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Economia

Alta dos preços leva endividamento a mais um recorde na capital paulista em outubro

São 2,84 milhões de famílias endividadas, o que representa 71,3% do total dos lares

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Alta dos preços leva endividamento a mais um recorde na capital paulista em outubro

Expectativa é do uso do décimo terceiro salário com combustível, compras, e para o pagamento de contas em atraso
(Arte: TUTU)

Diante da alta dos preços, as famílias estão buscando o crédito como alternativa para complementar a renda. Na capital paulista, o número de endividados bateu novo recorde em outubro: 2,84 milhões, representando 71,3% do total dos lares, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Esta é a 11ª elevação consecutiva. Em novembro de 2020, o porcentual de endividados estava em 56,1%, o que significa, em termos absolutos, um aumento, em quase um ano, de 620 mil famílias com dívidas.

A maior parte delas (82,6%) – nível mais alto da série histórica e que representa aumento de 12 pontos porcentuais (p.p.) em relação a outubro de 2020 – está financiada no cartão de crédito. Os carnês são destaque nas compras parceladas (22%, maior porcentual desde março de 2015). Com o Banco Central (BC) subindo a Selic – hoje, em 6,25% ao ano (a.a.) –, o crédito ficará mais caro, e, a despeito de os 82,6% não representarem atraso no pagamento da fatura, a taxa de juros do rotativo (de 336% a.a.), segundo o BC, é um alto risco para quem se descontrola nos gastos do cartão de crédito.

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A inadimplência, termo que conceitua as dívidas em atraso, por sua vez, passou de 19%, em setembro, para 19,7%, em outubro. Isso significa que 787 mil não pagaram a dívida até a data do vencimento. Há um ano, este número era de 721 mil. Apesar de o porcentual não estar fora dos padrões históricos, ficou acima do visto nos últimos meses, sendo o maior nível desde abril do ano passado (21,6%). Caso siga a tendência ascendente nos próximos meses, ele indicará que parte das famílias já não consegue manter as contas em dia diante da inflação e do desemprego. Até o momento, mesmo com atraso, entretanto, há a intenção da quitação dos compromissos. A porcentagem das pessoas que não conseguirão pagar os compromissos em atraso é de 7,1%, menor patamar desde janeiro de 2018.

O aumento do endividamento pode ser observado em ambos os grupos analisados pela PEIC, mas, entre as famílias que recebem menos de dez salários mínimos, o porcentual de endividados é de 73,9% – contra 63,6% dos que ganham acima desta quantia. Os dois níveis, entretanto, são os maiores já vistos na série histórica da pesquisa. No caso da inadimplência, nos lares com menores salários, o porcentual dos que têm o pagamento da dívida atrasado saiu de 22,9%, em setembro, para 23,9%, em outubro. Para o segundo grupo, a inadimplência permaneceu estável (8,9%).

Confiança em queda

A inflação elevada e persistente, com a economia crescendo pouco e as oportunidades de trabalho e melhora profissional diminuindo, além da renda não acompanhar os preços, houve um impacto negativo na confiança dos consumidores, em outubro. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) retraiu 4,6%, voltando para os 109,4 pontos. Na comparação com o mesmo período de 2020, houve avanço de 1,6%. O Índice de Condições Econômicas Atuais (ICEA) caiu 8,1%, e o Índice de Expectativa do Consumidor, 3,6%. O primeiro atingiu 59,1 pontos, que representa alto grau de pessimismo, enquanto o segundo registrou 142,9 pontos.

O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) obteve variação positiva, porém, tímida, de 0,4%, ao passar de 71,4 pontos, em setembro, para os atuais 71,7. Na comparação anual, o avanço foi de 9,5%. Mesmo com as melhoras mensal e anual, o ICF apresenta insatisfação por 19 meses e, desde o início do ano, não sai dos 70 pontos. Os sete itens que compõem o indicador ficaram abaixo dos 100 pontos, em outubro. A melhora mensal foi puxada pelo Emprego Atual e pela Perspectiva Profissional. O primeiro subiu 3,5%, alcançando a pontuação de 83,9, ao passo que o segundo cresceu 2%, atingindo 88 pontos.

Desfavorável para o consumo 

Quando se analisam os indicadores, fica claro o impacto do cenário econômico no humor financeiro das famílias. Na avaliação da Federação, a expectativa, no entanto, é para o último bimestre, com a chegada do décimo terceiro salário tanto como combustível para as compras, como também para o pagamento de contas em atraso. É necessário, considerar, entretanto, que a inflação não é conjuntural, mas estrutural. Desta forma, ela deve continuar ao longo de 2022.

 
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