Economia
07/08/2020Mesmo que não tenham depósitos, bancos emprestam quando acham que têm bons tomadores
Ao UM BRASIL, o economista André Lara Resende diz que criação de crédito e expectativa de lucro impulsionam os investimentos privados

Reforma Tributária que simplifique o sistema é "imperativa", diz Resende
(Divulgação)
Embora se reivindique que o governo disponibilize mais recursos para facilitar os empréstimos às empresas por meio do sistema financeiro, como na atual crise econômica, os bancos, na verdade, não emprestam com base no que dispõem de depósitos, mas quando acham que têm bons tomadores, aponta o economista André Lara Resende.
Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Resende é categórico ao afirmar que, pelo sistema monetário ser fiduciário – ou seja, a moeda não tem lastro –, “os bancos não precisam de depósito para emprestar”.
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“Bancos emprestam quando acham que têm bons tomadores, mesmo que eles não tenham depósitos. Os bancos contemporâneos vivem sempre tomando dinheiro no [sistema] interbancário. Depois, se eles têm reservas no interbancário, o Banco Central (BC) é obrigado a fornecê-las, se não quiser perder o controle da taxa de juros”, explica o economista.
Conhecido como um dos idealizadores do Plano Real, Resende alega que não só o BC, mas também os bancos comerciais podem emitir moeda, criando poder de compra, ao fornecer crédito. Ele também contesta o conceito de que é obrigatório ter poupança para investir.
“O que faz as pessoas investirem é a perspectiva de lucro. O recurso vem de onde? Nós acabamos de dizer: o sistema financeiro é capaz de dar crédito e poder aquisitivo. Você não precisa de poupança para financiar o investimento, você financia com a criação de crédito, que é exatamente como a emissão monetária”, argumenta.
Reforma Tributária
Para melhorar o ambiente de negócios e o funcionamento do País, Resende considera “imperativa” uma reforma que simplifique o sistema tributário nacional e, se possível, reduza a carga de impostos.
Com sua experiência no governo – foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), diretor do BC e assessor especial da Presidência, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) –, contudo, pondera que não se trata de um projeto de fácil realização.
“Quando você muda tributos, tem sempre ganhadores e perdedores. Por mais que as pessoas digam que estão de acordo, na hora [de aprovar], todos os perdedores são contra. Então, você volta a fazer exceções e ter uma colcha de retalhos”, explica. “Para aprovar uma reforma dessa, você teria que ir reduzindo a resistência dos perdedores e aceitar um déficit [fiscal] transitório. Qual é o melhor momento para fazer isso se não uma recessão como a que estamos hoje?”, sugere Resende.
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