6%, enquanto em setembro ficou em 58,7%.

Os outros tipos de dívidas têm representatividade bem menor: financiamento de carro (18,4%), carnês (18,4%), financiamento de casa (12,9%), crédito pessoal (11,0%), cheque especial (7,7%), crédito consignado (3,9%) e cheque pré-datado (2,1%). 

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