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Economia

“Brasil precisa institucionalizar suas conquistas”, diz Marina Silva

Ex-ministra do Meio Ambiente e fundadora da Rede Sustentabilidade critica políticos que atribuem a si mesmos as conquistas da sociedade

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“Brasil precisa institucionalizar suas conquistas”, diz Marina Silva

Marina Silva diz que cultura de "fulanizar" conquistas faz com que políticas públicas não tenham continuidade
(Tutu) 

Quando uma política pública é reconhecida como pertencente a um partido ou atribuída a um político tende a não ter continuidade e fragiliza o sistema democrático, no sentido de que o País só pode funcionar se determinado político estiver no poder. É o que pensa a porta-voz e fundadora da Rede Sustentabilidade, Marina Silva.

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Em entrevista ao UM BRASIL, a ex-ministra do Meio Ambiente diz que, no Brasil, em vez de as conquistas serem tratadas como direitos da nação, são “fulanizadas”, de modo que avanços sociais são atribuídos à figura de um político insubstituível.

“Quando elas [essas conquistas] são constituídas como direitos, podem até mudar os governos e os partidos, mas terão continuidade. Eu não posso ter um projeto de País que é bom para a saúde, educação, pessoas que vivem em situação de fragilidade social que só funcione comigo, porque assim crio um problema. Eu acabo, em nome de permanecer no poder, inviabilizando a alternância de poder. E na democracia temos que trabalhar com a ideia de que a alternância de poder é boa”, afirma Marina.

De acordo com ela, ainda é comum políticos atribuírem a si mesmos a implementação de políticas que proporcionaram o desenvolvimento do País. Citando a redemocratização, a estabilização econômica e os direitos sociais, Marina diz que essas conquistas foram realizadas para se prolongar, e não para serem despachadas com trocas de governo.

“A institucionalização das conquistas tem um papel pedagógico muito forte. Essa cultura de ‘fulanizar’ ou partidarizar as conquistas faz com que aquele período caia no esquecimento ou não tenha continuidade na próxima gestão. E as democracias que avançaram são exatamente aquelas que foram capazes de institucionalizar as conquistas da sociedade”, ressalta a ex-ministra.

“Toda vez que um governante assume a função pública - e resolve cuidar do seu próprio benefício em vez do benefício da coletividade - reforça essa ideia de que nós não temos um espírito de tanta cooperação”, completa Marina.

Candidata à Presidência da República na eleição de 2014, Marina diz que o pleito foi desonesto, em função da utilização da máquina pública pela candidata Dilma Rousseff e pelas revelações de esquemas de corrupção trazidos à tona pela Operação Lava Jato.

“A Lava Jato está fazendo uma reforma política na prática. Se institucionalizarmos as conquistas que ela está trazendo, a política vai ficar desinteressante para os que querem usá-la de forma espúria, e vão ficar aquelas que querem prestar um serviço à sociedade”, diz.

Classificando os governos Dilma e Temer de retrocesso, Marina afirma que, atualmente, a sociedade brasileira não encontra soluções na política tradicional e acaba sendo penalizado por ela.

“Hoje, a maior parte dos problemas estão sendo criados pela política. A política deixou de resolver problemas e passou a criá-los. Isso, para mim, é uma grande decepção, porque fico imaginando, se tivéssemos uma ideia de projeto de País, e não apenas projeto de poder, não ficaríamos presos apenas às eleições – que são importantes, mas passageiras. O que é mais significativo e relevante é ter políticas públicas que possam ser institucionalizadas, ter os investimentos que tenham continuidade e ter uma agenda que coloque o Brasil no século 21, e não andando para trás”, diz Marina.

A entrevista faz parte da série “Diálogos que Conectam”, realizada pelo UM BRASIL em parceria com a Brazil Conference – evento realizado anualmente por alunos brasileiros da Harvard University e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos.

Confira na íntegra abaixo:

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